A influenciadora mineira Marcela Carvalho, de 25 anos, divulgou vídeos pelas redes sociais, na tarde dessa terça-feira (3), relatando os momentos de ‘terror’ vivenciados durante uma viagem em Paris, na França, durante o mês de novembro. Na publicação, a jovem, que também conversou com o BHAZ, conta que o apartamento, alugado pela plataforma Airbnb, onde estava ela e outras três amigas foi invadido por uma quadrilha. Os criminosos estavam armados e, além de roubar itens de valor, agrediram as vítimas e as fizeram reféns.
Marcela explicou que a viagem dos sonhos se tornou um pesadelo. A jovem, que é maquiadora em Contagem, na Região Metropolitana de BH, foi fazer um tour pela Europa e, por isso, passou alguns dias em Paris, no início de novembro, e ficou hospedada em um hotel.
Em seguida, ela fez uma passagem por Amsterdã, na Holanda, e o intuito era continuar a viagem em outros países, como Itália e Espanha. Entretanto, devido a um mal-estar, a influenciadora resolveu retornar à capital francesa, já que algumas amigas estavam na cidade.
Para aproveitar a viagem juntas, a influenciadora digital contou que elas resolveram alugar um apartamento por meio da plataforma Airbnb. “O prédio era familiar e estávamos no 5º andar. Para entrar na edificação era necessário passar por duas portas, sendo que ambas tinham senhas diferentes e, uma delas, era necessário usar uma tag. Tirando isso, a entrada só era viabilizada pelo interfone”, contou ao BHAZ.
‘Minutos desesperadores’
No último dia de viagem, em 16 de novembro, Marcela e as amigas foram surpreendidas quando sete homens armados invadiram o apartamento. Eles bateram na porta e uma das turistas abriu porque estava aguardando outra amiga, que comunicou que “estava chegando”. “Ela foi recebida com socos. Eles entraram e começaram a gritar em francês. Não entendiamos nada do que estavam falando. Estava somente eu e duas amigas lá”, disse.
Marcela ainda relata que foi levada com outra amiga para um dos quartos. “Quase perdi minha vida. Eles bateram muito em nós duas, puxaram nosso cabelo e deram coronhadas com as armas nas nossas cabeças. Também rasgaram nossas roupas e gritaram muito com a gente. Foram minutos desesperadores”, relembra. Em um dos momentos, quando um dos criminosos foi colocar uma bala na arma para ameaçar as vítimas, ela caiu no chão. “Entrei em pânico, porque vi que não era de brinquedo”, completa.
Além das agressões, a influenciadora e as colegas de apartamento tiveram prejuízos financeiros, já que a quadrilha roubou os celulares, roupas, maquiagens, bolsas de grife, itens pessoais e, até mesmo, as sacolas de compras efetuadas durante a viagem. Os criminosos só deixaram o apartamento quando a outra amiga chegou no prédio e começou a tocar o interfone.
Veja fotos de como o apartamento ficou:
Falta de apoio
A mineira chegou em Minas Gerais no último domingo (1º), e já recebe o apoio do marido, da família e de amigos. Entretanto, durante os dias que passou na França, após o crime, enfrentou situações difíceis, já que estava sem dinheiro e precisou lidar com a burocracia das leis do país europeu.
Ao BHAZ, a influenciadora disse que procurou a polícia francesa, onde foi feito o boletim de ocorrência, o corpo de delito e o depoimento. “Apesar disso, eles não fizeram nada. Nós conseguimos rastrear os celulares e localizar o endereço de onde estavam os criminosos. Eles puxaram a ficha criminal de alguns suspeitos da região, e conseguimos identificar três deles. Mas, de toda forma, a polícia não quis ir até lá e informou que, se quiséssemos ir, teríamos que ir sozinhas”, explicou.
Marcela também contou que não conseguiu ser acolhida pelo Consulado Brasileiro na França, já que um dos seguranças foi grosseiro e ameaçou chamar a polícia, caso ela não saísse de lá. “O recepcionista falou que isso não poderia acontecer, e uma das moças que estava lá pediu para eu mandar um e-mail. Como não conseguiria acessar, resolvi escrever uma carta a punho. Após chorar muito e, até, ajoelhar no chão, falaram que poderiam me emprestar o telefone para que eu pudesse ligar para minha família. Me disseram também que não tinha verba para o meu caso e que, por meio da carta, iria me retornar”, o retorno, segundo influenciadora, não chegou até hoje.
A jovem ainda precisou enfrentar problemas com as passagens aéreas, pois, sem o celular, ela não conseguia consultar os horários do voos e demais problemas envolvendo os trâmites do retorno. “Sem dinheiro, precisei dormir alguns dias no aeroporto. Minha avó chegou a comprar uma passagem para mim no cartão dela, mas foi derrubada. Só consegui saber disso, porque uma brasileira, muito querida, se sensibilizou com meu caso. Assim, tive que comprar outra via Pix e ela me hospedou por uns dias”, disse ao BHAZ.
Ela também alega que não recebeu nenhum retorno do seguro de viagem, e não houve suporte do Airbnb. “A plataforma até me ofereceu três dias pagos em um hotel, mas só isso. Nem quiseram saber como eu estava. Também fizeram o reembolso do valor do apartamento, mas o cartão que fizemos a compra era de outra pessoa. Não verificaram o nome”, conta.
‘Não estava me sentindo ameaçada’
Na publicação, Marcela busca atentar mulheres que viajam sozinhas e se hospedam em locais por meio de plataformas. “Agradeço muito a Deus e a minha espiritualidade que não me deixaram desamparada e me fizeram sobreviver. Sou grata pelos meus amigos também por todo apoio. Mas, deixo o aviso para as meninas que forem viajar sozinha: evitem Airbnb e fiquem atentas. Às vezes, é melhor ficar em um hotel. Bens materiais a gente recupera e o importante é que estou viva e bem fisicamente. Precisarei passar por acompanhamento psicológico, mas está tudo bem”, finaliza.
Segundo a maquiadora, até o momento, ela não compreende como os homens conseguiram entrar no prédio, tendo em vista que era ‘seguro’. “Eu não me sentia ameaçada lá, estava me sentido alegre e nunca imaginava que passaria por uma situação de perigo. Tenho para mim que ou eles já estavam dentro do prédio, porque tocaram a companhia do apartamento, ou tinham acesso às senhas da entrada”, explica.
Em nota ao BHAZ, Itamaraty informou que o “Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Paris, acompanhou o caso e prestou assistência consular à nacional brasileira”, disse.
Além disso, explicou que, devido ao direito de privacidade, a pasta “não fornece informações detalhadas sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”.
Já o Airbnb afirmou que “leva casos como este muito a sério, reembolsou integralmente a reserva e continua a oferecer suporte à hóspede”. E ainda destacou que a ‘central de ajuda está disponível 24 horas, 7 dias por semana, para ajudar hóspedes e anfitriões’.
O BHAZ também entrou em contato com a polícia francesa, e aguarda retorno.
