O Ministério Público Federal (MPF) recomendou, nessa quinta-feira (13), que três cidades mineiras interditem temporariamente o acesso de pessoas e embarcações ao Lago de Furnas. A interdição vale para áreas que possuem a mesma característica dos cânions de Capitólio, onde uma tragédia matou 10 pessoas no último sábado (8).
A recomendação foi feita para os municípios de São João Batista do Glória e São José da Barra, localizados no sudoeste de Minas Gerais.
Ao município de Capitólio, que já efetuou a interdição do local da tragédia, foi recomendado que seja mantida a proibição de acesso às áreas dos cânions de Furnas e Cascata D’Água e ao atrativo “Mirante dos Canyons”, bem como a outras que tenham sido interditadas por riscos semelhantes.
Em todos os casos, as interdições devem vigorar até que seja realizado o mapeamento geológico da região, verificando-se os possíveis pontos de risco de novos deslizamentos ou desprendimentos de rochas, com apresentação de laudo ou relatório que ateste a segurança das áreas.
Leia nos links as recomendações enviadas a Capitólio, São João Batista do Glória e São José da Barra.
Sem navegação em locais de alerta
Outro ponto abordado pela recomendação do MPF diz respeito à proibição de navegação de turismo em quaisquer áreas da região para as quais houver alertas emitidos pela Defesa Civil quanto à ocorrência de tempestades, chuvas intensas e riscos de cabeça ou tromba d’água.
Essa proibição também deve valer até que os planos de ordenamento náutico dos municípios sejam revistos, com o mapeamento dos locais cujo acesso deve ser proibido sob tais condições climáticas, em um trabalho conjunto.
Esse trabalho deve envolver municípios, Marinha, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, a empresa Furnas Centrais Elétricas [responsável pela gestão do reservatório], além de representantes das associações de turismo náutico da região e especialistas. Essas ações serão acompanhadas pelo MPF.
O órgão também encaminhou recomendação de teor semelhante à Delegacia Fluvial de Furnas, pertencente à Marinha.
Questionamentos
Em procedimento de apuração instaurado no domingo (9), o MPF enviou ofício à Marinha solicitando informações sobre a tragédia de Capitólio, no Lago de Furnas, e sobre a fiscalização da segurança de navegação no local.
O órgão também requereu à empresa Furnas Centrais Elétricas o envio do mapa geológico da área e os últimos relatórios de monitoramento, se houver.
O MPF ainda solicitou que Furnas encaminhe o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial (PACUERA) da UHE Furnas, apresentado ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) para fins de licenciamento ambiental corretivo.
Tragédia em Capitólio
Na manhã do último sábado (8), pedras se soltaram de um cânion na represa de Furnas, em Capitólio, e atingiram embarcações de turistas. Um vídeo flagrou o momento do deslizamento, em que três lanchas de turistas são atingidas. Dez pessoas morreram.
Segundo o Corpo de Bombeiros, havia mais de 40 pessoas no Lago de Furnas no momento do acidente. Todos os mortos, no entanto, eram passageiros da lancha “Jesus”.
Nessa segunda-feira (10), a última vítima foi identificada como uma mulher de 43 anos que passeava com outros familiares no ponto turístico mineiro. Veja aqui quem são as vítimas da tragédia.
O que permitiu à Polícia Civil identificar mais facilmente as vítimas foram fotos tiradas pouco antes do desastre. Observando acessórios, como anéis e aparelhos, os policiais foram capazes de fazer uma identificação inicial à medida que os corpos era achados.
