‘Eleger Lula ou Bolsonaro é suicídio’, diz Moro ao descartar 2° turno entre os dois

Sergio Moro
Ex-juiz defende que sua candidatura é a mais forte entre a terceira via (Marcos Corrêa/PR)

O pré-candidato à presidência, ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) afirma que o Brasil “não corre risco” de ter que fazer a escolha “trágica” entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) em um eventual segundo turno nas eleições deste ano.

“Eleger Lula ou Bolsonaro é suicídio”, disse Moro em entrevista à revista Veja. Para ele, o atual presidente da República é seu principal adversário no primeiro turno, e eleger o ex-presidente Lula é um “acinte”.

O ex-ministro da Justiça disse que não vai desistir de concorrer à presidência neste ano e acredita que sua candidatura é a mais viável entre a terceira via. “Hoje, vejo minha candidatura com as melhores chances de êxito”, disse.

Lula e Bolsonaro

Ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro reafirma seu desgosto pelo ex-presidente Lula. “É um acinte, um tapa na cara dos brasileiros, um desastre, um sinal verde para a volta da roubalheira”, disse ele sobre a possibilidade de eleição do petista.

Questionado sobre a concorrência com um político que ele mesmo condenou – apesar de as sentenças de Lula terem sido anuladas – Moro avaliou o cenário como “triste, constrangedor”. Ele ainda criticou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de anular as condenações do ex-presidente.

O ex-juiz também direcionou críticas ao atual presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro da Justiça. “O presidente mente ao falar que acabou a corrupção. Bolsonaro não queria combater nada. Queria apenas se blindar, ficar longe do alcance da Justiça”, disparou.

A operação Lava Jato foi muito elogiada pelo então candidato Jair Bolsonaro durante sua campanha à presidência. Quando eleito, ele chegou a chamar o então juiz Sergio Moro, que atuava na operação, para ser o ministro da Justiça e Segurança Pública do governo.

Em abril de 2020, no entanto, Moro pediu demissão do cargo e acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na autonomia da PF (Polícia Federal).

Segundo ele, Bolsonaro queria nomear alguém da confiança dele à direção-geral da PF “para colher relatórios e informações e até atender ligações” (relembre aqui).

Vaza Jato

Em 2019, uma série de denúncias feitas pelo site The Intercept jogou luz sobre a lisura da operação Lava Jato, que foi criada em 2014 para investigar crimes de corrupção no Brasil. O site de jornalismo investigativo divulgou trechos de mensagens atribuídas a procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, incluindo o então juiz Sergio Moro.

A troca de conversas insinua que integrantes da Lava Jato operaram com base em motivações políticas, partidárias e ideológicas, mesmo com a força-tarefa negando veementemente.

E mais: que Sergio Moro teria agido como se fosse superior hierárquico dos procuradores da República e da Polícia Federal, sugerindo troca nas fases da Lava Jato, cobrando agilidade em novas operações, dando pistas informais da investigação e antecipando decisões. O então juiz teria até mesmo ‘puxado a orelha’ de Dallagnol.

Questionado pela Veja se deveria fazer um mea-culpa por causa das mensagens trocadas com Dallagnol, Moro disse que “não existe nada naquelas mensagens de alguém que tenha sido condenado e era inocente, não teve fabricação de provas, não teve nada ali que justificasse a anulação das condenações”.

“As pessoas vêm criticar a mim e ao Deltan [Dallagnol], mas sobre o pessoal que mandou anular tudo, sobre o Congresso que reviu as leis e sobre o Bolsonaro, que desmantelou o combate à corrupção, ninguém fala nada? […] O que acontece é a velha história de que rico e poderoso nunca vai para a prisão. Desta vez usaram essas mensagens como álibi para impunidade”, disse.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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