Atriz Juliana Caldas chora ao falar de nanismo em ‘Amor Sem Medida’, da Netflix

Juliana Caldas
A atriz, que já participou de produções da Globo, se emociona durante desabafo em vídeo no Instagram (Reprodução/@juzinha.caldas/Instagram)

A atriz Juliana Caldas emocionou ao gravar um vídeo, compartilhado no Instagram, no qual critica a abordagem do nanismo na nova comédia brasileira da Netflix “Amor Sem Medida”. O filme conta o romance entre Ricardo Leão (Leandro Hassum) e Ivana (Juliana Paes) que sofrem pela diferença de altura por causa do nanismo de Ricardo.

No vídeo publicado nessa quarta-feira (1), Juliana expressou sua indignação pelas piadas capacitistas e preconceituosas e chorou ao perguntar até quando tal tipo de humor será aceito. “Não dá mais para aceitar hoje um filme que faz você sentar e rir disso, rir dos outros, rir da condição do outro, sabe? No caso, né, da deficiência do nanismo”.

Uma das principais críticas de Juliana é o fato do ator Leandro Hassum não ser uma pessoa com nanismo. “Eles fizeram computação gráfica, diminuíram [o Leandro Hassum] em computação gráfica, essas coisas, para mostrar que ele tem baixa estatura”, disse em um trecho.

”E, depois disso, a maior parte do filme tem piadas totalmente capacitistas, totalmente preconceituosas e que, cara, não dá para aceitar hoje em dia”, continuou a atriz. Ela também lembra que dia 3 de dezembro é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e reflete até quando as PcDs serão alvo de piadas ridículas.

Um dos momentos mais marcantes para Juliana, que não conseguiu assistir todo o longa-metragem, foi uma “piada” que ela relata no vídeo: “Uma das abordagens do filme é comparar o órgão sexual masculino do cara com o tamanho dele. É um absurdo, a gente tenta lutar por respeito, pelo nosso espaço”.

A atriz também refletiu sobre a falta de empatia do público e da produção. Juliana diz que o nanismo ainda não é levado tão a sério quanto outras causas e ainda é aceito pelo público geral o humor capacitista. Para ela, está se tornando cansativo explicar o óbvio e pedir a empatia das pessoas. “Eu espero que as pessoas realmente, além de entender, coloquem em prática a empatia”.

Juliana Caldas fez sua primeira participação na televisão na novela O Outro Lado do Paraíso, em 2017. No drama, o nanismo foi tratado na narrativa. “Na minha opinião, não se dava margem e abertura para você rir disso. Pelo contrário. [Na novela] Se dava abertura de você questionar, sim, sobre muitas coisas e para pensar o quanto isso fere o próximo”.

Além de Juliana, o ator Giovanni Venturini, que interpreta Nico sardinha na novela Cúmplices de um Resgate, também se pronunciou em um vídeo nas suas redes sociais sobre o filme há seis dias. Nele, o ator relembra as outras três versões do roteiro, que também erraram ao representar uma pessoa com nanismo, mas reforça que a versão brasileira é a pior e mais capacitista. 

Termos agressivos, pejorativos e piadas de mal gosto estão presentes em toda a obra. “Chega gente, não dá mais! Não dá mais para fazer esse tipo de humor”. Indignado, no final do vídeo, Giovanni reivindica respeito e pede ”oportunidades para atores com deficiência”.

Juliana Paes e Leandro Hassum não comentaram as críticas publicamente até o momento, assim como a Netflix. Nas redes sociais, internautas criticaram o filme antes mesmo do vídeo gravado por Juliana Caldas. Veja parte da repercussão:

O que é capacitismo?

Capacitismo é toda e qualquer forma de preconceito com Pessoas com Deficiência (PcD). São situações ou expressões na qual um PcD é ofendido ou minimizado por causa de sua deficiência ou recebe tratamento desigual baseando-se na crença de que ela é menos apta a tarefas do dia a dia. Exemplos de expressões capacitistas são: fingir demência, dar uma de joão sem braço ou dizer que a pessoa está cega por não ter visto algo.  

Edição: Roberth Costa
Giulia Di Napoli[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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