Para um belo-horizontino, habituado a tropeçar em um bar a cada esquina, é quase um susto andar pelas ruas do Plano Piloto de Brasília. Não tem o “logo ali”. Você precisa planejar onde vai beber e como vai chegar. Talvez seja por isso que Brasília liderou as buscas pela palavra “bares” no Google, segundo o Google Trends, nos últimos doze meses. Na visão de uma mente marketeira, isso parece um grito por conexão. Pessoas à procura de bares em Brasília. Aqui em BH também, mas por outras razões.
A capital mineira, de fato, respira bares e não precisa procurar tanto: bares em BH estão em cada esquina. Eles fazem parte da paisagem, do cotidiano. É o boca a boca que leva ao “bar do pai da Joana, o bar do Sô Tião” (nomes fictícios). É uma cultura que vai além da cerveja gelada ou do tropeiro bem feito. Bares em BH são terapêuticos, culturais, onde você divide histórias com garçons que parecem ter nascido para ouvir.
Não é que Brasília seja fria, como muitos gostam de dizer; ela tem seu calor, mas é um calor diferente. É o calor das pessoas que vêm e vão, de todas as partes do Brasil e do mundo. Principalmente do Nordeste, que traz um tempero diferente, um toque arretado que perfuma a cidade com o verdadeiro aroma do Brasil.
Em um breve final de semana, busquei me aprofundar na minha área de atuação em BH: bares! E venho compartilhar algumas das experiências que encontrei por lá.
Por lá, o happy hour acontece de verdade, com promoções de cervejas e drinks. Aqui em Belo Horizonte, a sensação é de que “happy hour” é apenas o nome do evento.
Não consegui fazer muitas amizades por lá, mas como os nordestinos que encontraram no comércio foi onde me senti mais acolhida. Sou uma mineirinha curiosa e que gosta da prosa, e esses foram os destaques: Raimunda, com seu carrinho de lembrancinhas de Brasília na Praça dos Três Poderes; Gil e todos os garçons do Bar Beirute. Ahh! Precisamos falar do Beirute.
Um bar um pouco diferente do que se encontra por ali e que me encantou profundamente. Um bar com alma, como costumamos dizer em BH. Com uma história linda, foi comprada por dois garçons nordestinos, Chico e Bartô, que busca preservar e compartilhar a essência do lugar em suas duas unidades em Brasília, Asa Norte e Asa Sul.
Figuras públicas como Lázaro Ramos e Paolla Oliveira já passaram por lá, além de jornalistas, políticos e muitas outras personalidades. Ali, o que se encontra é história, aconchego e até a mesa onde Renato Russo gostava de sentar. Nas paredes, fotos, premiações, inúmeras homenagens na mídia e uma placa pregada no pé de uma mangueira homenageando clientes que viveram muitos de seus dias naquele mesmo cantinho.
Outro destaque é o Mané , um complexo gastronômico situado ao lado do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Inaugurado em 2022, ele reúne restaurantes, bares, cafés e cultura em um formato que mistura feira, mercado e uma grande praça gastronômica.
O grande diferencial do Mané é o sistema de atendimento unificado. Com um cardápio digital, você pode pedir itens de qualquer estabelecimento do complexo. Além disso, o pagamento é feito diretamente em sua mesa, garantindo o conforto de um bar com atendimento personalizado e uma única conta, mesmo ao consumir de diferentes restaurantes e bares.
Ao todo, são mais de 18 estabelecimentos, oferecendo opções que vão de gelato a cuscuz, hambúrguer a frutos do mar, massas a churrasco, além de cervejas e drinks variados.
A tecnologia que sustenta essa experiência única é o sistema ZIG , amplamente reconhecido por ser utilizado em eventos de grande porte como o Rock in Rio e o Lollapalooza, otimizando o atendimento e a gestão do consumo.
Aqui em Belo Horizonte, existem formatos semelhantes, mas ainda em menor proporção. O Mané se destaca não apenas pela sua dimensão, mas também pela inovação e pela maneira como uma variedade gastronômica, cultural e um atendimento simplificado em um só lugar. Um exemplo a ser seguido para quem deseja oferecer experiências mais elaboradas no setor de bares e restaurantes.
Para fechar o que encontrei em Brasília em apenas um final de semana, fui matar a saudade do copo lagoinha e dei uma passadinha na Bitaca da Norte a nossa antiga Bitaca da Leste de BH. Um bar que já ganhou o prêmio de melhor buteco de Belo Horizonte em 2017/2018 pela Veja, encerrou seu funcionamento em BH em 2020 e, em 2022, abriu as portas em Brasília. Ficou curioso para saber como você é a Bitaca da Norte? Continue acompanhando nossa coluna. Na próxima semana, postaremos uma entrevista com Luiz Paulo, o proprietário do bar.