O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), cobrou de deputados da base maior alinhamento com as pautas de interesse do governo. O puxão de orelha se dá dias depois de parte da base governista não ter votado a favor do regime de recuperação fiscal, uma das soluções para a dívida do Estado com o governo federal, na Assembleia de Minas Gerais (ALMG).
Na segunda-feira, deputados aprovaram em primeiro turno o projeto de lei para a adesão do estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A proposta é a alternativa apresentada pelo governador para o pagamento da dívida de R$ 165 bilhões com a União. No entanto, a sequência de votações necessárias para o texto seguir para a sanção do governador foi suspensa por falta de quórum.
“Começamos a ver que alguns parlamentares começaram a se aproveitar e demos um basta. Queremos na base quem está conosco na alegria e na tristeza. Amigos só para a festa? Preciso de uma carona e não pode me dar?”, argumentou Zema. E disse mais: “Todo mundo tem direito a estar na oposição, mas não venha se passar por falso amigo porque aí fica ruim”.
Com o recesso do meio do ano, o texto só volta à pauta em 1º de agosto, mas, até lá, o governador tem outra alternativa para o pagamento da dívida, o projeto apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD) – Propag – para pagamento da dívida dos estados. Mas a aprovação do texto no Congresso depende de mais tempo, e, para isso, Zema tem tentado novo adiamento da volta do pagamento da dívida mineira.
O governador já ligou para o ministro Nunes Marques, em férias, para argumentar quanto à necessidade de haver nova prorrogação do pagamento da dívida pelo menos até 28 de agosto.
O governo traça três cenários de curto prazo em relação ao pagamento da dívida de Minas Gerais com a União. O primeiro, e mais crítico, é a não aprovação de nenhuma das duas alternativas de renegociação da dívida (RRF e Propag), e, diz Zema, leva o Estado à bancarrota; o segundo é a homologação da RRF, o que, segundo Zema, é melhor no curto prazo, e o terceiro e atualmente preferido pelo governador é favorável no longo prazo, sendo necessário um desembolso maior no primeiro ano.
Ministros do governo Lula têm criticado Zema afirmando que o governo mineiro não tem pagado as dívidas e que, em vez disso, o débito tem aumentado. Em café da manhã com jornalistas nesta sexta-feira do qual o BHAZ foi convidado, o governador rebateu as falas e disse que em seus mandatos foram feitos os maiores desembolsos para pagamento de dívidas herdadas de mandatos anteriores.
Segundo Zema, nos cinco primeiros anos que governou Minas Gerais foram pagos R$ 27,7 bilhões, enquanto Fernando Pimentel (PT), o segundo no ranking, pagou R$ 15,6 bilhões em quatro anos, valores já corrigidos.