O Carnabozo

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Apoiadores de Bolsonaro em carreata no domingo passado (Reprodução/@AnaMBolsonaro)
coluna colunista

No último domingo, algumas poucas manifestações favoráveis ao governo foram registradas Brasil afora. E, por mais estranho que possa parecer, elas se beneficiaram das medidas de isolamento social, que paradoxalmente ajudaram a dar um pouco mais de visibilidade a esses atos.

Antes, essas manifestações reuniam um número cada vez menor de participantes. As imagens aéreas mostravam grupos muito pouco numerosos – o que contribuía ainda mais para a desmoralização de tais mobilizações.

Agora, são organizadas carreatas, que conseguem ter muito mais visibilidade. Afinal, 200 pessoas na Praça da Liberdade passam despercebidas, mas uma fila com o mesmo número de carros consegue chamar muito mais atenção.

Provocam lentidão no trânsito, engarrafamento nas vias secundárias e ao se confundirem com o tráfego normal daquela área dão a impressão de ter ainda mais participantes. Isso sem contar que o buzinaço que provocam superdimensiona a manifestação.

Manifestar por quê?

Independentemente disso, essa última carreata conseguiu chamar a atenção por sua absoluta ausência de propósito.

Qual o seu sentido? Apoiar a ausência de uma política eficiente no combate à pandemia? Celebrar as mais de 270.000 mortes oficialmente declaradas? Ou comemorar que agora nem a empregada e nem a patroa podem ir para a Disney? Talvez seja uma confraternização pelo fim da Lava-Jato e pela prosperidade da família presidencial, que ostenta uma nova mansão em sua declaração de bens…

Não há um único feito do atual governo digno de ser celebrado. Nenhum. Nada, nadica de nada, como se diz por aí…

Para coroar o Carnabozo, inconcebível manifestação realizada no pior momento da pandemia no país, faltou aos participantes um único adereço: o nariz de palhaço.

Rodolpho Barreto Sampaio Júnior[email protected]

Rodolpho Barreto Sampaio Júnior é doutor em direito civil, professor universitário, Diretor Científico da ABDC – Academia Brasileira de Direito Civil e associado ao IAMG – Instituto dos Advogados de Minas Gerais. Foi presidente da Comissão de Direito Civil da OAB/MG. Apresentador do podcast “O direito ao Avesso”.

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