Estudo identifica qual o período da vida em que atingimos o ápice da felicidade

idosa e adulta
O estudo analisa a percepção das próprias pessoas sobre o período mais feliz da vida (Envato)

Um artigo publicado no repositório científico Springer Social Indicators Research examina a percepção de bem-estar de indivíduos mais velhos quando avaliam as suas vidas retrospectivamente. O estudo utilizou dados do SHARELIFE 2008/09 – que realizou uma entrevista com 17 mil participantes com 50 anos ou mais de 13 países europeus. Os resultados mostram que a probabilidade de viver o período mais feliz da vida está entre cerca de 30 e 34 anos de idade.

A autora do estudo, Begoña Álvarez, do departamento de economia aplicada da Universidade de Vigo, na Espanha, explica no artigo que os entrevistados são solicitados a relatar o ano inicial e final de seu período mais feliz na vida, caso houver, bem como as datas em que os eventos pessoais e familiares mais marcantes e as mudanças ocorreram em suas vidas.

“Eu exploro informações sobre o intervalo de idade em que os indivíduos se lembram de ter vivido o período mais feliz da vida”, começa a pesquisadora. “Usando este painel longitudinal reconstruído da vida, eu estimo como a probabilidade de alcançar o ápice da felicidade na vida (conforme relembrado pelos entrevistados) evolui com a idade, enquanto levo em consideração as mudanças nas características e circunstâncias da vida e nos efeitos fixos individuais”, complementa.

Os dados utilizados foram coletados em 2008 e 2009 e analisam as respostas de um número representativo de cidadãos de 13 países europeus que nasceram na primeira metade do século 20 e tinham 50 anos ou mais no momento da entrevista.

Felicidade decrescente

A pesquisa também demonstra que o período mais feliz da vida apresenta uma relação côncava com a idade, com um ponto de inflexão por volta dos 30-34 anos e uma tendência decrescente a partir desse ponto. A meia-idade, porém, não é considerada o período menos provável nem o mais feliz da vida.

“Depois de remodelar os dados em um painel de vida que abrange desde a infância dos entrevistados até o momento da entrevista, descobri que a probabilidade de alcançar o período mais feliz da vida evolui sistematicamente com a idade. A probabilidade aumenta drasticamente desde a infância até as idades de 30-34, quando atinge o máximo”, pontua Álvarez.

“Neste ponto, é importante observar que os períodos mais felizes dos indivíduos são longos, em média: para metade dos entrevistados, esse período dura duas décadas ou mais. Portanto, uma leitura mais precisa da descoberta anterior é que o início dos 30 anos é o estágio da vida com as maiores chances de pertencer ao período mais feliz da vida, embora a probabilidade também permaneça relativamente alta nas idades adjacentes e diminua à medida que os indivíduos envelhecem”, explica a pesquisadora.

Álvarez esclarece que os melhores anos de vida são fortemente explicados, em média, pela mudança das circunstâncias pessoais e familiares que são definidas ao longo da idade adulta jovem.

Políticas públicas para idosos

O estudo utiliza uma metodologia diferente de outras pesquisas sobre felicidade. A pesquisadora aponta que há limitações no estudo devido à habilidade dos participantes de se lembrarem corretamente do passado. No entanto, a forma como os indivíduos revisitam e avaliam suas vidas em termos de felicidade também pode identificar o que constrói suas preferências e, portanto, o que impulsiona as decisões.

A pesquisadora acredita que os os resultados empíricos com base em medidas retrospectivas devem ser tomados como complementares às outras formas de análise – e não como substitutos de descobertas anteriores com base nas avaliações individuais do bem-estar subjetivo atual. Os resultados do estudo podem auxiliar em políticas públicas para idosos – segmento da população cada vez mais abundante na Europa e no mundo.

Edição: Vitor Fernandes

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