Decisão de Lacerda em manter candidatura pode gerar conflito no PSB; entenda o caso

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), declarou que vai contrariar o comunicado do presidente do PSB, Carlos Siqueira, de que o partido havia deve apoiar o Partido dos Trabalhadores (PT) em Minas.

Ao lado do deputado estadual Fábio Cherem (PDT) e do deputado federal Jaime Martins (Pros), em entrevista concedida na tarde desta quinta-feira (2), Lacerda disse que vai utilizar todos os recursos possíveis, inclusive a Justiça, para se manter na disputa pelo Governo de Minas.

“Sou contrário a essa decisão que, inclusive, demonstra como a velha política age, fazendo acordo na calada da noite. Portanto, reforço que vamos lutar até o fim, usando todos os meios possíveis e que estiverem ao nosso alcance”.

Além disso, o ex-prefeito de Belo Horizonte informou que não vai aceitar complementar a chapa de Fernando Pimentel como candidato ao Senado, conforme proposta apresentada pelo presidente do partido. Ele também retira a possibilidade de concorrer ao cargo de deputado.

A convenção do PSB vai ocorrer neste sábado (4) em Belo Horizonte. Para que seja oficializado como candidato do partido, Lacerda precisa de maioria dos votos dos delegados do partido. “Já conversei com os delegados e acredito que terei a maioria e, além disso, os partidos aliados da chapa já prestaram apoio e afirmaram manter as negociações”, disse o socialista.

Lacerda disse que não é o momento de discutir o futuro partidário. Mas se o partido mantiver a decisão de retirar sua candidatura, ele será um dissidente. “Não acredito que a totalidade do partido em Minas vá abraçar a aliança com o PT – pequena minoria pretende apoiar, apenas. Mas, independentemente da decisão, o PSB terá protagonismo na eleição e vai reforçar uma eventual terceira via”, reforçou.

Questionado sobre uma possível aliança ao candidato Rodrigo Pacheco (DEM), Lacerda informou que vai discutir o tema quando necessário.

Entenda

Na tarde dessa quarta-feira (1º), Marcio Lacerda foi comunicado pelo presidente nacional do PSB, o deputado João Carlos Siqueira, de que um acordo firmado nacionalmente com o PT inviabilizaria sua candidatura ao Governo de Minas.

O arranjo entre as legendas resultaria, em Minas Gerais, em apoio de Lacerda à candidatura do atual governador, Fernando Pimentel (PT). Segundo o PT informou ao Bhaz, o acordo teria um resultado inverso em Pernambuco.

No outro estado, a vereadora petista Marília Arraes desistiria da candidatura ao governo local para apoiar o atual governador Paulo Câmara, que concorre à reeleição pelo PSB.

Entretanto, Lacerda informa que o comunicado feito pelo presidente do partido não foi oficializado via resolução.

De acordo com o colunista do Bhaz e especialista em política, Orion Teixeira, a situação pode ser análoga ao ocorrido com o emedebista Antônio Andrade que, recentemente, foi destituído do cardo de presidente estadual do MDB.

“Para que isso ocorra com o Marcio Lacerda, o PSB nacional precisa homologar uma resolução interna no Tribunal Superior Eleitoral destituindo o Marcio e retirando sua candidatura, caso ela seja confirmada na convenção estadual do partido”, explica Orion.

Contudo, Marcio ainda terá a oportunidade de recorrer à Justiça Eleitoral para manter sua candidatura. “Esse decisão – de retirar o candidato via resolução – pode ser algo visto com antipático nos meios políticos, pois, de certa forma, retira um nome considerado forte na política, com o Marcio, para ceder apoio a outro candidato”, diz o colunista.

Para Marcio Lacerda, o partido pode não conseguir homologar uma resolução pedindo sua destituição. “Para realizar essa intervenção é preciso que a executiva nacional, formada por 30 membros, aprove essa decisão. Além disso, o diretório estadual não contrariou o nacional, fato que poderia justificar essa ação”, afirmou Lacerda.

O Bhaz entrou em contato com o diretório nacional do PSB, mas, até o momento da publicação desta matéria, não obteve retorno.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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