Bolsonaro ataca William Bonner e nega relacionamento ruim com a Índia

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Bolsonaro se refere a William Bonner em live (Reprodução/YouTube)

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), atacou o âncora e editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner, e negou relacionamento ruim com a Índia. Em transmissão ao vivo realizada nessa quinta-feira (21), o mandatário disse que o jornalista tem “cara de pastel” e é “o último a saber das coisas”. Também participaram da já tradicional “live presidencial” Ernesto Araújo, ministro das Relações Exterior, além de Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura.

Em um momento da transmissão, o presidente coloca um áudio do jornalista falando no telejornal sobre a relação minada entre os dois países emergentes e a implicação disso à entrega das vacinas de Oxford. O imunizante ainda não chegou no Brasil, apesar do anúncio do Ministério da Saúde, na semana passada, que um avião sairia do país na última quinta-feira (14) para buscar a vacina.

“O Brasil depende da Índia para receber vacinas e depende da China para receber matéria prima de vacinas. Não é uma situação confortável por causa dos rumos que o governo Bolsonaro deu à nossa diplomacia. O presidente e seu ministro das Relações Exteriores minaram as relações com esses países”, diz trecho do áudio.

Bolsonaro, então, começa com os ataques: “Bem, segundo William Bonner, que ganha o dobro da Renata. Prega tanto igualdade, critica, ‘tem que ter uma política pra homem e mulher ganhar a mesma coisa’, essa semana estava dizendo que a Marta, do futebol, que é uma excepcional jogadora, gosto muito de vê-la jogar, devia ganhar a mesma coisa que o Neymar. Eu não vou entrar no mérito nessa questão”.

“O William Bonner dizendo, em Jornal Nacional, que eu, Ernesto, nós minamos o relacionamento entre Índia e China. Primeira coisa, agora, no final de janeiro, é o Dia da República da Índia. E eles convidam, todo ano, uma autoridade. Apenas uma autoridade mundial para participar desse evento. Quem foi convidado ano passado? Quem? Quem? Presidente Jair Bolsonaro”, disse o presidente, se referindo a evento de um ano atrás.

“Foi uma honraria sem precedentes”, completou. O chefe do Executivo brasileiro já foi o convidado de honra no Dia da República da Índia em outras duas ocasiões: em 1996, com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e em 2004, com Lula (PT).

“O interesse que o Modi [Narendra, presidente da Índia] tem no Brasil, que nós também temos na Índia. Um excelente relacionamento. E nada mudou. O Bonner vem mentir no Jornal Nacional, com aquela cara de pastel dele. Aquela cara de o último a saber das coisas, dizendo que eu minei o relacionamento”.

Ele também se referiu ao relacionamento com os chineses: “A questão da China é a mesma coisa. Vamos pegar em números. Os números não mentem. Os números da nossa balança comercial com a China, do que nós vendemos, em especial o agronegócio, de 2019 foi maior que 2018, 2020 foi maior que 2019. Não tem nenhum estremecimento com a Índia”.

Relação Índia-Brasil

O Ministério da Saúde tinha anunciado, na semana passada, que um avião brasileiro sairia em direção à Índia, país que está produzindo a vacina de Oxford, na última quinta-feira (14), mas a decolagem foi atrasada por conta de uma adesivagem e adiada para o dia seguinte. No mesmo dia, um porta-voz da Índia disse que ainda era muito cedo para dar uma resposta quanto às exportações de vacina produzidas no país.

A viagem marcada para o dia seguinte também não aconteceu e o governo brasileiro explicou que o fracasso na negociação ocorreu por conta da “burocracia logística internacional entre os governos dos dois países”. Nessa terça-feira (19), a Índia anunciou que enviaria, a partir dessa quarta-feira (20), material para vacinas contra a Covid-19 para seis países, além de outros três, que aguardava confirmação de autorizações regulatórias locais, e o Brasil não estava na lista. 

O Brasil continuou esperando a liberação da exportação das doses. As relações diplomáticas entre os dois governos enfrentavam dificuldades há três meses depois do voto contrário do Brasil numa reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC), em meados de outubro de 2020, a um pedido da Índia e da África do Sul.

Os dois países tinham feito uma solicitação para a suspensão temporária dos direitos de patentes de insumos e equipamentos médicos para combater o novo coronavírus, até que a maior parte da população mundial estivesse vacinada. A resolução não foi aprovada na organização.

Nessa quinta-feira (21), o governo da Índia liberou as exportações e as primeiras remessas estão marcadas para serem enviadas nesta sexta-feira (22) para Brasil.

Edição: Thiago Ricci

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