Mãe de crianças com autismo desabafa em relato emocionante: ‘Odeio o que isso tira dos meus filhos’

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Sarah Mills, de 33 anos, que tem três filhos, sendo dois com autismo, mostrou sua difícil realidade (Facebook/Reprodução)

Uma mãe foi amplamente criticada após escrever um post polêmico, no qual ela afirma que “odeia o autismo”, e diz que o transtorno “não deve ser celebrado”. Sarah Mills, de 33 anos, que tem três filhos, sendo dois com TEA (Transtorno do Espectro Autista), mostrou a difícil realidade de ser uma mãe com filhos com necessidades especiais. O caso ocorreu na Austrália, como informa o jornal The Sun.

Em publicação nas redes sociais, a blogueira disse que dois de seus três filhos – Hendrix, de 10 anos, e Monroe, de 7 – foram diagnosticados com autismo, enquanto Morrison, de 3, está ainda em diagnóstico.

Após o texto ser publicado na página Amongst The Stars, no Facebook, ela se deparou com apoio e críticas pesadas de seus seguidores. Na postagem, Sarah escreveu: “Eu amo meus filhos mais do que qualquer coisa neste mundo. Mas eu odeio autismo com cada centímetro do meu ser”.

“Eu sei que como pais de meninos com TEA devemos amá-los, abraçá-los e celebrá-los. Mas hoje estou maltratada. Estou machucada. Estou traumatizada. Eu nunca desejaria essa jornada a ninguém. Estou tão brava com esse rótulo. Essa palavra simples que, para quem está de fora, instantaneamente significa que eu deveria estar gritando de orgulho”, continua Sarah.

Facebook/Reprodução

‘Imprevisíveis e incontroláveis’

A blogueira explica que “vive à mercê de mudanças de humor” completamente “imprevisíveis e incontroláveis”. “Uma criança que está ficando mais forte, mais inteligente e mais cruel a cada colapso. Temos essa epidemia crescente com mais e mais crianças diagnosticadas com autismo todos os dias”, desabafa.

Sarah continua e fala sobre o que chamou de “glamourização” do TEA. “Em vez de procurar maneiras de refrear ou mudar isso, estamos simplesmente pressionando para abraçar, aceitar e adaptar. A glamourização do autismo me faz sentir tão inadequada. O estigma em torno dos cuidadores que lutam ou dos pais que temem isso me faz sentir como um fracasso completo”, continua a blogueira.

“O autismo não é uma peça de quebra-cabeça colorida que precisa ser comemorada. Pode ser um inferno absoluto e me assusta a forma como está sendo pintada pela sociedade agora”. Sarah disse que era importante explicar que, embora ela odeie o autismo, ela não odeia as pessoas que têm o transtorno.

‘Odeio o que isso tira dos meus filhos’

Ela reafirma que odeia o autismo, com uma ponderação. “Mas isso não significa que eu odeio pessoas com autismo. Minha filha tem eczema (dermatose que ocasiona diversas lesões). Eu odeio eczema, mas isso não significa que eu odeio pessoas que sofrem com isso”, explica.

“Eu odeio o que isso tira dos meus filhos, odeio o estresse adicional sobre todos nós, odeio os olhares em público quando meus filhos têm alguma crise. Eu odeio o julgamento, odeio pessoas me dizendo que só precisam de um bom tapa. Eu odeio a falta de apoio aos cuidadores e a falta de entendimento. Eu odeio que as pessoas glamourizem esse transtorno e não se importem com o estresse mental associado a ela”, conta a mãe.

A mãe acrescentou que, embora suas postagens “tenham irritado” muitas pessoas e ela tenha recebido muitas críticas, ela achou importante compartilhar seus pensamentos para ajudar outros pais a se sentirem menos sozinhos.

“Alguém sempre se sentirá ofendido em qualquer opinião, pensamento ou sentimento que você tenha. O autismo não define meu filho, então me recuso a glorificar algo que os perturba e faz com que se sintam diferentes. Os programas de TV destacam a inteligência das pessoas com autismo, mas ainda não mostram o lado sombrio”, relata.

Facebook/Reprodução

‘Não há problema em não amar tudo isso’

“Não vemos as fezes que mancham as paredes da casa, os buracos feitos por todos os cantos após uma crise, as marcas de mordida deixadas nos braços dos cuidadores, os gritos, o choro e o trabalho extra envolvido. Nem tudo é alto QI e conversas espirituosas”, continua a blogueira no desabafo.

Sarah lembra que recebeu muito apoio após a postagem. “Recebi muitas mensagens de mães e pais me agradecendo por colocar seus pensamentos e sentimentos em palavras. Muitos se sentem sozinhos nesses pensamentos ou sentem a pressão da sociedade de julgá-los se não amam a cada minuto”, explica.

“Os pais precisam ouvir que não há problema em não amar tudo isso. Você pode amar seu filho mais do que tudo e ainda odiar parte da jornada. Criar uma criança com necessidades especiais geralmente pode ser uma luta solitária. Eu só queria que outros pais se sentissem menos sozinhos”, completa.

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Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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