Denúncia de irregularidade x Insubordinação: Saúde de MG enfrenta crise em meio à chegada do coronavírus

SES em crise coronavirus
Crise na secretaria ocorre em meio à chegada do coronavírus no Brasil (Reprodução/WhatsApp + Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em meio à apreensão dos mineiros quanto à chegada do coronavírus no Estado, dada por especialistas como uma questão de tempo, a estrutura responsável por combater o surto mundial enfrenta uma crise. Ao menos 11 servidores – entre os quais subsecretário, superintendentes e diretores – pediram exoneração da SES (Secretaria de Estado da Saúde) na última quarta (4). A justificativa, conforme áudios atribuídos a eles, seria indícios de irregularidades. A pasta, por sua vez, nega e diz que a saída era prevista e ocorreu por insubordinação.

Os áudios foram divulgados ontem pelo portal G1. As falas foram gravadas, conforme o veículo de notícias, durante uma reunião feita entre os exonerados e outros integrantes da pasta. “A gente gostaria de falar que esta subsecretaria é a única subsecretaria que tem o compromisso com a saúde e com o cidadão. O resto só quer fazer firula. Não deixem este trabalho morrer”, afirmou uma das pessoas.

“Dói o coração deixar a SES, que faz um trabalho tão valoroso. Infelizmente, a gente vê muita coisa errada por aí. Foi uma decisão pensada, que a gente conversou durante um tempo”, argumentou uma outra pessoa. Uma das irregularidades apontadas por esses servidores, conforme o G1, seria compra “de estoques de medicamentos para atender decisões judiciais que sequer existiam”.

O BHAZ tentou entrar em contato com um dos servidores exoneradores para confirmar as informações: o agora ex-subsecretário de Inovação e Logística da Secretaria de Estado de Saúde, Bruno Carlos da Silva Porto. No entanto, nenhuma das chamadas foi atendida.

‘Imaturidade’

A secretaria, que já estava pressionada por ter atrasado para concluir o Plano de Contingência para o coronavírus, negou a versão apresentada nos áudios. Ao BHAZ, o secretário-adjunto, Marcelo Cabral Tavares, informou que o grupo já seria exonerado, mas resolveu se adiantar no processo. “Um dia após a comunicação verbal da exoneração, eles protocolaram [o pedido de demissão]”, disse.

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“Não havia o cumprimento de algumas atribuições. Pedimos mais celeridade, mais agilidade e menos burocracia”, exemplificou Tavares. Ele detalhou que os servidores se recusavam, por exemplo “a assinar atos”.

Tavares relatou que não sabe ao certo o que motivou a suposta “debandada”. “Talvez, eles tenham sentido a necessidade de serem mais significativos. Posso atribuir isso à imaturidade”, complementou.

Sobre a questão da compra de medicamentos para cumprir decisões judiciais que sequer existiam, o secretário-adjunto informou que não há racionalidade na acusação. “Os judicializados só são comprados sob demanda, a partir da chegada da ordem [judicial]”, afirmou.

Coronavírus

Sobre o suposto despreparo da SES para o enfrentamento do coronavírus, Tavares classifica a denúncia como “infundada”. “Não se sustenta, todos os protocolos, o Plano de Contingência e os hospitais regionais já estão preparados”, disse. Ele ainda informou que não há motivo para que a população se preocupe. “Queremos tranquilizar a população. A SES está preparada (para enfrentar o vírus)”, reforça.

Sobre a vacância dos cargos, o secretário-adjunto garantiu que já há outros profissionais com competência para assumir os cargos. Enquanto isso, servidores da secretaria estão realizando os trabalhos necessários. Para o cargo de subsecretário, a pasta já tinha, inclusive, um nome antes da exoneração, conforme a fonte.

Confira a nota da SES na íntegra

“A substituição do responsável pela Subsecretaria de Inovação e Logística em Saúde, bem como dos demais funcionários, se dá em razão de adaptações necessárias aos serviços prestados pela pasta. Informamos ainda que o trabalho desenvolvido pela subsecretaria segue sendo realizado pelos demais servidores da Secretaria de Saúde, sem qualquer prejuízo ao atendimento à população. A pasta já iniciou as tratativas para a substituição dos cargos de gestão, o que ocorrerá em breve”.

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