Um policial militar apontou uma arma e gritou com manifestantes pró-Lula (PT) no Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na manhã de hoje (11). De acordo com testemunhas, cerca de 200 pessoas aguardavam a chegada do ex-presidente à cidade mineira quando a confusão teve início. Ao BHAZ, o major Jean Amaral, da PM de Juiz de Fora, falou a respeito do caso (veja abaixo). Segundo ele, a intervenção do policial visto nas imagens ocorreu com o objetivo de evitar desentendimento entre dois grupos de manifestantes, o pró-Lula, e outro que se mobilizava em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
O registro ocorreu por volta das 9h, nas proximidades do aeroporto de Juiz de Fora. Por lá, manifestantes pró-Lula, em sua maioria do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), levantavam bandeiras e cantavam enquanto o petista não chegava. No mesmo local, apoiadores de Bolsonaro também protestavam.
Nei Zavsaki, da coordenação estadual do MST, disse em entrevista ao BHAZ que era uma manifestação pacífica e não entendeu o motivo do policial ter apontado a arma. “O que aconteceu foi algo bem constrangedor, pois mostra o despreparo de alguns servidores da segurança pública. A gente sabe que sempre tem alguns no meio que se excedem. Num determinado momento, um policial sem identificação, quis impor uma autoridade num momento desnecessário”.
“Ele estava portanto uma escopeta e tentando intimidar as pessoas que estavam em uma rotatória, com as bandeiras, para que se retirassem dali, para dar espaço aos manifestantes pró-Bolsonaro”. Zavsaki afirma que os policiais queriam tirá-los do local para dar espaço aos bolsonaristas. “Mas nós não quisemos sair. O policial estava excedido, claramente alterado, com tremor nos lábios e nos olhos”.
Imposição
O coordenador do MST conta que não estavam atrapalhando o trânsito, estavam dentro da rotatória. “Esses contrários à nossa posição política estavam do outro lado da rua. Ele [policial] tentou impor uma autoridade para liberar a rotatória do aeroporto para poder ser ocupado por pessoas contrárias a nossa posição. A segurança pública tem que estar lá para manter a ordem, não deixar ocorrer nenhum processo de violência, isso é democracia”.
No vídeo, o policial aparece gritando e mandando as pessoas saírem. “Pedimos para ele se acalmar, pois estava muito alterado. Depois algum superior dele o retirou dali, porque ele estava claramente alterado”, continua Zavsaki.
Por fim, o coordenador do MST fiz que fica o sentimento de aumentar o cuidado. “Temos um processo de ideologização das nossas forças de segurança, muito impulsionado pelas falas desse louco que está na presidência do nosso país. De certa forma ele autoriza essas arbitrariedades. Fica a profunda tristeza, a que ponto a gente chegou”, completa.
O que diz a Polícia Militar?
O major Jean Amaral, da PM de Juiz de Fora, disse ao BHAZ que a corporação organizou um esquema especial de policiamento na cidade por conta da visita do ex-presidente. Hoje pela manhã, já houve necessidade de intervenção perto do aeroporto, quando manifestantes bolsonaristas chegaram ao local onde o grupo pró-Lula se encontrava.
“Esse grupo de aproximou dos simpatizantes do Lula, e foi quando fizeram as imagens. Essa intervenção da PM foi justamente para poder evitar um mal maior. Ali onde estava concentrado o grupo do MST, a presença desse grupo de direita ficou muito aproximada, houve ameaças mútuas, inclusive relatos de agressões mútuas”, explica o major.
O responsável afirma que, de fato, o sargento registrado no vídeo carregava uma arma de calibre 12 com munição de elastômero, a chamada bala de borracha. Segundo ele, esse tipo de equipamento é utilizado em intervenções como o potencial conflito registrado nesta manhã, e os seis policiais que atuavam no local também estavam equipados com a arma.
“Já se percebia naquele momento que os ânimos estavam exaltados, mas não temos a informação de onde partiram as ameaças, as agressões…O que se percebe naquele momento é que ele [o sargento], na tentativa de fazer uma intervenção evitando que esses grupos viessem a se enfrentar, ele fez o uso daquele equipamento”, afirma.
Ainda segundo o major Jean Amaral, a PM de Juiz de Fora vai analisar as imagens e fazer uma avaliação a respeito do uso do equipamento por parte do militar. O policial reconhece que a presença de um policial com a espingarda na mão é, de fato, encarada como tom de ameaça, mesmo que o equipamento seja de menor potencial ofensivo. No entanto, ele garante que a arma utilizada era a mais adequada para o tipo de intervenção realizada.
A respeito do sargento registrado no vídeo, o responsável afirma se tratar de um profissional de confiança que atua na corporação há muitos anos e que “era a pessoa mais adequada para estar ali naquele momento”. O major ainda informa que a PM não recebeu nenhuma formalização de denúncia a respeito do ocorrido. “Nós nos colocamos à disposição caso [denunciantes] queiram estar presentes, para formalizar algo nesse sentido, ou através das ouvidorias”, finaliza.
