A ossada encontrada pelo Corpo de Bombeiros nessa segunda-feira (2) foi identificada como mais uma vítima do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, depois de mais de três anos. Luis Felipe Alves era engenheiro de segurança do trabalho e tinha 30 anos na época do rompimento. A Polícia Civil identificou a vítima nesta terça-feira (3).
De acordo com a corporação, a identificação ocorreu por meio de arcada dentária. Ao todo, 265 pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem já foram identificadas, e cinco vítimas, chamadas de joias, continuam desaparecidas.
Luis Felipe Alves trabalhava havia três meses na Vale, e estava há 15 dias na mina Córrego do Feijão na ocasião da tragédia. Ele era natural de Jundiaí, São Paulo. Conhecido pelos amigos como Pivet, era amante do futebol, torcedor do Paulista Futebol Clube, da Série A-3. O engenheiro ganhou uma bandeira com seu rosto, homenagens e a mãe criou um projeto social com o nome do filho.
Os bombeiros informaram que a localização da ossada se deu após os militares encontrarem um segmento corpóreo na área denominada “Esperança 1”. Foi feita uma busca que levou aos cerca de 40 segmentos da ossada.
“A maior operação de busca e salvamento da história permanece, graças ao incansável trabalho dos bombeiros militares, apresentando resultados importantes que objetivam o conforto das famílias”, disse a corporação em comunicado à imprensa.
Cinco joias
Cinco vítimas da tragédia em Brumadinho ainda não foram localizadas, e o Corpo de Bombeiros segue atuando nas buscas no local. Saiba quem são as cinco joias – como os próprios familiares e os bombeiros as chamam, em ironia a uma desastrosa declaração da presidência da Vale – ainda perdidas no mar de lama da mineradora:
Cristiane Antunes Campos tinha 34 anos, sendo 10 dedicados à Vale. Ela entrou como motorista de caminhão. Dentro da empresa fez um curso técnico em mineração. Em 2018, passou a ser supervisora de mina – conquista que desejava muito, conforme a família externou.
Cristiane era uma pessoa batalhadora, guerreira. Uma mãe impecável, que zelava pela segurança, integridade e qualidade de vida dos filhos, ela deixa duas crianças.
Maria de Lurdes da Costa Bueno tinha 59 anos. Administradora, ela passeava com a família pela região e estava hospedada na Pousada Nova Estância, que foi levada pelos destroços da Vale. Morreram o marido dela, Adriano, além dois filhos dele – Camila e Luiz -, e a noiva de Luiz, Fernanda, que estava grávida de cinco meses de Lorenzo.
A jovem Nathália de Oliveira Porto, de 25 anos, era estagiária técnica em mineração. Segundo o pai, Luciano Oliveira Porto, o sonho da filha era trabalhar na Vale. Nathália deixou dois filhos, de 4 e 5 anos, além do marido.
Olímpio Gomes Pinto tinha 56 anos e era auxiliar de sondagem. Foi casado com Geralda Gomes por 32 anos, que recorda a despedida: “É algo que não passa, essa ansiedade. Ele estava trabalhando para outra empresa, estava colocando uma estrutura. Ele esteve lá em casa no domingo para levar um cartão de plano de saúde para o filho mais novo. Ainda perguntei para ele o que ele estava fazendo, porque ficava no Jardim Canadá, em Nova Lima, no alojamento. Ele disse que só tinha ido levar um cartão mesmo, foi embora no domingo mesmo”.
Tiago Tadeu Mendes da Silva, que tinha 34 anos, entrou na mineradora como lubrificador. Já somava dez anos de casa e tinha acabado de concluir em 2018 o curso de engenharia mecânica. Estava ansioso para a colação de grau, prevista para março de 2019, quando a vida foi interrompida pela lama.
