Ameaçada de morte, vereadora Duda Salabert terá escolta da Guarda Municipal de BH

Duda Salabert
Ela denunciou as ameaças à Polícia Civil ainda ontem (Karoline Barreto/CMBH)

A vereadora Duda Salabert (PDT) receberá escolta da Guarda Municipal de Belo Horizonte depois de voltar a receber ameaças de morte enviadas por um grupo que se identifica como neonazista. O prefeito Fuad Noman (PSD) colocou a proteção à disposição da parlamentar nesse domingo (31), quando ela teve acesso ao e-mail com as ameaças.

“Me solidarizo com a vereadora Duda Salabert, que divulgou hoje uma grave ameaça que sofreu. Fico indignado, pois essa é uma violência não só contra ela mas também contra a própria democracia e isso não podemos aceitar”, publicou o prefeito de BH nas redes sociais.

Ao BHAZ, Duda confirmou nesta terça-feira (2) que aceitou receber a escolta da Guarda Municipal já a partir de hoje. Ela denunciou as ameaças à Polícia Civil ainda ontem, na Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher, Criança, Adolescente e Vítimas de Intolerâncias.

Ameaça

Duda Salabert voltou a receber ameaças de morte. Desta vez, o autor do ataque também ameaçou a família da parlamentar. Ela diz acreditar que o grupo que enviou a nova mensagem é o mesmo que, em 2020, prometeu fazer “um mar de sangue” no colégio Bernoulli, onde ela dava aula (relembre aqui).

Desde então, o grupo havia parado de enviar os e-mails. Mas, na última quinta-feira (28), ela recebeu uma nova ameaça. “Perder seu emprego foi só o começo, na próxima vez você vai perder sua vida”, diz a mensagem, assinada por “William Maza dos Santos”, que já ameaçou uma jornalista de estupro.

O e-mail também conta com o número “14/88”, uma alusão moderna a Adolf Hitler. O agressor diz que “de São Paulo para Minas Gerais é só um passo”, e diz que “a fúria de Deus vai cair” sobre a vereadora.

“Após ser demitida, não recebi mais nenhum e-mail. Conseguiram o que queriam. Agora, recebi este, que foi enviado na quinta-feira, mas só li ontem à tarde. Antes, a ameaça era só ao meu ambiente de trabalho, agora é à minha família”, disse Duda Salabert ao BHAZ.

A vereadora ainda contou que, além do prefeito Fuad Noman, o secretário Municipal de Segurança e Prevenção, Genilson Zeferino, também entrou em contato. Por fim, a parlamentar também está conversando com o PDT para avaliar a possibilidade de levar o caso à Polícia Federal.

‘Mar de sangue’

Em dezembro de 2020, Duda Salabert recebeu e-mails em que um grupo neonazista ameaçava tornar o Bernoulli um “mar de sangue”. Na mensagem, o autor dizia estar desempregado, com a esposa fazendo tratamento contra câncer de mama e “vivendo do Auxílio Emergencial”.

O criminoso proferiu xingamentos transfóbicos e prometeu comprar “duas pistolas 9 mm no Morro do Engenho”, no Rio de Janeiro, para executar a vereadora eleita. O ataque aconteceria quando as aulas presenciais retornassem no Bernoulli, e Duda não seria o único alvo.

“Vou matar todas as vadias, todos os negros, que infelizmente serão bem poucos, um ou dois cotistas, e depois vou te matar… Depois de matar mais vadias e explodir alguns carros na portaria, eu vou meter uma bala na minha cabeça. Eu não tenho mais nada a perder. Quando as aulas presenciais voltarem, o Bernoulli virará um mar de sangue”, dizia um trecho.

A ameaça veio com a assinatura de Ricardo Wagner Arouxa, nome usado por um grupo neonazista. “Há uma preocupação muito grande porque aquele psicopata, que fez o massacre na escola de Suzano, segundo alguns jornais, fazia parte deste grupo. Eles articulam nacionalmente em torno desta assinatura”, afirmou Duda Salabert na ocasião.

Dias depois, um novo e-mail foi enviado à vereadora, ao BHAZ e a outros profissionais da imprensa. “Eu avisei que se vocês fossem na polícia eu ia ficar sabendo. Agora eu irei transformar o Bernoulli num mar de sangue. Vou invadir essa merda e vou matar todas as vadias e todos os negros”, escreveu o criminoso em um dos trechos da mensagem.

Em fevereiro de 2021, Duda Salabert foi demitida do colégio onde dava aulas havia 13 anos, em 21 de carreira. Na ocasião, ela citou o preconceito sofrido, visto que pais reclamavam da presença dela, e lembrou os episódios de ameaças de morte.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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