O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Secretaria de Estado de Educação lançaram, na última terça-feira (3), o projeto “Moradores | Educação – escolas, memórias e pertencimento”, com o objetivo de valorizar as escolas estaduais como territórios de memória e pertencimento para as comunidades. A cerimônia aconteceu na Escola Estadual Professor Morais, no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste de Belo Horizonte, a primeira a integrar a iniciativa.
Até 2026, oito escolas estaduais das diferentes regiões de Minas Gerais receberão uma “tenda de ouvir histórias”, onde professores, estudantes, ex-alunos e moradores da vizinhança poderão relatar suas experiências. Esses depoimentos serão transformados em documentários, exposições e catálogos, com o objetivo de resgatar a relação afetiva com as escolas e seus territórios.
Resgate de memórias e novas perspectivas
Na Escola Estadual Professor Morais, a ação começou em outubro com oficinas culturais para os estudantes, abordando técnicas de fotografia, filmagem e documentação. Professores, ex-alunos e moradores participaram da tenda, contribuindo com mais de 150 histórias que foram transformadas em um documentário exibido no lançamento, além de um varal fotográfico, um catálogo de histórias e uma exposição ao ar livre.
O documentário destacou figuras marcantes da escola, como a ex-aluna e cantora Aline Calixto e uma ex-servente de 103 anos, além de relatos emocionantes sobre a importância da instituição na vida dos participantes. Para Igor de Alvarenga, secretário de Educação, o projeto tem potencial para transformar o ambiente escolar. “Resgatar essa história faz com que os atuais estudantes valorizem ainda mais tudo o que foi feito na instituição”, afirmou.
Além do documentário, o evento contou com apresentações culturais, como o Bloco de Carnaval Vou Ali e Volto, e uma exposição fotográfica na Praça Tejó, ao lado da escola. As fotos registradas durante as oficinas puderam ser levadas pelos participantes.
Projeto
O projeto, idealizado pela Nitro Histórias Visuais em parceria com o Centro de Intercâmbio e Referência Cultural (Circ), tem o apoio do MPMG e da Secretaria de Educação, sendo financiado por medidas compensatórias viabilizadas pela Plataforma Semente. A iniciativa abrangerá oito escolas públicas de todas as regiões de Minas Gerais: Belo Horizonte, Governador Valadares, Januária, Juiz de Fora, Poços de Caldas, São João das Missões, Teófilo Otoni e Uberaba.
De acordo com a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Educação do MPMG (CAO-Educ), Ana Carolina Zambom Pinto Coelho, o projeto surgiu em um momento crítico de violência escolar. “A escola estava sendo atacada e para se proteger dessa violência, era necessário cuidar do clima”, afirmou.