‘Achei que ia morrer’: Motorista de app espanca e enforca passageira após exigir ‘extra’ por corrida

camila andrade
Condutor tentou enforcar a empresária dentro do carro dele (Reprodução/@MyllaAndradece /Twitter)

Uma autônoma de 34 anos usou as redes sociais para denunciar agressões por parte de um motorista de aplicativo em Juazeiro do Norte, no Ceará. O caso ocorreu na noite do último domingo (29), quando ela pediu um carro da 99 para ir até um bar. Ao BHAZ, Camila Andrade narra que o homem tentou enforcá-la e proferiu diversas ameaças, além de tentar culpá-la pela violência. A reportagem contatou a 99 e aguarda retorno.

A hashtag #JustiçaPorMylla movimenta as redes sociais desde que a mulher decidiu compartilhar a experiência assustadora. Imagens das câmeras de segurança de um vizinho (assista abaixo) mostram a série de agressões que o condutor protagonizou, em questão de minutos.

Motorista queria extra pela corrida

Camila conta que pediu o carro de aplicativo para sair à noite e, logo de cara, o motorista agiu em tom de ignorância. Ele afirmou que não faria a corrida pelo valor do aplicativo e que cobraria a mais, o que ela não aceitou. Por conta disso, ele pediu que ela cancelasse a corrida e descesse do carro. A mulher recusou, já que precisaria arcar com a taxa do app, e realmente deixou o veículo.

Foi então que, por volta das 19h30, as ofensas verbais começaram. Para se precaver, ela decidiu fotografar a placa do carro e ele a questionou sobre uma suposta intenção de gravar imagens. Nesse momento, o condutor desceu e continuou os xingamentos, até que ela se dirigiu à porta de casa na intenção de entrar.

“Aí ele começa a me ameaçar, dizendo que eu bati a porta do carro dele com força, que eu era uma rapariga, uma vagabunda. E nisso já dá o primeiro tapa. Quando ele dá o primeiro tapa, o meu celular cai no chão. Ele apanha, fica com o celular dele na mão e o meu na outra, e eu começo a gritar pelos vizinhos”, narra no vídeo.

Agressões físicas e verbais

Após alguns minutos, as agressões se intensificaram. Com o celular de Camila na mão, o motorista a prensou contra o carro de forma bruta e a jogou dentro do veículo. Ao BHAZ, a vítima conta que ele segurou o pescoço dela com uma mão e, com a outra, desferiu socos. “Nesse momento ele começou a me enforcar e eu achei que eu ia morrer. Eu achei que ele ia me matar”, diz.

Em função das agressões, a moça começou a gritar por socorro. Ele se negou a devolver o celular e chegou a levantar a blusa dela, o que deixou os seios expostos. “Eu peguei a chave do carro, que estava na ignição, e achei que era a única forma de não deixar ele ir embora impune. Porque no celular eu tinha foto dele e a foto da placa. Se ele fosse embora, eu estaria de mãos atadas. Eu não sabia que eu ia conseguir o registro das câmeras do vizinho”, recorda.

Depois que os vizinhos notaram o pedido de socorro, Camila pediu para que alguém chamasse a polícia. Ele foi conduzido à delegacia por uma viatura, mas acabou sendo liberado antes mesmo de ela deixar o local.

Camila teve diversos ferimentos em função das agressões
(Camila Andrade/Acervo pessoal)

Histórico de agressão contra mulheres

Além dos vídeos em que narra cada momento do ocorrido, Camila compartilhou um recado do advogado dela à 99. Danilo Loiola questiona a segurança das corridas, uma vez que a moça esteve sujeita a violências não somente verbais, mas também físicas.

“Eu tenho alguns questionamentos pra fazer. 99, o povo quer saber como vocês aceitam motorista que tem histórico de agressão contra a mulher. 99, o povo quer saber como vocês aceitam motorista que tem passagem por porte ilegal de arma”, pergunta o advogado.

“99, eu tenho um amigo que manda os filhos para os motoristas de vocês. Eu mando minha mãe. Esse caso não é justiça só por Mylla. É também, mas é justiça por todo mundo que usa o aplicativo de vocês. Então a gente quer um posicionamento da empresa”, conclui.

Camila narra que, além de agredi-la, o rapaz tentou culpá-la pelo início da discussão. “Quando os vizinhos saíram, ele já tava falando num tom bem calmo dizendo que eu era uma louca. Disse que ele era evangélico, que ele frequentava a igreja e que ele apenas se defendeu. Inclusive, ele disse para várias emissoras que não me agrediu”, explica.

O que diz a 99?

Camila conta que o celular dela quebrou após ter sido tomado pelo motorista. Quando consertou, recebeu uma ligação da empresa informando que o agressor foi banido da plataforma. A 99 disse “lamentar o ocorrido”, além de defender que esse não é o tipo de experiência que a empresa deseja aos usuários.

Segundo a autônoma, conhecidos já fizeram viagens com o mesmo homem e ele também exigiu uma taxa extra pelas corridas. “Depois que aconteceu isso, várias pessoas me mandaram até prints de viagens que fizeram com ele e explicaram que passaram pela mesma situação. Ele pedia uma taxa extra já em tom de arrogância. Recebi relatos até de homens”, explica.

A reportagem procurou a 99Pop e aguarda posicionamento. A matéria será atualizada tão logo a resposta seja enviada.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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