‘Inaceitável’: UFMG sai em defesa de pesquisadora atacada por membros do governo federal

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Carolina Soares teve seu título descredibilizado por um assessor e secretários do governo de Jair Bolsonaro (Reprodução/@@TercioTomaz/Twitter)

A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) se pronunciou nesta sexta-feira (28) sobre os recentes ataques sofridos pela pesquisadora Carolina Soares, egressa da universidade. Na última semana, a especialista em segurança pública concedeu uma entrevista ao Jornal Hoje, da Globo, e teve seu título descredibilizado pelo assessor Tércio Tomaz e diversos secretários do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Felipe Carmona, Secretário Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual da Secretaria Especial de Cultura, chegou a sugerir que a especialista deveria frequentar um salão de beleza, em referência ao seu cabelo afro. Em nota divulgada hoje, a universidade, onde Carolina se graduou em direito, definiu os ataques como “inaceitáveis”.

“A UFMG se solidariza com a socióloga Carolina Soares pela forma como vem sendo atacada, de forma inaceitável, nas redes sociais, com comentários racistas e preconceituosos. A UFMG se orgulha de ter contribuído com a trajetória acadêmica de Carolina, egressa do curso de Direito, cujos trabalhos abordaram as políticas penais associadas à Lei Maria da Penha”, diz a publicação.

A instituição ainda diz repudiar “toda e qualquer forma de linchamento virtual, prática que cerceia a liberdade de expressão, afeta a dignidade humana e vai contra os valores democráticos e o respeito aos direitos humanos”.

‘Desrespeito intelectual’

Ao Jornal Nacional, Carolina Soares contou que pediu ao Twitter para retirar as publicações do ar. Para ela, os ataques são “um desrespeito intelectual, misógino e racista”, além de “um ataque à sua condição de mulher negra”.

Ela contou, ainda, que tem recebido diversos ataques e ameaças depois que o caso ganhou repercussão, o que a levou a apagar as redes sociais. Depois que a matéria foi ao ar, o Secretário Nacional de Incentivo e Fomento à Cultura, que havia reagido com risadas à especialidade de Carolina, ainda ironizou nas redes sociais.

“Risadas matam! Vamos nos conscientizar”, escreveu André Porciuncula. Felipe Carmona, por sua vez, criticou a Globo por repudiar os ataques contra a pesquisadora. “Nunca vi eles divulgarem os escândalos de outras gestões da Cultura. Mas fiscalizar posts e risadas passa até em horário nobre”, disse.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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