Minas Consciente: Apenas uma região está na onda verde; médico faz alerta

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Os hospitais estão com uma ocupação muito maior agora do que no primeiro pico da pandemia (Amanda Dias/BHAZ)

O governo estadual anunciou, nessa quarta-feira (13), que a região Noroeste de Minas Gerais, que abrange cidades como Paracatu, regrediu de fase e se encontra agora na onda amarela do Plano Minas Consciente. Com isso, somente o Triângulo do Sul continua na onda verde, a fase mais flexível do plano, em que é possível a abertura de cinemas, feiras, congressos, bares, restaurantes e casas de festas.

Já a região Noroeste se junta a partir deste sábado (16) às regiões Norte e Triângulo do Norte na onda amarela, fase que permite a abertura de alguns serviços considerados não essenciais, como bares (consumo no local) e salões de beleza, mas não autoriza atividades com alto risco de contágio, como casas de festa e cinema.

A maior parte do estado, contudo, encontra-se na onda vermelha: dez, das quatorze regiões. Esse número inclui a região central, onde fica a capital e cidades da Grande BH, como Contagem e Betim. Nessa fase, apenas atividades essenciais deveriam continuar funcionando, mas não são todos os municípios que adotaram o plano do governo.

As regiões Oeste, Centro, Jequitinhonha, Leste, Leste do Sul, Nordeste, Vale do Aço, Sudeste, Centro-Sul e Sul estão na onda vermelha, a mais restritiva, em que somente os serviços considerados essenciais são permitidos, como supermercados e bares e restaurantes apenas com entrega delivery ou retirada no balcão.

Dez, das quatorze regiões do estado, estão em alerta vermelho (Reprodução/Governo de Minas)

Belo Horizonte está, desde segunda-feira (11), com o comércio restrito apenas às atividades essenciais, o que gerou protesto por parte de comerciantes. Já Contagem, que tinha anunciado na semana passada a proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos, voltou atrás com a decisão e permitiu, em decreto publicado nessa terça (12), o consumo, apesar de ter proibido o funcionamento de cinemas, casas de show, dentre outras atividades.

‘BH respondeu melhor’

O BHAZ conversou com o infectologista Leandro Curi, integrante do Comitê de Covid-19 da prefeitura de Ibirité, para avaliar a situação de Minas Gerais.”Na minha avaliação, já está pior do que o meio do ano”, diz.

“Os números falam por si só. Nós temos um RT [taxa média de transmissão por infectado] ruim na capital, a própria lotação em hospital está um nível muito assustador, o hospital de campanha do estado não existe atualmente – ele estava em stand by, apesar de não ter sido usado”, argumenta.

“Em paralelo a isso, a população está muito cansada e a gente observa isso no comportamento. Isso é esperado do ser humano, ele relaxa. A gente vê isso nas aglomerações, nas festas, na falta de uso de máscara, menosprezando mesmo a pandemia. Continua muito sério e as pessoas não estão tomando o devido cuidado”, alerta o especialista.

“A gente fala do Kalil, do Zema, do Bolsonaro… mas tem que bater na tecla que os responsáveis mor somos nós. A gente tem que se interrogar. Não adianta culpar só três pessoas, sendo que nós, população, estamos fazendo muito feio. Aí sempre surgem desculpas, ‘ah o povo está cansado, ah o presidente liberou, ah tem a vacina’. Esses números tendem a aumentar e não é de se impressionar”, diz.

Leandro Curi, contudo, elogiou o comportamento da capital: “Se for estabelecer um paralelo, eu achei que BH respondeu melhor à importância biológica da pandemia do que Minas Gerais”. Mas também faz ressalvas. “Estamos confiando em uma vacina que ainda não chegou. As pessoas escolheram mesmo que de modo involuntário o lado do vírus nessa guerra e nós estamos perdendo. Nós estamos jogando a favor do vírus”.

