Uma manifestação de indígenas bloqueou parte da BR-381, a rodovia Fernão Dias, na altura do quilômetro 506, em Betim, desde a noite dessa sexta-feira (30) até a tarde deste sábado (31). A manifestação reivindicou melhoria nas condições de saúde pública da comunidade Katuramã, localizada em São Joaquim de Bicas, na Grande BH.
Na manhã e tarde deste sábado (31), um congestionamento se estendeu na BR por mais de 17 quilômetros, em sentido único: São Paulo-Belo Horizonte. De acordo com o porta-voz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Aristides Amaral Júnior, em conversa com o BHAZ, o tráfego na via ocorreu em esquema de “pare e siga” com intervalos de 20 minutos.
Ainda segundo a PRF, a manifestação começou por volta das 21h de ontem (30).Os indígenas reclamam da falta de assistência em saúde, uma vez que crianças estariam passando mal e isoladas, inclusive, com duas delas tendo sido internadas em Belo Horizonte com erupções na pele. Há ainda queixa sobre corte no abastecimento de água.
A Copasa, no entanto, rebate e diz que o abastecimento “está normalizado e não apresentou interrupção ou intermitência”, em nota enviada ao BHAZ. (leia nota completa ao fim da matéria).
“A gente pede desculpas à sociedade por estar fazendo isso aqui, mas, infelizmente, já faz seis meses que nós estamos fazendo essa reivindicação da água, e agora se agravou, porque tem sete dias que a água não cai na comunidade. E as contas vindo, já chegou conta de R$ 25 mil, de a gente ter que fazer vaquinha para pagar a água. […] O que a gente está reivindicando aqui é um direito básico”, disse a cacica Célia Ãgohó em entrevista à TV Globo.
As negociações para a desobstrução da rodovia envolveram a Copasa, a PRF e agentes da saúde. O bloqueio chegou ao fim por volta das 17h.
Procurado pelo BHAZ, o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, informou que “tem acompanhado de perto a situação da comunidade da Aldeia Katuramã, em São Joaquim de Bicas, e atuado com equipe de saúde com atendimentos de rotina”. O órgão confirma que, na última semana, “uma criança foi internada com suspeita de MPOX, mas após exames, a suspeita foi descartada”. Uma equipe epidemiológica do Distrito Sanitário Indígena (DSEI) trabalha na investigação do que pode ter causado as lesões na pele da criança internada. (leia nota completa ao fim da matéria). Sobre a falta de medicamentos, o governo federal não se pronunciou.
Já a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou ao BHAZ que “não há confirmação de casos de mpox na aldeia”. (leia nota completa ao fim da matéria). Sobre a falta de medicamentos, a SES não se pronunciou.
Composta por indígenas dos povos Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, a comunidade Katurama foi formada após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019. Procurada, a Arteris, concessionária responsável pelo trecho da BR, afirmou que acompanha os desdobramentos das negociações.
Nota da Copasa
A Copasa informa que o abastecimento de água para a comunidade da Aldeia Katurãma, em São Joaquim de Bicas, está normalizado e não apresentou interrupção ou intermitência no fornecimento. A Companhia esclarece que a pressão no cavalete que atende a rede está acima do mínimo estabelecido pelas normas vigentes.
A Copasa destaca ainda que um técnico da empresa esteve na comunidade na manhã deste sábado (31/08) para verificação da pressão de água na rede que atende aos imóveis e constatou a normalidade na atuação do cavalete.
A Companhia esclarece ainda que sempre esteve com os canais de relacionamento disponíveis para acolhimento das demandas dos clientes da localidade relacionadas à negociação de débitos.
Nota do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde informa que tem acompanhado de perto a situação da comunidade da Aldeia Katurãma, em São Joaquim de Bicas, e tem atuado com equipe de saúde com atendimentos de rotina.
Na última semana, uma criança foi internada com suspeita de MPOX, mas após exames, a suspeita foi descartada. Agora uma equipe epidemiológica do Distrito Sanitário Indígena (DSEI) trabalha na investigação do que pode ter causado as lesões na pele da criança internada.
Nos próximos dias, a equipe do DSEI, juntamente com as equipes de saúde do município e da mineradora Vale S.A, vão realizar uma busca ativa em todos domicílios da comunidade para identificar enfermidades semelhante a da criança internada.
Além disso, estão previstas também ações educativas, mutirões de limpeza na região e aplicação de inseticida para controle de insetos, como carrapatos e bichos de pé.
Nota da SES-MG
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que não há confirmação de casos de mpox na aldeia Katurãma, em São Joaquim de Bicas, até o momento.
Duas crianças estão internadas no Hospital João Paulo II, em Belo Horizonte, sendo que o exame já realizado em uma delas para mpox deu negativo. O quadro clínico é estável e os sintomas são febre, diarreia e lesões na pele.
A SES-MG descarta surto da doença e está acompanhando a evolução e investigação dos casos por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs-Minas) e da Unidade Regional de Saúde de Belo Horizonte.
Foram notificados, até 27 de agosto de 2024, 4.043 casos de mpox no estado, dos quais 699 foram confirmados, e quatro levaram a óbito, sendo três em 2022, de residentes nos municípios de Belo Horizonte, Pouso Alegre e Divinópolis, e um em 2023, de residente em Ribeirão das Neves.