Durante coletiva de imprensa concedida na manhã desta sexta-feira (10), o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Partido Novo), teceu duras críticas aos responsáveis pela construção da Cidade Administrativa. Os mais de 50 elevadores dos prédios Minas e Gerais precisaram ser interditados para a realização de reparos e os servidores foram liberados para trabalhar em regime de home office por tempo indeterminado.
“Estou acostumado a lidar com situações imprevisíveis e imprevistas no governo do estado. Mas as situações imprevisíveis e imprevistas com as quais eu lidei até agora eram decorrentes de fenômenos naturais e externos. Lidamos com a Covid-19, lidamos com a chuva, lidamos com Brumadinho. Mas eu ainda não tinha tido que lidar com uma situação do porte que estamos lidando hoje, causada pela ação direta de agentes públicos”, disse.
Em sua fala, Simões relembrou o acordo de leniência firmado entre a construtora Coesa – antiga OAS – e o estado de Minas Gerais. Durante o período de 19 anos, a empresa deverá pagar R$ 42,7 milhões ao Governo de Minas devido a fraudes em obras da Cidade Administrativa e em contratos relativos à Cemig.
“Há um acordo de leniência assinado pela construtora confirmando que houve superfaturamento e, portanto, desvio de dinheiro. Quem contratou estava tão preocupado em garantir a sua ‘beiradinha’ do contrato que não se preocupou em garantir a segurança de elevadores que transportam, atualmente, mais de 8 mil pessoas todos os dias”, disse o vice-governador.
Simões destacou, ainda, que os elevadores do Palácio Tiradentes, posto oficial do governador e vice-governador, funcionam normalmente. “O mais indignante é que os prédios que estão em risco são os prédios em que as pessoas comuns, o cidadão que frequenta a Cidade Administrativa, transitam”, pontuou.
Construção da Cidade Administrativa
A Cidade Administrativa, sede do governo de Minas Gerais projetada por Oscar Niemeyer, foi inaugurada em 2010. A construção foi feita durante o governo do atual deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).
Em maio de 2020, Aécio e outras 11 pessoas foram indiciadas pela PF por corrupção passiva e ativa, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica, por irregularidades na construção da Cidade Administrativa.
Com orçamento prévio de R$ 900 milhões, a construção ficou em mais de R$ 1,8 bilhão conforme o TCE (Tribunal de Contas do Estado).
De acordo com a PF, a fraude à licitação e os recursos desviados resultaram no total de 232 milhões de reais de prejuízos que, em valores atualizados, totalizam R$ 747 milhões de danos à administração pública.
Já em dezembro do mesmo ano, o MP denunciou Aécio e mais 15 pessoas. O BHAZ procurou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) para obter um posicionamento sobre as declarações feitas pelo vice-governador de Mateus Simões. Veja abaixo o que disse a assessoria do deputado.
Nota de Aécio Neves na íntegra
“As obras da Cidade Administrativa que geraram enorme economia aos cofres estaduais, foram entregues há 14 anos atrás, tendo passado, à época, por vistorias de todos os órgãos técnicos responsáveis que não detectaram qualquer tipo de problema. Nos últimos governos, e em especial nos 5 anos da atual administração, também não se apontou qualquer deficiência na obra. Apenas muito recentemente a questão dos elevadores foi apontada e não houve agilidade administrativa, da atual gestão, para se resolver a questão. Demora e ineficiência que prejudicam o funcionamento dos órgãos estaduais, seus funcionários e a população.
Passou da hora de o atual governo começar a trabalhar e apresentar solução para esse e outros inúmeros problemas por que passa o estado. Tentar mais uma vez transferir responsabilidades só acentua o já conhecido despreparo da atual administração do estado”.