“O senhor conhece Belford Roxo quando chove, ‘Seu’ Armando?”. Se você mantém perfis nas redes sociais, ou é daqueles que recebe o que está em alta no WhatsApp, certamente se deparou, nos últimos dias, com um áudio nada amigável direcionado ao “Seu Armando”. A gravação de pouco mais de 1 minuto viralizou e, como não poderia ser diferente, internautas de várias partes do país começaram uma saga para encontrar o dono da padaria – um português muito “FDP”, como descreve o responsável pelo recado enviado ao “patrão”.
Uma padaria localizada em Botafogo, no Rio de Janeiro, até passou a ser apontada como o local de trabalho do funcionário que demonstrou bastante revolta contra o “Seu Armando”. O estabelecimento começou a receber avaliações negativas e críticas, o que fez os responsáveis explicarem por meio das redes sociais que não há nenhum “Seu Armando” por lá, apenas “o melhor pão de fermentação natural” e “muito trabalho”. “Cuidado. Calúnia e difamação podem levar a processo”, avisou a padaria em outro post a respeito do assunto.
A repercussão do áudio continuou a todo vapor, sem que o “Seu Armando” fosse encontrado, e não demorou para que a voz por trás da gravação fosse identificada. Trata-se do autônomo Leandro Menezes, de 38 anos, que não conhece nenhum Armando dono de padaria e muito menos trabalha “enchendo saco de farinha”. Ou seja, o “barraco” não passou de uma brincadeira.
Menezes contou com a ajuda dos amigos Bruno Castanha, um educador físico de 35 anos, e Thaís Ribeiro, uma estudante de psicologia, de 33, para criar o conteúdo. Juntos, eles são os responsáveis pelo canal de humor “Ninja O Sincero”, no YouTube, onde o recado para “Seu Armando” deveria ter sido publicado antes de ganhar tamanha repercussão.
Ao BHAZ, o autônomo contou, nesta quarta-feira (10), que o áudio foi gravado depois que ele ouviu uma mulher falando com um patrão pelo telefone. “Na verdade, não é que o ‘Seu Armando’ não exista. Existem muitos ‘Armandos’ por aí. Eu vi uma mulher reclamando com o patrão dela que não conseguia chegar ao trabalho e, pelo que entendi, ele não estava nem aí”, conta. “Eu me coloquei no lugar dessa mulher e de muitos trabalhadores. A gente sabe que patrão oprime mesmo”, explica.
Menezes ainda diz que não sabe como o áudio vazou e que não esperava tamanha repercussão. “Eu não se se foi bom ou se foi ruim [o áudio ter viralizado], não estou acostumado com essas coisas de pessoas me ligando o tempo todo, de gente pedindo foto e me convidando pra ir nos lugares”, relata. “Eu falo aquilo que eu acho e acho que falo o que o povo gosta de ouvir. Já falaram que tenho talento, mas vou usar isso para o canal”, diz.
O autônomo ainda diz que poderia ter dado qualquer outro nome para o dono da padaria português, já que Armando surgiu do nada na cabeça dele. Ainda pondera estar tranquilo com as críticas que tem recebido – o áudio viralizou justamente quando o Rio de Janeiro enfrenta uma crise com mortes relacionada às chuvas -, e ressalta não ser favorável a nenhum partido político.
“As pessoas vão criticar qualquer coisa, nem Jesus agradou e não vou ser eu que vou”, diz. “Eu fiz isso para botar no meu canal, as pessoas têm que se ligar. Essa, na verdade, é uma história real de muito trabalhador”, finaliza.
