Vítima encontrada em Brumadinho era funcionária da Vale e esposa de técnico que também morreu na tragédia

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Bombeiros localizaram vítima em Brumadinho na tarde desta terça-feira (Amanda Dias/BHAZ)

A vítima encontrada na tarde dessa terça-feira (24) em Brumadinho foi identificada com uma funcionária da Vale que tinha 33 anos quando morreu no desastre ambiental provocado pela mineradora. Segundo divulgado pela Polícia Civil em entrevista coletiva nesta quarta (25), o corpo é de Juliana Creizimar de Resende Silva, que trabalhava como Analista Operacional da Vale. Com a identificação de Juliana, o número de vítimas que ainda não foram localizadas – chamadas pelos bombeiros de joias – caiu para nove.

A analista era casada com Denis Silva, de 34 anos, técnico em Planejamento e Controle da mineradora Vale, que também morreu no desastre. Os dois eram pais de gêmeos. O corpo do marido foi encontrado no dia 2 de fevereiro de 2019, e desde então, a família da mulher permaneceu assídua na busca de informações da localização da vítima. A identificação foi possível por meio de exames tecnológicos realizados a partir da arcada dentária.

O corpo foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros na tarde de ontem nas proximidades da comunidade de Córrego do Feijão, na região do Remanso 1. Desde janeiro de 2019, somando 943 dias de operação, os bombeiros trabalham no local para encontrar as vítimas desaparecidas e devolvê-las às famílias que ainda não tiveram a oportunidade de se despedir. 

‘Devolução da identidade’

Conforme explicado pela Polícia Civil, a perícia foi iniciada no final da tarde de ontem, logo depois que os bombeiros encontraram o corpo da vítima. Os segmentos foram levados ao IML e os trabalhos foram realizados ao longo da madrugada e início da manhã de hoje.

Ricardo Araújo, médico legista da corporação, ressaltou que, além do trabalho de identificação a polícia presta serviço social às famílias que aguardam pela oportunidade de se despedir de seus entes. “Existe um lado de assistência social importante na identificação, que é de devolver a identidade para que seja entregue aos seus familiares”, afirmou.

A localização de Juliana traz uma comoção para os familiares e equipes que trabalham desde o dia da tragédia, já que a família da analista é muito presente e vem acompanhando de perto essas buscas, que completam exatos dois anos e sete meses nesta quarta. “A família é muito ativa na comissão de familiares de vítimas não encontradas. Nos encontramos semanalmente para atualizar sobre os status de identificação”, explicou Ricardo.

“Toda vida é importante, mas a dela carrega muito significado para os outros familiares. A gente não pode falar em alegria, de jeito nenhum, já que estamos falando de uma tragédia. Mas trazemos uma esperança de conforto com essa devolução da identidade”. Ainda segundo o médico legista, a data de sepultamento ficará a critério da família.

Bombeiros continuam as buscas

Das 270 vidas perdidas na tragédia provocada pela Vale, 261 foram localizadas pelos bombeiros de Minas. Outras nove joias seguem desaparecidas.

A mais recente atualização dos trabalhos dos bombeiros e Polícia Civil foi no dia 27 de maio deste ano, quando foi encontrada a 260ª vítima do crime ambiental da Vale em Brumadinho. O corpo era de Renato Eustáquio de Sousa, 34, que trabalhava como soldador da mineradora Vale.

Renato foi uma das 11 vítimas que, mesmo após mais de dois anos do rompimento, que aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019, ainda não haviam sido identificadas. Desde então, os trabalhos continuaram para localizar as outras dez.

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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