Festival com cachorros cozidos vivos começa na China, com protestos

Festival de Yulin festival da carne de cachorro China
Traficantes de animais são acusados não só de pegar cães abandonados, mas também de roubar os de estimação (Reprodução/hsiglobal/Instagram)

O Festival de Yulin, conhecido como “festival da carne de cachorro”, começou ontem (21), na China, com o solstício de verão no Hemisfério Norte. A celebração anual acontece em Yulin, na região autônoma de Guangxi, no Sul do país, e frequentadores comem carne de cachorro e lichia. Durante 10 dias, tempo de duração do festival, milhares de cachorros são torturados e abatidos para servir de comida para as pessoas.

Mesmo com a aprovação de uma lei, no ano passado, pelo governo chinês, que proíbe o comércio e consumo de animais selvagens, e a reclassificação dos cachorros como mascotes, retirando-os, assim, da lista de animais que podem ser comidos, além dos protestos dos ativistas, o festival não conseguiu ser impedido e já está acontecendo no país.

De acordo com o tablóide britânico The Daily Mirror, cerca de 5 mil animais serão abatidos durante a celebração. Ativistas dos direitos dos animais que consideram o evento um “risco para a saúde pública” esperavam que um apelo ao governo do país garantisse um adiamento de última hora, mas os vendedores já foram fotografados vendendo filhotes abatidos em Yulin.

Oito barracas foram encontradas por ativistas no mercado de Dongkou e mais 18 no mercado de Nanqiao, segundo informações da Humane Society International (HSI), a divisão internacional da The Humane Society, dos Estados Unidos, que trabalha pela proteção animal.

Esforços dos ativistas

No início desta semana, ativistas pela causa conseguiram pegar um caminhão que se dirigia para Yulin e resgatar os vira-latas aterrorizados que estavam lá dentro. Mas outro caminhão, também seguido pelo grupo, escapou. O ativista chinês pelos direitos dos animais, Zhao, que dirige a instituição de caridade NoToDogMeat (Não à carne de cachorro, em português), em Hebei, província chinesa, está coordenando os esforços de resgate.

As intervenções funcionam através de uma brecha legal em que motoristas de caminhão, que normalmente não possuem os certificados relevantes para o transporte de animais na China, entregam os filhotes para evitar processos judiciais. “Até agora os caminhões eram pequenos, o que nos diz que eles estão tentando esconder o fato de que cães estão sendo transportados”, disse Julia de Cadenet, CEO e fundadora da NoToDogMeat.

“As autoridades de Yulin deixaram claro que o abate de animais vivos agora é ilegal e as pessoas enfrentarão multas pesadas. Estamos pedindo a eles que façam cumprir esta nova lei com urgência”, explicou. “Todos os nossos relatórios irão para o Ministério da Agricultura da China, que declarou que os cães são amigos, não comida.”

Negligência

As autoridades afirmam que há postos de controle nas rodovias para impedir a entrada de caminhões de cães, mas ativistas locais insistem que os veículos ainda estão passando, de acordo com a HSI. “Parar a chegada de caminhões com cães deveria ser uma prioridade para as autoridades de Guangxi devido aos riscos de doenças e crueldade contra os animais”, disse o ativista local Xiong Hu.

“Caminhões e mais caminhões de cães doentes e moribundos têm vindo a Yulin nas últimas semanas, e as autoridades locais simplesmente não fazem nada para impedi-los”, denuncia. “Depois de tudo o que a China passou com a Covid-19, você pensaria que os governos nacionais e regionais reprimiriam duramente o comércio imundo e ilegal de carne de cachorro para impedir os riscos à saúde pública decorrentes desse comércio desnecessário”, lamentou Hu.

Edição: Vitor Fernandes

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