“Ficamos muito inseguros quando entramos no elevador”, disse, ao BHAZ, um dos servidores do prédio da Justiça Federal (TRF-6), localizado no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na manhã desta segunda-feira (2), o técnico de manutenção, Ademir Rodrigues de Souza, morreu quando um dos elevadores do edifício despencou do 17º andar. Esse foi o segundo acidente envolvendo a estrutura em menos de cinco meses, já que, em julho deste ano, uma mulher ficou ferida ao tentar sair de um ascensor do Tribunal.
Conforme o servidor, que terá a sua identidade preservada, é perceptível que os elevadores não têm o estado de conservação ideal, já que são antigos. “Eu acho que eles precisam ser trocados. Tanto que a estrutura em que uma colega nossa se machucou está interditada até hoje, sendo que já se passaram quatro meses. Então, talvez ele seja trocado”, contou.
O colaborador, porém, relata que não ouviu falar sobre uma previsão de troca dos elevadores. “Não dá. Eu costumo trabalhar presencial todos os dias e, por isso, preciso subir vários lances de escadas. É uma situação adversa e o Tribunal não deveria colocar seus colaboradores em risco”, disse ao BHAZ.
O BHAZ entrou em contato com o TRF-6 para apurar se há verba prevista para a troca futura dos elevadores dos prédios do Tribunal e aguarda retorno.
Servidora ainda se recupera de acidente
Em 11 de julho deste ano, a técnica judiciária, Luciene Aparecida, de 59 anos, teve a perna prensada no elevador devido a uma parada repentina da estrutura entre o térreo e o subsolo. A passageira tentou sair da cabine, mas o elevador se mexeu e acabou prendendo a vítima. Em entrevista ao BHAZ, a mulher contou que precisou passar por quatro cirurgias no pé e ainda precisa se locomover com uma cadeira de rodas.
“Agora comecei a fazer fisioterapia e, conforme a recomendação médica, não posso colocar os pés no chão. Vou começar esse processo semana que vem”, explicou a vítima, que também sofreu uma fratura exposta na tíbia.
Luciene ainda contou que todos os gastos envolvidos com a recuperação do acidente estão sendo restituídos pelo Tribunal. “Todos os tratamentos que faço são feitos o reembolso. Durante esse tempo, precisei contratar uma pessoa para me ajudar em casa, e eles também pagam o valor”, disse.
Devido aos ferimentos, a técnica foi levada para o Hospital João XXIII. Já os demais passageiros saíram pelo subsolo, quando o equipamento parou nivelado. “Deus me deu o livramento e, na hora, gritei muito por Nossa Senhora, porque eu fiquei presa dos seios para baixo. Graças a Deus estou bem e me cuidando”.
Ao saber do acidente desta manhã, Luciene afirmou que tomou um susto. “Fiquei muito trêmula e nervosa com o acontecimento. Estou fazendo todo acompanhamento psicológico também”, finalizou.
Queda com morte
Na manhã desta segunda-feira (2), um homem morreu quando o elevador despencou do 17º andar. Conforme o TRF-6, a vítima é Aldemir Rodrigues de Souza, técnico de manutenção contratado pela empresa Reformar Elevadores.
Segundo o Tribunal, a companhia já tinha concluído a modernização de três elevadores do prédio localizado no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de BH. Só faltava a finalização na cabine envolvida no acidente.
“O Tribunal esclarece que a manutenção técnica dos elevadores é mantida rigorosamente em dia. Além disso, manifesta solidariedade à família de Aldemir e está prestando todo o apoio necessário”, informou o tribunal.
“Como medida de segurança, o TRF6 determinou que todos os servidores, colaboradores terceirizados e estagiários que trabalham no prédio, permaneçam em teletrabalho pelo período de uma semana”, completou.