O ex-secretário de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior durante gestão do PSDB, Narcio Rodrigues, recebeu R$ 1,4 milhão em propina com o objetivo de financiar campanhas municipais em Minas Gerais. A informação foi revelada pelo promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, William Garcia Pinto Coelho, na manhã desta quinta-feira (30).
A propina teve como origem uma das frentes de atuação da organização criminosa — capitaneada pelo tucano — que desviou R$ 8,7 milhões na construção e manutenção do centro de pesquisa Cidade das Águas, localizado em Frutal, na região do Triângulo.
Segundo informações apresentadas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Narcio Rodrigues, ex-presidente estadual do PSDB, teria oferecido R$ 15 milhões ao grupo português Yser para aquisição de equipamentos, os quais seriam destinados à Cidade das Águas. No entanto, como contrapartida ao investimento, R$ 3 milhões seriam reembolsados por Narcio — propina que seria utilizada nas campanhas municipais de 2012.
“Todos os valores da propina tinham como pretexto o financiamento de campanhas eleitorais no Estado”, afirmou o procurador de Justiça William Garcia. “Como a propina foi solicitada por Narcio Rodrigues, que já foi presidente do diretório estadual do PSDB, pressupõe-se que o dinheiro tinha como função financiar as campanhas de um determinado partido”, declarou.
Os R$ 3 milhões de contrapartida seriam reembolsados pelo Narcio Rodrigues com participação “fundamental” do seu braço direito — o ex-servidor da Secretaria Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior Neif Chala, que atualmente está lotado no gabinete do deputado federal Caio Narcio Rodrigues (PSDB).
Do total, segundo o promotor de Justiça, foi confirmado pelo MPMG o pagamento de 400 mil euros, em 2012, e de outros R$ 539 mil, depositados em 2014. Para o MPMG, foram os valores recolhidos em 2012 — que somam R$ 1,4 milhão na cotação atual — utilizados no financiamento de campanhas municipais em Minas Gerais.
Esquema
O esquema executado pelo ex-secretário de Estado Narcio Rodrigues e pelo grupo português Yser consiste em uma das frentes de atuação da organização criminosa que causou danos ao erário em R$ 8 milhões. A outra frente de atuação implica em fraudes no processo de licitação e na construção da estrutura do complexo de pesquisa.
Nesse sentido, a Operação Aequalis, do MPMG, que apura as denúncias nas duas frentes do caso, foi desmembrada em duas investigações: os desvios durante a construção e o pagamento de propina durante o processo de compra de equipamentos.
Nessa última denúncia, foram presos preventivamente o ex-secretário e principal operador do esquema, Narcio Rodrigues (PSB); o ex-servidor da Sectes Neif Chala; o intermediário das operações, Odo Adão Filho; e o diretor financeiro do grupo Yser, Hugo Alexandre Timóteo Murcho. O presidente do Yser, Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia, está foragido.
Entenda como foi o esquema de pagamento de propina para abastecimento de campanhas em Minas Gerais: