Mulher liga para PM pedindo hambúrguer para denunciar violência em Minas Gerais

Condomínio em Governador Valadares
Vítima não teve tempo de informar bloco do condomínio ou apartamento (Reprodução/Google Street View)

Um homem foi preso depois que a esposa dele ligou para a Polícia Militar simulando o pedido de um hambúrguer, para denunciar a violência doméstica sofrida dentro de casa. O caso se deu na madrugada desta segunda-feira (17), em Governador Valadares, na região do Rio Doce, e o suspeito foi liberado depois de ser ouvido na delegacia de Polícia Civil.

De acordo com o registro policial, a mulher de 50 anos acionou a PM pelo 190 por volta das 2h, pedindo um hambúrguer. A ligação foi curta e ela não teve tempo de informar o próprio nome, o bloco do condomínio ou o apartamento onde vivia, passando apenas a rua e o número do prédio.

Percebendo que podia se tratar de um pedido de ajuda, os militares se deslocaram até o endereço e, de lá, ligaram de volta para o número da mulher. Desta vez, quem atendeu foi o marido dela, que questionou o motivo da ligação. O policial, então, disse se tratar da entrega do hambúrguer e afirmou que o entregador estava do lado de fora do prédio.

O suspeito desligou a ligação, mas os militares continuaram no local. Depois de alguns minutos, eles começaram a ouvir gritos de socorro da vítima e entraram no condomínio buscando por ela.

Socorro e prisão

Após identificarem o apartamento do casal, os policiais bateram à porta e foram atentidos pelo homem, de 49 anos. Ele questionou se haveria um mandado para que a PM entrasse no imóvel e, depois de resistir à abordagem, foi puxado para fora pelos militares.

O suspeito também resistiu à prisão, se debatendo enquanto era algemado e deixando as mãos de um militar feridas. Com o homem já preso, os policiais entraram no apartamento e conversaram com a vítima, que disse sofrer violência doméstica há pelo menos 14 anos.

De acordo com ela, o marido a vem agredindo e ameaçando com um facão há dias, além de mantê-la em cárcere privado, trancada dentro do quarto. A mulher também afirma que o homem faz uso de crack e, nesta madrugada, foi agredida mais uma vez.

O registro policial ainda aponta que a vítima apresentava confusão mental e se recusou a comparecer à delegacia para acompanhar a ocorrência e representar contra o suspeito, por medo de represálias. Ela ainda afirmou que o marido mantinha uma arma de fogo em casa, mas o objeto não foi encontrado nas buscas feitas no imóvel.

Ouvido e liberado

Ainda segundo a PM, o homem teria dito aos militares que não ficaria preso por muito tempo, além de dizer que “tudo pode acontecer” quando questionado se mataria a esposa caso fosse solto. Ele foi encaminhado ao pronto-socorro, e, depois, à delegacia.

Procurada pelo BHAZ, a Polícia Civil informou que o suspeito foi conduzido e ouvido por meio da Delegacia de Plantão.

“Após as formalidades de polícia judiciária, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), em que a parte assumiu o compromisso de comparecer à audiência perante o Juizado Especial Criminal para as medidas legais cabíveis”, diz a corporação.

Em seguida, ele foi liberado.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia em Minas Gerais:

Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190

Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221

Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171

Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380

Ponto de Acolhimento e Orientação à Mulher em Situação de Violência: avenida dos Andradas, 3.100, no Núcleo de Cidadania da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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