Senador diz que denunciará Rodrigo Pacheco por suposta distribuição de emendas como ‘gratidão’

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Senado aprova pauta feminina na véspera do Dia Internacional da Mulher (Roque de Sá/Agência Senado)

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) disse que vai denunciar o presidente da casa legislativa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), à Procuradoria Geral da República (PGR) e ao Conselho de Ética do Senado. Na última quinta-feira (7), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse ao Estadão que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto por ter apoiado a campanha de Pacheco à presidência da casa. Após a repercussão da reportagem, ele negou que tenha existido qualquer negociação política envolvendo esses recursos (veja mais abaixo).

Alessandro Vieira informou que também vai denunciar Marcos do Val, além de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), articulador da campanha de Pacheco que seria, supostamente, responsável por informar sobre a verba. De acordo com o senador, as denúncias serão protocoladas na segunda-feira (11).

“Recursos do orçamento secreto estão sendo utilizados como moeda de troca. O uso do dinheiro público como barganha para comprar votos na eleição e em votação de projetos é corrupção”, publicou Vieira nas redes sociais.

‘Gratidão’

Marcos do Val revelou ao Estadão que teria recebido os R$ 50 milhões em emendas como forma de “gratidão” pelo apoio à campanha de Rodrigo Pacheco. “Ele virou e falou para mim assim: ‘olha, Marcos, nós
vamos fazer o seguinte: os líderes vão receber tanto, os líderes de bancada tanto, essa foi a nossa divisão’. E ele me passou isso porque eu fui um dos que ajudei ele a ser eleito presidente do Senado”, disse.

“E aí eu falei: ‘pô, legal, está transparente e tal’. Aí ele falou: ‘olha, se a gente conseguir mais uma gordura, eu direciono para você’. Não foi uma coisa [do tipo]: ‘mas eu preciso que você me apoie'”, completou o senador.

Segundo do Val, as declarações de Pacheco foram feitas depois que ele assumiu a presidência do Senado, e quem teria falado sobre valores foi Davi Alcolumbre: “com o Davi que eu perguntei [sobre valores]. Eu achei até muito para eu encaminhar para o estado [Espírito Santo], mas como é questão de saúde, eu não vou negar. Eu perguntei: ‘mas teve algum critério?’. Ele só falou: ‘aquele critério que o Rodrigo falou para vocês lá no início'”.

O senador ainda contou que comunicou ao Ministério Público sobre os valores recebidos em emendas e a destinação dos recursos. “É o valor que todo mundo dizia que é o tal do orçamento secreto, da compra de votos. Eu acho, porque eu não pedi para levantar isso, que foi o mesmo valor que os líderes receberam”, completou.

Procurada pelo BHAZ, a assessoria de imprensa de Rodrigo Pacheco reforçou o posicionamento dado pelo presidente do Senado ao Estadão, de que ele desconhece o assunto.

‘Mal interpretado’

Após a publicação da reportagem do Estadão, Marcos do Val se pronunciou nas redes sociais dizendo que foi mal interpretado na entrevista. Ele nega qualquer tipo de negociação política envolvendo recursos orçamentários e a eleição de Rodrigo Pacheco.

“Fiz referência a existência de critérios no Senado para indicações transparentes de recursos por senadores, inclusive elogiando a postura do presidente Pacheco nesse sentido”, diz nota do senador, que defende que o recebimento de emendas foi algo lícito e transparente.

“Reforço mais uma vez que todo o recurso orçamentário recebido foi destinado ao Espírito Santo e por iniciativa própria sempre foram informados na sua integralidade ao Ministério Público do ES. Peço desculpas por eventual mal entendido”, finaliza.

Já Davi Alcolumbre não quis se manifestar.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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