Pesquisadores de Minas divulgam descoberta de fóssil raro de feto de preguiça após 40 anos

fóssil de preguiça
Reconstrução de imagem de preguiça e feto encontrados em gruta (PUC Minas/Divulgação)

Um pesquisador do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas descobriu, há 40 anos, em uma gruta nos limites entre Minas Gerais e Bahia, o fóssil de um feto de uma preguiça gigante ainda dentro da mãe. Raríssimo, o achado foi divulgado recentemente e será publicado em uma revista internacional sobre mamíferos.

A ossada da mãe, que estava grávida, tem cerca de 2,5 m. Já o feto encontrado tem aproximadamente 30 cm. Ao BHAZ, o professor Cástor Cartelle Guerra, doutor em Morfologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, recorda que a descoberta foi uma verdadeira surpresa para ele.

A preguiça é da mesma espécie que a do fóssil descoberto por Peter Lund, pesquisador que contribuiu fortemente para a paleontologia. O animal teria vivido no Brasil há mais de 20 mil anos.

Imagem do professor Cartelle (Guilherme Simões/PUC Minas/Divulgação)

‘Caiu na minha mão’

“Eu encontrei, numa gruta, o esqueleto bastante estragado, um adulto da mesma espécie que Lund encontrou pela primeira vez em Maquiné. Comecei a retirá-lo e, pra minha surpresa, na minha mão caiu um ossinho pequenininho. Eu disse: ‘meu Deus. Não é do bicho, é de um outro’. Aí cheguei a conclusão de que o esqueleto era de uma fêmea que ainda tinha, dentro dela, um feto”, diz Cartelle.

À época, o pesquisador chegou a escrever um pequeno artigo para uma revista. Mas foi somente agora, cerca de quatro décadas mais tarde, que ele resolveu submeter o trabalho ao The Journal of Mammalian Evolution. Ele conta que a reação da revista surpreendeu: foi a resposta mais rápida em anos de carreira.

“Mandamos pra uma revista, foi aceito imediatamente, porque é raríssimo. Um feto inteiro é milagre”, celebra. O professor afirma que a descoberta foi algo realmente surpreendente, pois até hoje, na América Latina, foram encontrados somente 4 ou 5 ossos de fetos tão preservados.

Professor Cartelle ao lado de fósseis (Guilherme Simões/PUC Minas/Divulgação)

Na maioria das vezes, pesquisadores encontram peças isoladas. Com o fóssil recuperado, por outro lado, é possível concluir mais detalhes sobre a proporção, a dentição, a formação das garras e do crânio, além de outras características da espécie.

O biólogo Luciano Vilaboim Santos, do Laboratório de Palentologia do Museu de Ciências Naturais PUC Minas, Gerry De Luliis, acadêmico da Universidade de  Toronto, e o pesquisador François Pujos, do Centro Cientifico Tecnologico Mendonza, na Argentina, são coautores do artigo.

Edição: Giovanna Fávero
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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