‘Marighella’: Filme de Wagner Moura sofre boicote em site de avaliação antes da estreia no Brasil

marighella
Avaliado por mais de 46 mil pessoas, o filme tem uma nota média de 3,6 estrelas, sendo que a máxima é 10 (Reprodução/IMDB)

O filme de Wagner Moura, “Marighella”, estreia nos cinemas brasileiros apenas no dia 4 de novembro, mas já vem sendo alvo de ataques. Avaliações do longa-metragem no IMDB – uma das principais “enciclopédias” digitais de cinema e cultura pop – apontam que o filme tem sido boicotado na plataforma. Por lá, espectadores fazem críticas e dão notas às obras. No caso de Marighella, notas bem baixas.

Avaliado por mais de 46 mil pessoas, o filme tem uma nota média de 3,6 estrelas, sendo que a máxima é 10. Em 2019, uma ação organizada por bolsonaristas já havia promovido boicote ao filme no site, que chegou a apagar cerca de mil críticas negativas e precisou suspender sua avaliação.

Nos comentários da página destinada à obra, dezenas de pessoas escreveram sobre o boicote. O longa conta a história do escritor e guerrilheiro brasileiro Carlos Marighella, morto pela ditadura militar.

“Isso é por causa da situação política no Brasil, da divisão entre esquerda e direita, com um ex-presidente militar de extrema direita que na verdade defende a ditadura contra a qual Marighella lutou e foi vítima. Os apoiadores dele vêm aqui, mesmo sem ter assistido ao filme, desde muito antes do filme ser lançado oficialmente, e despejam críticas”, pontuou uma pessoa.

Polêmica antiga

O filme “Marighella”, dirigido por Moura e estrelado por Seu Jorge, tenta emplacar no cinema brasileiro há dois anos. Fora do Brasil ele tem sido visto e prestigiado desde sua estreia no Festival de Berlim em 2019.

Por aqui, a estreia do longa-metragem tem sido marcada por adiamentos, por conta de um conflito com a Ancine (Agência Nacional do Cinema). A instituição chegou a arquivar duas vezes o projeto de lançamento do filme.

No ano passado, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, disse no twitter que “Madame Satã e Marighella nunca serão nossos heróis”. A declaração foi feita ao anunciar a inclusão de militares e policiais negros na lista de personalidades negras da Fundação (relembre aqui).

‘Filme foi censurado’

Em entrevista à Folha de S. Paulo no último sábado (23), Wagner Moura comentou sobre a relação do longa com o governo atual, e não poupou críticas a Jair Bolsonaro. “Veio do esgoto da história”, disparou o ator e diretor (veja aqui).

Durante a entrevista, Moura disse não ter dúvidas que o motivo dos atrasos por parte da Ancine foram censura. “Eu tenho uma visão muito clara sobre isso e não tenho a menor dúvida de que o filme foi censurado”, afirmou.

“As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência, que filmes como ‘Bruna Surfistinha’ eram inadmissíveis”, acrescentou o artista.

O diretor de Marighella relembrou, ainda, que os filhos de Jair Bolsonaro (sem partido) foram até as redes sociais comemorar a negativa da Ancine. “Talvez, hoje, haja uma maior compreensão de que isso é um produto cultural brasileiro, que o fato de ser proibido, censurado, atacado pelo governo é um absurdo”, pontuou.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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