VÍDEO: ‘Te dou uma coronhada’, diz cliente ao ameaçar entregador por não subir em apartamento

cliente ameaça entregador
O entregador filmou o momento em que o homem o intimida por não ter subido no apartamento para realizar a entrega (Reprodução/Redes sociais)

Entregadores de delivery do Rio de Janeiro realizaram uma manifestação, ontem (20), em solidariedade a um trabalhador alvo de ameaça por parte de um cliente. O entregador gravou imagens que mostram o homem o intimidadando por não ter subido no apartamento para realizar a entrega.

O caso ocorreu em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, no domingo (19) e gerou revolta nas redes sociais e fora delas. Nas imagens, divulgadas pelo próprio entregador, é possível ouvir o cliente reclamando da entrega.

“Tu é brabo da onde, meu parceiro?”, questiona alterado, ao que o trabalhador responde: “Eu só não posso subir”. O diálogo se desenrola com uma ameaça por parte do morador. “Aqui tu só morre por causa de milícia, meu parceiro, se eu descesse armado, te dou uma coronhada, seu filho da p***”, disse.

Na sequência, o cliente ainda questiona se o entregador estaria alcoolizado e volta a perguntar o motivo de ele não subir até o apartamento. Além disso, o homem ainda se recusa a passar o código para finalizar a entrega (assista abaixo).

Posicionamento do iFood

Por meio de nota ao jornal O Dia, o iFood ressalta que o entregador não é obrigado a subir até o apartamento do cliente. Além disso, a plataforma diz entender que há variáveis como regras do condomínio e até mesmo questões de segurança.

“Reiteramos que as boas práticas na relação com entregadores têm sido reforçadas constantemente nos canais de comunicação da empresa e também em campanhas nas redes sociais, e pelo próprio aplicativo para clientes”, afirma o comunicado.

Entregador tem que subir em apartamento?

Segundo Edgar da Silva, presidente da Amabr (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil), ouvido pelo BHAZ, não há lei que obrigue os entregadores a subirem até o apartamento do cliente. Motofretista há mais de 20 anos, ele compara o trabalho de delivery ao de um carteiro, que “leva [a entrega] de um endereço ao outro”. Sendo assim, a exigência é descabida e muitas vezes prejudica o profissional.

“O motoboy já ganha pouco. Aí se ele para a moto, deixa na rua, corre o risco de ela ser roubada com outras mercadorias dentro. Ele vai subir, de andar por andar. Às vezes tem várias entregas no mesmo prédio. Tudo isso aí, ele já perdeu uma noite. Não pagou nem a gasolina, já que costuma ganhar por entrega”, explica o líder da associação.

Ainda de acordo com Edgar, é preciso considerar o regimento de cada prédio e condomínio, já que alguns nem permitem a entrada. Ele destaca que, algum tempo atrás, era comum ficar sabendo de episódios criminosos envolvendo falsos entregadores. Para evitar esses impasses, a melhor solução é utilizar o bom senso e ter empatia com a realidade dos profissionais de delivery.

Sobre a entrega de mercadorias, o presidente da Amabr frisa que existe uma regulamentação universal. A Lei 12.009/09 determina, por exemplo, que os profissionais tenham habilitação de ao menos dois anos e sejam aprovados em curso especializado. Mesmo nos aplicativos de delivery, onde o consumidor tem a opção de escolher a forma de entrega, os entregadores podem optar por não irem até o apartamento.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!