José Celso Martinez Corrêa, criador do Teatro Oficina, morre aos 86 anos

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José Celso Martinez Corrêa morreu aos 86 anos

O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, criador do Teatro Oficina, morreu nesta quinta-feira aos 86 anos. O diretor teatral foi internado na terça-feira com mais de 50% do corpo queimado após um incêndio em seu apartamento em São Paulo.

Além de Zé Celso, estavam no apartamento dois atores e o marido do dramaturgo Marcelo Drummond, de 60 anos, com quem ele se casou no mês passado depois de 40 anos de relacionamento. Os três permaneceram em observação médica por terem inalado fumaça do incêndio, assim como um cachorro.

Nas redes sociais, o Teatro Oficina publicou a seguinte frase ao confirmar a morte de Zé Celso: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo.”

Quem é José Celso Martinez Corrêa?

Ele encarou a ditadura militar e foi perseguido por suas montagens dionisíacas. Zé Celso foi preso, torturado e exilado, e produziu documentários sobre as revoluções portuguesa e moçambicana. O documentário Zé Celso: tupy or not tupy lembra que ele trabalhou com grandes nomes das artes, como Augusto Boal, Chico Buarque, Sérgio Britto, Raul Cortez e Pascoal da Conceição.

José Celso Martinez Corrêa  nasceu em Araraquara no ano de 1937. Em 1955 entrou para o curso da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, profissão que nunca exerceu. Entretanto no período em que esteve no Largo São Francisco formou o Teatro Oficina e foi ali  que seus primeiros textos Vento Forte para Papagaio Subir (1958) e A Incubadeira (1959), foram encenados.

No início da década de 60, ele se profissionaliza, e a sede do grupo é transferida para o teatro da Rua Jaceguai, onde três anos depois Zé Celso dirigia Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, peça de sucesso que ganhou diversos prêmios, mas que foi censurada no ano seguinte, quando o Brasil mergulhou na ditadura militar. Após um incêndio, o teatro da Rua Jaceguai foi reformado e a primeira montagem dessa nova fase foi O Rei da Vela, em 1967, com base num texto escrito por Oswald de Andrade na década de 30, também encenada por Zé Celso.

A partir de 1968, o grupo monta Roda VivaGalileu Galilei e Na selva das cidades. Depois disso, Zé Celso se dedicou ao filme O Rei da Vela e enfrentou um período de crise, sofrendo com a repressão. Em 1974, chegou a ser preso, sendo solto depois de 20 dias, e se exilou em Portugal, onde fez o filme O Parto, por ocasião da Revolução dos Cravos. No ano seguinte, foi a Moçambique, onde filmou a independência do país. Zé Celso voltou para São Paulo em 1978 e retomou o trabalho à frente do Oficina.

Nos anos 80, o ator e diretor fez um intervalo nas produções, mas passou a lutar pela permanência da companhia no local, onde já havia se consolidado, já que, em 1982, o dono do quarteirão onde o imóvel está localizado, o Grupo Silvio Santos, anunciou a construção ali de um shopping center, gerando mobilização dos artistas junto à sociedade civil e autoridades governamentais. O tombamento do espaço cênico do Oficina como patrimônio histórico da cidade de São Paulo contribuiu para a resistência contra os objetivos do grupo.

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