A Polícia Civil de Minas Gerais detalhou o histórico criminal de Francisco Oliveira de Faria, de 35 anos, suspeito de agredir a enteada, de 11, num motel em Contagem na última quarta-feira (11). De acordo com o órgão, o homem teria agredido ao menos outras quatro mulheres e importunado sexualmente uma familiar no passado. As informações foram repassadas em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (16) na sede do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam), em Belo Horizonte.
Segundo a delegada Mellina Clemente, da Delegacia de Atendimento à Mulher de Contagem, Francisco possui registros de ataques contra duas garotas de programa e duas ex-companheiras, sendo uma delas a mãe dos seus filhos. Conforme as investigações, as agressões do homem seguem um modus operandi de estrangulamento seguido de investidas no chão, além do caráter sexual dos ataques.
Clemente não descarta a possibilidade de crime do investigado contra outras pessoas. “Pelo perfil dele, pela quantidade de violência que ele já praticou contra mulheres, pode ser que novas vítimas apareçam após a repercussão do caso [da enteada]. Foi o que aconteceu na semana passada. Uma vítima, parente, procurou a delegacia narrando que foi importunada sexualmente numa festa de final de ano”, disse a delegada na coletiva.
Entenda o caso
Francisco Oliveira de Faria é investigado, desde quarta-feira passada (11), por suspeita de agredir a filha da então companheira num motel. Ele e a mãe da criança, que moravam juntos há cinco meses em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, estavam em Contagem, na Grande BH, para que a mulher fosse apresentada à família de Francisco.
Segundo relato da mãe da menina agredida, o suspeito falou que passaria num shopping e visitaria o filho na casa da ex-esposa antes de voltar para Divinópolis. Ele teria pedido para que a enteada fosse junto dele. A mãe da criança teria proposto de acompanhá-los, mas Francisco teria levado a criança antes que a companheira pudesse alcançá-los.
Já no carro, o homem teria pedido à menina que se abaixasse no banco do veículo. Nisso, Francisco entrou num motel. De acordo com Clemente, os funcionários do estabelecimento afirmaram à Polícia Civil que não identificaram a presença de uma criança no veículo, por isso o acesso foi liberado. Dentro de um quarto, o homem teria desferido socos, chutes e estrangulado a enteada.
Ainda conforma a delegada, o padrasto chegou a morder as costas, lábios e pescoço da criança e disse que a mataria afogada numa banheira. Em determinado momento, a vítima conseguiu escapar do quarto e pedir socorro. Ela foi acolhida pelo gerente do motel, que a encaminhou à UPA Ressaca, também em Contagem. Segundo Clemente, há suspeita de estupro de vulnerável, embora não haja comprovação de conjunção carnal.
Fuga e captura
À Polícia Civil, os funcionários do motel explicaram que Francisco evadiu do local tão logo a criança escapou do quarto. Os portões do estabelecimento estariam abertos, o que teria facilitado a fuga.
Na sexta-feira (13) última, o suspeito foi localizado pela Polícia Militar Rodoviária na MG-188, no entroncamento com a BR-365, em Patrocínio, no Alto Parnaíba. De acordo com o capitão Vinícius Araújo Barroso, sub-comandante do BPMRv de Minas Gerais, na abordagem, Francisco não ofereceu resistência.
“Nós encontramos alguns objetos que chamaram a atenção. Um deles, um mapa com destino a Londrina, no Paraná, o que deu a entender que ele [Francisco] tinha a intenção de tomar aquele destino”, disse o capitão. O carro apreendido no momento da captura era o mesmo utilizado para levar a enteada ao motel, uma Volkswagen Saveiro branca, cujo número da placa já era de ciência dos agentes de segurança.
Além do mapa, foram encontrados no carro uma bucha de maconha e valor em torno de R$ 1.400 em dinheiro vivo. “Já havia sido emitido um mandado de prisão nesse trabalho integrado com a Polícia Civil. Então ele foi preso tanto pelo mandado quanto por estar sob efeito de substância psicoativa na condução do veículo”, detalhou Barroso na coletiva.
Segundo a delegada Clemente, Francisco foi preso preventivamente e a investigação segue para definição do indiciamento. Além do viés sexual, o suspeito pode ser indiciado por tentativa de feminicídio contra a enteada.