Após cobrança sobre a destinação de verba ao projeto ReciclaBelô, voltado à coleta seletiva e reciclagem na capital, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) confirmou o repasse de cerca de R$ 615 mil às cooperativas associadas ao programa. De acordo com o Executivo municipal, elas serão remuneradas pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) através de aditivo nos contratos de prestação de serviços de coleta porta a porta.
Do montante, cerca de R$ 500 mil serão destinados ao recolhimento de resíduos gerados durante os quatro dias de maior movimento no Carnaval de BH — entre 1° e 4 de março. O recurso vai permitir o pagamento de diárias mínimas de R$ 150 para cada catador autônomo que exercer a função. Os R$ 115 mil restantes serão fornecidos pela Empresa Municipal de Turismo (Belotur) e encaminhados à construção de centrais de triagem do ReciclaBelô.
Em nota, a PBH afirmou que as centrais serão montadas em quatro pontos da capital: na Pampulha, Centro, na Savassi e na avenida dos Andradas. Elas terão tendas, banheiros químicos, grades, lonas, mesas, geradores e água mineral, entre outros itens. “Nesses locais os catadores farão uma pré-triagem do material recolhido, que será encaminhado para os galpões, para depois serem comercializados com a indústria recicladora”, garantiu a Prefeitura.
Verba seria destinada à iniciativa privada
No início da semana, autônomos do ReciclaBelô apontaram o movimento da PBH para destinar a verba voltada à reciclagem para a iniciativa privada, “sem qualquer garantia de que a empresa contratada contemplaria os catadores”.
“Na prática, o recurso foi incluído no edital de contratação de uma empresa privada para a organização do carnaval, com a expectativa de que essa empresa contrataria as instituições de catadores responsáveis pelo projeto. No entanto, não houve menção específica ao projeto ou ao trabalho dos catadores no processo”, diz trecho de uma nota publicada.
Segundo os trabalhadores, o cenário gerou insegurança nas cooperativas relacionadas, mas não durou muito tempo. Em reunião realizada nessa quarta-feira (19), o Executivo garantiu o investimento no projeto local. “O fato de esses trabalhadores atuarem para suprir necessidades básicas de subsistência não justifica sua exploração para o enriquecimento de terceiros”, destacou a ReciclaBelô.
Conforme a PBH, serão contempladas as cooperativas Asmare (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável), Coopemar (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Belo Horizonte), Coopersoli Barreiro (Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região) e Coopesol Leste (Cooperativa Solidária dos Trabalhadores e Grupos Produtivos da Região Leste).