Samarco retoma atividades em Mariana cinco anos após rompimento de barragem

Bento Rodrigues Mariana
Empresa garante que reinício das atividades será gradual (Amanda Dias/BHAZ)

Pouco mais de cinco anos depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, a mineradora Samarco começa a retomar as atividades no complexo de Germano, na cidade mineira, e em Ubu, no Espírito Santo. De acordo com a empresa, a retomada será gradual, e a produção das primeiras pelotas de minério de ferro no complexo de Ubu já começou na quarta-feira (23).

“Tomamos a decisão de retornar de uma forma gradual, com muita segurança e usando novas tecnologias. Este momento reflete o compromisso da empresa com o reinício sustentável, a segurança operacional, o meio ambiente e o relacionamento com as comunidades. Estamos comprometidos com uma mineração moderna, segura e sustentável”, disse o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela. 

A Samarco obteve, em outubro de 2019, a LOC (Licença de Operação Corretiva) aprovada pela CMI (Câmara de Atividades Minerárias), do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental), autorizando a empresa a retomar as atividades.

A empresa reativou um dos seus três concentradores, no Complexo de Germano, e a usina de pelotização 4, no Complexo de Ubu. Ainda de acordo com a Samarco, foi criado o CMI (Centro de Monitoramento e Inspeção), que atua em tempo real, 24 horas por dia, sete dias por semana, no monitoramento das estruturas geotécnicas da empresa.

Ainda segundo a empresa, a Fundação Renova, entidade responsável pela reparação dos impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, destinou R$ 10,10 bilhões para as medidas de mitigação e compensação até setembro de 2020.

Tragédia

A tragédia de Mariana, em 5 de novembro de 2015, deixou 19 mortos e desabrigou 225 famílias. Mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos atingiram o rio Gualaxo do Norte, em Mariana, desaguaram no rio Doce e seguiram até a foz, no mar de Regência, no litoral capixaba.

O MPF (Ministério Público Federal) reuniu em uma página pareceres e relatórios que mostram que ainda há muito o que fazer. Passados cinco anos do desastre, 29.039 habitantes ainda dependem do abastecimento de água por caminhão-pipa, devido a insegurança no consumo da água, o que se torna mais grave durante a pandemia de Covid-19.

Até agosto deste ano, 153 de 374, o equivalente a 41% das ações de melhoria dos sistemas de abastecimento de água foram concluídas. O prazo estabelecido no TTAC (Termo de Transação e Ajustamento de Conduta), de acordo com o órgão, era 2018. 

Também de acordo com o MPF, apenas 10.885, o equivalente a 34%, das 31.755 famílias cadastradas, receberam algum tipo de indenização até agosto de 2020. O Promotor de Justiça em Minas Gerais André Sperling comparou a situação com Brumadinho, onde em 2019, uma barragem da Vale também se rompeu, deixando 259 mortos.

Lá, segundo Sperling, mais de 100 mil pessoas recebem algum auxílio. “Isso nunca chegou perto de acontecer na Bacia do Rio Doce. Nunca houve a oportunidade efetivamente dos atingidos estarem um pouco mais garantidos para esse processo de negociação. O que existe é que os atingidos estão desamparados”, disse. 

Com Agência Brasil

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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