A humorista Lorrane Silva, mais conhecida como Pequena Lô, usou as redes sociais para expôr problemas relacionados à acessibilidade do Lollapalooza, que reuniu diversos artistas durante o fim de semana. Pelo Instagram, a influenciadora digital – que usa uma “motinha” para se locomover – contou que precisou ser carregada até o palco eletrônico do festival no último sábado (26), já que o local não tinha rampa e o elevador estava estragado.
“E foi assim que me subiram pro palco eletrônico, porque não colocaram rampa e o elevador não tá funcionando, e quase não quiseram deixar eu subir mesmo pela escada. Mas esse moço que nem nunca me viu quis me ajudar me pegando no colo”, escreveu a humorista, ao compartilhar o vídeo de um rapaz a carregando.
Nesta segunda-feira (28), Pequena Lô voltou a falar sobre o assunto e disse que tem recebido críticas por ter mostrado as dificuldades enfrentadas por ela para se locomover pelo Autódromo de Interlagos. Segundo a humorista, algumas pessoas afirmaram que ela não deveria ter ido.
“Acabei de ver alguns comentários sobre o que aconteceu comigo e com outras pessoas no Lolla, sobre a falta de acessibilidade. Falando que o errado é a gente de ir nesse evento, sabendo que não tem acessibilidade. Eu queria não ter lido isso, me deixa tão irritada”, escreveu.
Falta de acessibilidade no Lolla: Pequena Lo precisou ser carregada pois não tinha rampa no local e o elevador não estava funcionando pic.twitter.com/KTL98Xdvqm
— Fofoquei #BBB22 (@FOFOQUEl) March 28, 2022
‘Deixaram a desejar’
A humorista, que soma mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, contou que a organização do evento “deixou a desejar”. Ela também ressaltou que é direito de todas as PCDs (Pessoas Com Deficiência) frequentarem espaços de lazer.
“A gente tem que ir SIM nesses eventos porque temos direito como todas as outras pessoas. Se a gente não frequenta e não fala sobre a falta de acessibilidade, não vai mudar, e aí que a falta de inclusão vai crescendo. Então temos sim direito de ir e vir onde quisermos”, desabafou a mineira.
Pequena Lô disse que foi constrangedor depender de um desconhecido para acessar o palco eletrônico do festival e ainda afirmou que nenhum funcionário do evento prestou o devido suporte. “Por isso resolvi postar, para que nos próximos anos tenha a evolução e uma maior inclusão”, escreveu.
E se não formos nesse eventos sejam eles com grandes nomes, ou até mesmo um evento pequeno. Se a gente não frequenta e não fala sobre a falta de acessibilidade, não vai mudar, e aí que a falta de inclusão vai crescendo. Então temos sim direito de ir e vir onde quisermos +
— Lôzinha (@_pequenalo) March 28, 2022
Então por isso resolvi postar, pra que nos próximos anos tenha a evolução e uma maior inclusão. E que sirva também de exemplo pra todos os outros eventos, pra que a gente consiga divertir como todos que estão ali. E se eu tenho voz pra representar todos as outras pessoas +
— Lôzinha (@_pequenalo) March 28, 2022
Público expõe ‘perrengues’
Pequena Lô não foi a única a denunciar problemas relacionados à acessibilidade durante o Lollapalooza. A influencer Lorena Eltz, diagnosticada com a Doença de Crohn, disse ter enfrentado alguns transtornos com a sua bolsa de ileostomia por não encontrar banheiros próximos ao local em que ela assistia aos shows.
“Para quem usa bolsinha sabe que andar muito e ficar sem banheiros são coisas que não rolam. Não vi um banheiro perto dos lugares que passei, só na saída, depois de caminhar mais de 15 minutos. Eu simplesmente estava com cocô escorrendo por toda minha calça, tênis e tudo mais. Minhas amigas me ajudaram a limpar e eu voltei para casa chorando”, desabafou Lorena.
Já a influencer Giovana Massera contou que não teve ajuda para “desatolar” sua cadeira de rodas enquanto se deslocava para uma área destinada a PCDs. “Por conta do descaso dos organizadores e alguns bombeiros, quando a cadeira atolava na lama, não havia bombeiros por perto para ajudar, então minha irmã tinha que empurrar da lama sozinha”, contou.
O que diz o Lollapalooza?
Procurado pelo BHAZ, o festival Lollapalooza afirmou que “tem como compromisso realizar um evento inclusivo, em que todos são bem-vindos”. “A cada ano, o festival aprimora a sua estrutura e pensa em melhorias para que todos tenham uma boa experiência dentro do Autódromo de Interlagos”, diz trecho da nota enviada à reportagem (leia na íntegra abaixo).
A nota lista ainda uma série de iniciativas adotadas para garantir a acessibilidade no evento, coo portões exclusivos para pessoas com deficiência e carrinhos de golfe para facilitar a locomoção, entre outros. “Todos os serviços serão avaliados e aperfeiçoados para as próximas edições”, garantiu o festival.
Nota do Lollapalooza na íntegra
O Lollapalooza Brasil tem como compromisso realizar um evento inclusivo, em que todos são bem-vindos. A cada ano, o festival aprimora a sua estrutura e pensa em melhorias para que todos tenham uma boa experiência dentro do Autódromo de Interlagos. Neste ano, o LollaBR teve acesso em portão dedicado para pessoas com deficiência, carrinhos de golfe para levar até a área do festival, plataformas elevadas para assistir aos shows e equipamentos motorizados para facilitar a locomoção pelo espaço, assim como profissionais intérpretes de LIBRAS e aparelhos de audiodescrição. Todos os serviços serão avaliados e aperfeiçoados para as próximas edições.