Servidores da Rede Minas mantêm greve pelo 3° dia em reivindicação por reajuste salarial

Greve da Rede Minas
Em assembleia, trabalhadores decidiram manter a greve deflagrada na segunda-feira (Jornalistas de Minas/Divulgação)

Esta quarta-feira (23) marca o terceiro dia de greve de funcionários da Rede Minas, emissora de televisão vinculada à EMC (Empresa Mineira de Comunicação). Os servidores reivindicam um reajuste salarial e argumentam que os valores recebidos são os mesmos há sete anos, além de pedirem maior transparência quanto a procedimentos adotados pela direção da empresa.

Em assembleia, os trabalhadores decidiram manter a greve, deflagrada na segunda-feira (21), até que uma proposta “mais concreta” seja apresentada pelo comando da EMC. A estatal reúne a Fundação Cultural TV Minas e a Rádio Inconfidência, emissoras públicas do estado.

Reivindicações

De acordo com o Jornalistas de Minas (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais), não há clareza quanto aos procedimentos adotados pela direção da empresa na implantação do PCS (Plano de Cargos e Salários) para os servidores da Rede Minas.

O sindicato aponta ainda para uma falta de interesse da direção em defender os trabalhadores, junto à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, sobre vínculos, benefícios e direitos diante da migração dos profissionais para a EMC, criada em 2016.

“O estopim para o movimento paredista, além da insatisfação crescente com o comando da EMC, foi a publicação, pela empresa, de um planejamento estratégico que prevê que os trabalhadores da Rede Minas passem, a partir de março, a produzir também para a Inconfidência com ‘custo zero’, o que pode significar acúmulo de função sem acréscimo salarial”, diz nota do Jornalistas de Minas.

Salários

Os trabalhadores da Rede Minas exigem ainda que os salários sejam igualados aos dos jornalistas e radialistas da Inconfidência, “já que a intenção é unir as duas emissoras públicas em uma mesma empresa, a EMC”.

De acordo com o movimento “Eu Faço a Rede Minas”, as reivindicações são de jornalistas, produtores, operadores de câmera, diretores, maquiadoras, iluminadores, contrarregras, cenógrafos, roteiristas, diretores de imagem, diretores de fotografia, figurinistas, técnicos e analistas da emissora.

Os profissionais apontam que os técnicos e analistas da Rede Minas recebem, respectivamente, R$ 1,3 mil mensais e R$ 2,3 mil, enquanto o salário mínimo não chega a R$ 1.215. “Alguns destes concursados possuem formação qualificada além do exigido em edital. São servidores com graduação, pós-graduação, mestrado e até doutorado”, protesta o movimento.

‘Rede Minas tem pressa’

De acordo com o Jornalistas de Minas, trabalhadores se reuniram ainda na segunda-feira com representantes do comando da EMC e das Secretarias de Estado da Cultura e do Planejamento. Segundo o sindicato, no entanto, não houve avanço concreto nas tratativas.

Conforme comunicado, os representantes do Governo de Minas se comprometeram a criar um comitê para acompanhar as negociações. O plano é se reunir novamente, na presença da secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, “para apresentar as propostas que estão sendo discutidas em relação ao futuro dos servidores e que são desconhecidas pelas entidades de classe”.

No entanto, a data prevista para a reunião é 10 de março, considerada muito longe pelos trabalhadores. “Há pressa, pois qualquer mudança na lei de carreira deve passar pela Assembleia Legislativa antes de abril, em função do ano eleitoral, pois a legislação proíbe vantagens para os servidores públicos estatutários seis meses antes do pleito”, justifica o sindicato.

O que diz o Governo de Minas?

Procurado pelo BHAZ, o Governo de Minas informou que “mantém diálogo aberto com todas as categorias, levando em conta as necessidades dos servidores e o importante trabalho prestado por eles ao estado”.

Segundo o governo, com a adesão a um projeto que aguarda análise da ALMG, o estado terá condições de aplicar a recomposição da inflação nos salários de todas as categorias do funcionalismo público.

“Atualmente, as despesas obrigatórias do estado ultrapassam 100% da arrecadação na maior parte dos anos e a perspectiva é que elas permaneçam próximas desse patamar. O Governo de Minas tem se dedicado para conseguir, mesmo nesse cenário, trazer melhorias para os servidores, pois reconhece o trabalho valoroso que eles prestam”, finaliza a nota (leia na íntegra abaixo).

Nota do Governo de Minas na íntegra

“O Governo de Minas mantém diálogo aberto com todas as categorias, levando em conta as necessidades dos servidores e o importante trabalho prestado por eles ao Estado. Com a adesão ao RRF, projeto que aguarda análise da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Estado terá condições de aplicar a recomposição da inflação nos salários de todas as categorias do funcionalismo público, e dar continuidade ao pagamento das dívidas herdadas, como os repasses para os municípios e os depósitos judiciais.

Atualmente, as despesas obrigatórias do Estado ultrapassam 100% da arrecadação na maior parte dos anos e a perspectiva é que elas permaneçam próximas desse patamar. O Governo de Minas tem se dedicado para conseguir, mesmo nesse cenário, trazer melhorias para os servidores, pois reconhece o trabalho valoroso que eles prestam”.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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