Dividido, MDB oficializa candidatura de Simone Tebet à Presidência

Candidatura de Simone Tebet foi oficializada nesta quarta-feira em convenção do MDB. (equipe Simone Tebt)

Após disputas que envolveram até uma contestação judicial, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) oficializou nesta quarta-feira (27), em convenção, o nome da senadora Simone Tebet como candidata à Presidência da República pelo partido.

Num evento boicotado por caciques do partido como o senador Renan Calheiros, 262 votantes acabaram por escolher o nome da senadora. Foram apenas 9 votos contrários.

Também nesta quinta, PSDB e Cidadania, que atualmente compõem uma federação partidária, aprovaram apoio a Tebet em sua convenção. A federação, a quem caberia a escolha do vice na chapa, no entanto, deixou a definição do nome para depois. Tasso Jereissati (PSDB), senador pelo Ceará, encabeça a lista de nomes cotados para o cargo.

Na abertura da convenção, a candidata disse que pretende “reconstruir” o Brasil “com coragem e com amor”. Ela espera, em meio ao cenário polarizado entre os candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL), ocupar o nicho apelidado de “terceira via”.

Apesar da reivindicação pública de Simone e de seu grupo como representantes da “terceira via”, sua candidatura, até o momento, disputa o quarto lugar nas pesquisas com André Janones (Avante). Ambos tem pontuado entre 1 e 4% nos principais levantamentos realizados até o momento.

Candidatura enfrenta problemas internos e externos

A candidatura de Simone enfrentou uma série de desafios antes de se firmar como o nome da autoproclamada “terceira via”. Nomes como o do ex-governadores João Dória e Eduardo Leite, do PSDB, o do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e o do presidente do senado, Rodrigo Pacheco (PSD) já foram cogitados para ocupar esse espaço.

Um a um, esses pré-candidatos foram ficando pelo caminho, seja por entenderem a pouca viabilidade eleitoral de uma candidatura num cenário polarizado, seja por terem sido abandonados pelos aliados. O nome de Simone acabou prevalecendo, mas as dificuldades continuam.

O primeiro deles é interno. O MDB de Simone, partido que na verdade nunca se uniu em torno de uma só candidatura presidencial, encontra-se novamente dividido. Lideranças como o os senadores Renan Calheiros, Veneziano Vital do Rêgo, Eunício Oliveira, Eduardo Braga e Edison Lobão (MA) tensionam o partido pelo apoio a Lula já no primeiro turno. Por outro lado, nomes como o do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, acabaram por embarcar na candidatura de Bolsonaro.

O cenário não difere muito do de 2018, quando, após mais de 20 anos, o MDB lançou um candidato própria à Presidência. O banqueiro Henrique Meirelles, presidenciável do MDB na ocasião, não teve o apoio de grande parte do seu partido e foi abandonado à própria sorte após ter sua candidatura ratificada em convenção. Meirelles terminou o primeiro turno das eleições com pouco mais de 1% dos votos.

O outro problema da candidatura é desempenho que ela vem demonstrando nas pesquisas. Tebet registrou apenas 1% na última Pesquisa Datafolha, contra 47% de Lula, 28% de Bolsonaro e 8% de Ciro Gomes. A emedebista estava, na ocasião, empatada tecnicamente com André Janones (Avante), que registrou 2%.

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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