Mourão debocha da possibilidade de investigar tortura por militares na ditadura: ‘Vai trazer os caras do túmulo?’

Mourão
Áudios revelam que militares sabiam da tortura na ditadura (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) ironizou a possibilidade de investigação de militares responsáveis por torturas durante o período da ditadura no Brasil. Durante conversa com jornalistas nesta segunda-feira (18), o general riu ao ser questionado sobre os atos do Exército durante o regime militar.

“Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, comentou Mourão, em meio a risadas. A fala aconteceu após um repórter questioná-lo sobre os áudios divulgados pela jornalista Miriam Leitão, em sua coluna no O Globo, em que militares falam sobre as torturas ao Superior Tribunal Militar.

O vice-presidente descartou a possibilidade de que os documentos suscitassem uma nova investigação. “História, isso já passou, né? A mesma coisa que a gente voltar para a ditadura do Getúlio. São assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente. Passado, faz parte da história do país”, acrescentou Mourão.

Áudios mencionam tortura

Os documentos divulgados pela coluna de Miriam Leitão foram levantados pelo professor de história da UFRJ Carlos Fico. Ao todo, são mais de 10 mil horas de audiências no Superior Tribunal Militar, incluindo sessões secretas. Em vários momentos os militares falam sobre a tortura realizada durante o período.

Em um dos trechos, um general pede a apuração do caso de uma grávida que teve um aborto após sofrer com choques elétricos na genitália. A tortura é atribuída ao Doi-Codi, órgão dos militares durante a ditadura. Em outro trecho, é mencionada uma confissão de roubo a banco que foi obtida “a marteladas”.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que vai solicitar a investigação dos áudios. “Eles mostram que era de conhecimento dos ministros do Superior Tribunal Militar a existência dessas torturas e também de que pouco foi feito para evitá-las”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos no Senado, em publicação nas redes sociais.

Edição: Vitor Fernandes
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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