Uber é processada por mais de 500 mulheres por assédio, estupro e agressão nos Estados Unidos

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Uber é o principal aplicativo de mobilidade urbana do mundo (Amanda Dias/BHAZ)

A Uber está sendo processada por mais de 500 mulheres que dizem ter sido assediadas sexualmente ou atacadas por motoristas da plataforma, nos Estados Unidos. A ação coletiva afirma que empresa priorizou o crescimento financeiro em detrimento da segurança dos passageiros. A Uber alegou que não poderia comentar sobre a situação, mas declarou que a empresa atualizou recentemente seus recursos de segurança. As informações são do Daily Mail.

“Mulheres passageiras em vários estados foram sequestradas, agredidas sexualmente, espancadas, estupradas, falsamente presas, perseguidas, assediadas ou atacadas por motoristas da Uber durante viagens”, de acordo com comunicado divulgado pela equipe jurídica Slater Slater Shulman LLP.

O escritório de advocacia afirma que os relatos tiveram início em 2014 e diz que “a Uber tomou conhecimento de que seus motoristas estavam agredindo sexualmente e estuprando passageiras; no entanto, em oito anos desde então, os predadores sexuais que dirigem para o Uber continuaram a atacar as passageiras”.

‘Segurança nunca foi preocupação’

No mês passado, a Uber divulgou seu segundo Relatório de Segurança dos EUA, alegando que a empresa recebeu 3.824 relatórios das cinco categorias mais graves de agressão sexual entre 2019 e 2020 – uma queda de 38% em relação ao relatório inicial de 2017 a 2018, quando 5.981 casos foram relatados.

“Todo o modelo de negócios da Uber se baseia em dar às pessoas um transporte seguro para casa, mas a segurança dos passageiros nunca foi preocupação deles – o crescimento foi às custas da segurança de seus passageiros”, disse o advogado Adam Slater, que representa as mulheres.

“Embora a empresa tenha reconhecido esta crise de agressão sexual nos últimos anos, sua resposta real tem sido lenta e inadequada, com consequências horríveis”, continua.

‘Priorização do crescimento’

O escritório de advocacia reforça que a empresa de mobilidade urbana manteve “priorização do crescimento sobre a segurança do cliente”.

“A Uber estava fixada em conseguir novos motoristas o mais rápido possível para impulsionar o crescimento, então evitou os padrões tradicionais de verificação de antecedentes”, de acordo com a reclamação.

O ex-CEO Travis Kalanick foi acusado de dispensar a segurança depois de “intencionalmente optar” por não realizar verificações completas de antecedentes e impressões digitais antes de integrar novos contratados. Essa política foi mantida pelo atual CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, que assumiu a empresa em 2017.

Uber se posiciona

Apesar da ampla atenção da mídia em relação à agressão sexual por motoristas em 2018, a Uber se recusou a instalar câmeras de vídeo nos carros e manteve uma política de “três chances” para seus motoristas que mantinha predadores ao volante mesmo após sérias reclamações de passageiros.

A Uber alegou que não poderia comentar sobre a situação, mas disse que a empresa atualizou recentemente seus recursos de segurança.

“A agressão sexual é um crime horrível e levamos cada denúncia a sério. Não há nada mais importante do que a segurança, e é por isso que a Uber criou novos recursos de segurança, estabeleceu políticas centradas nos sobreviventes e foi mais transparente sobre incidentes graves”, disse um porta-voz da empresa.

Histórias de violência sexual

No comunicado à imprensa, o escritório de advocacia fez referência a cinco histórias de alguns de seus clientes. As vítimas variaram em locais da Califórnia à Pensilvânia e Massachusetts.

Em um local não revelado, um motorista beijou e agrediu com força uma mulher sentada no banco da frente em agosto de 2021. Em Boston, MA, um motorista tentou estuprar uma mulher em outubro de 2021. No mesmo mês, fora de Pittsburgh, PA, outro motorista tentou estuprar outra vítima.

Na área rural de Perris, CA, uma passageira foi estuprada por um motorista em novembro de 2021. Nas proximidades em Chino Hills, CA, um motorista agrediu sexualmente e tentou estuprar uma passageira em fevereiro de 2022.

Multas milionárias

No ano passado, a Uber quase enfrentou uma multa de 59 milhões de dólares (cerca de R$ 320 milhões) por não relatar dados de agressão sexual aos reguladores da Califórnia.

A empresa chegou a um acordo com a Comissão de Serviços Públicos da Califórnia e pagou 9 milhões dólares (cerca de R$ 49 milhões) para apoiar iniciativas de segurança. Outra multa de 150 mil dólares (cerca de R$ 815 mil) foi delegada ao Fundo Geral dos estados.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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