O infectologista se mostrou muito desanimado quando questionado sobre as orientações de comportamento para a população. “Tudo que a gente falar vai chover no molhado. As pessoas preferem acreditar na mensagem de WhatsApp que a tia enviou do que na imprensa séria e nos especialistas”.

Preocupação

Segundo o governador Romeu Zema, houve um crescimento do número de casos e óbitos pela doença no estado. Foi registrado aumento de 6,5% nos casos confirmados e de 4,4% no número de óbitos nos últimos sete dias. Zema fez mais um apelo à população para a manutenção das medidas protetivas.

“Sei que todos já estão cansados de manterem estas restrições, de ficarem isolados, de usar máscara e manter o distanciamento social, mas nós precisamos deste esforço final. A vacina está para chegar a qualquer momento. Muito provavelmente neste final de janeiro ou início de fevereiro o processo de vacinação vai se iniciar’.

“Peço encarecidamente à população que tome as medidas de precaução, porque os hospitais estão hoje com uma ocupação muito maior do que aquela que tivemos no primeiro pico da pandemia. Então todo o cuidado é recomendado”, reforçou o governador.

Covid-19

Boletim epidemiológico divulgado hoje (Reprodução/Governo de Minas Gerais)

Minas Gerais tem 8.694 óbitos e 134 mortes confirmadas nas últimas 24hrs, de acordo com o boletim epidemiológico da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) de hoje (14). Com isso, o estado chegou a 619.846 casos e 13.028 óbitos confirmados. Além disso, tem 55.750 casos em acompanhamento e 551.068 recuperados.

Minas Consciente

O plano “Minas Consciente – Retomando a economia do jeito certo” foi criado pelo governo do estado, por meio da Sede (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) e da SES-MG, com objetivo auxiliar os 853 municípios do estado no combate à pandemia.

Segundo o plano, para avançar para a onda verde, as cidades precisam estar há 28 dias consecutivos na onda amarela, sem sofrer retrocessos durante esse período. Se for o caso, o funcionamento das seguintes atividades são permitidas:

– Atividades artísticas, como produção teatral, musical e de dança e circo;
– Cinemas, bibliotecas, museus, arquivos;
– Parques, zoológicos e jardins;
– Feiras, congressos, exposições, filmagens de festas, casas de festas, bufê;
– Parques de diversão, discotecas, boliches, sinuca;
– Bares com entretenimento (shows e espetáculos);
– Serviços de colocação de piercings e tatuagens.

Já na fase amarela, é permitida a abertura de serviços não essenciais, como:

– Bares (consumo no local);
– Autoescolas e cursos de pilotagem;
– Salões de beleza e atividades de estética;
– Comércio de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo;
– Papelarias, lojas de livros, discos e revistas;
– Lojas de roupas, bijuterias, joias, calçados, e artigos de viagem;
– Comércio de itens de cama, mesa e banho;
– Lojas de móveis e lustres;
– Imobiliárias;
– Lojas de departamento e duty free;
– Lojas de brinquedos;
– Academias (com restrições);
– Agências de viagem;
– Clubes.

Por fim, na onda vermelha, somente os serviços considerados essenciais são permitidos, como:

– Supermercados, padarias, lanchonetes, lojas de conveniência;
– Restaurantes e bares (somente para delivery ou retirada no balcão);
– Açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros;
– Serviços de ambulantes de alimentação;
– Farmácias, drogarias, lojas de cosméticos, lavanderias, pet shop;
– Bancos, casas lotéricas, cooperativas de crédito;
– Vigilância e segurança privada;
– Serviços de reparo e manutenção;
– Lojas de informática e aparelhos de comunicação;
– Hotéis, motéis, campings, alojamentos e pensões;
– Construção civil e obras de infraestrutura;
– Comércio de veículos, peças e acessórios automotores;
– Além de qualquer atividade que possa ser feita a distância, por delivery ou sem a entrada dos consumidores nos estabelecimentos.

Com Agência Minas

Edição: Roberth Costa

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