Menina denuncia estupro do pai após palestra sobre violência em escola de Minas Gerais

19/03/2025 às 14h49
(Arquivo/Agência Brasil)

Um homem de 55 anos foi preso em flagrante pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), na última segunda-feira (17), em Montes Claros, região Norte do estado, por estupro de vulnerável. A vítima, uma criança de 12 anos, disse à polícia que era abusada sexualmente pelo homem, seu pai adotivo, após uma palestra sobre violência contra à mulher na escola.

A palestra foi ministrada por uma investigadora da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) na escola em que a vítima está matriculada. Durante a apresentação, a policial civil Sabrina Gregória teria suspeitado do comportamento da menina, que estava muito tensa e chegou a chorar enquanto ela falava.

Em coletiva de imprensa, a delegada Karine Maia conta que ao final do evento, a policial pediu para a diretora observá-la. “Durante conversa com a diretora ela teria contado que era abusada sexualmente pelo pai adotivo, desde os sete anos”, disse.

Vítima foi adotada por abusador

De acordo com o histórico apurado pela Polícia Civil, a adolescente foi adotada pelo casal quando tinha sete anos. Desde então, ela relatou que sofre abusos. A violência sexual ocorria na residência da família, e o homem aproveitava do fato de ser aposentado e da esposa trabalhar.

A investigação revelou ainda que ele passou a buscar a criança mais cedo na escola para que desse tempo de chegar em casa e manter a relação sexual no horário em que a mãe ainda estava ausente. Conforme informou a delegada, no dia da prisão, a vítima revelou que teria sofrido abusos ainda naquela manhã.

O homem foi preso em flagrante na porta da escola da filha. “Ele permaneceu em silêncio durante depoimento e também não quis fornecer material genético para ser utilizado na investigação”, adiantou Karine Maia.

Controle rígido

Conforme levantamentos, a vítima vivia sob rígidas regras impostas pelo padastro, que limitava suas interações e controlava sua aparência de forma extrema.

A jovem não tinha permissão para brincar com os colegas no intervalo da escola e era obrigada a usar roupas que escondessem qualquer traço de delicadeza. “Seu cabelo, antes mais longo, foi cortado bem curto sob a justificativa de higiene, mas, no fundo, servia para reforçar a imagem que o investigado queria impor”, relatou a delegada.

“O mundo dessa garota era constrito a tais restrições, por meio das quais sua identidade parecia ser moldada por vontades alheias”, analisou Karine.

O investigado continua preso no sistema prisional à disposição da Justiça, e as investigações continuam.

Isabella Guasti

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

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Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

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