Paiva quer tarifa única para Uber, metrô e ônibus; e consultas por vídeo

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Rodrigo Paiva foi o 12º sabatinado na rodada de entrevistas do BHAZ (Moisés Santos/BHAZ)

O candidato do partido Novo à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), Rodrigo Paiva, promete reduzir o número de secretarias na capital de 14 para 10; criar um sistema de mobilidade que integre aplicativos de transporte, ônibus, metrô e táxis; reduzir impostos para reerguer a economia da capital no pós-pandemia e investir em tecnologia, com a criação de um aplicativo que vai centralizar os serviços municipais e com a identificação facial de moradores em situação de rua. Essas e outras informações foram reveladas em entrevista exclusiva ao BHAZ.

O empresário e ex-presidente da Prodemge (Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais) é o 12º candidato a participar da sabatina realizada pelo portal com todos os 15 postulantes a assumir a prefeitura a partir de 2021. Acompanhe a cobertura das eleições municipais em todas as nossas redes e clique no nome do candidato para conferir as entrevistas realizadas:

Rodrigo Paiva também quer implementar consultas médicas por videochamadas e propõe um seguro para população que mora em áreas de risco por conta do período chuvoso. Além disso, o concorrente também falou sobre sua passagem pela empresa de tecnologia do Governo de Minas, sua carreira, a relação com Zema e sobre o polêmico processo de seleção de candidatos do partido, cuja a própria participação só ocorreu após o pagamento de uma taxa de R$ 4 mil para se tornar o candidato da sigla.

Tudo no aplicativo 

Rodrigo Paiva tem a tecnologia como uma das principais bandeira de campanha. Nesse sentido, uma de suas propostas é a criação de um aplicativo que terá serviços da prefeitura disponíveis a um toque, inclusive com a atendimentos por videochamadas. “Eu quero o BH Resolve, aquele local que você vai até o Centro da cidade, não tem lugar para estacionar, não consegue parar. Então, o BH Resolve vai estar aqui dentro [do celular]”, projetou.

“Nós vamos mudar o nome do aplicativo, vai chamar BH App. Nós vamos colocar todos os serviços possíveis e imagináveis digitalizados, inclusive o atendimento com o próprio servidor. A gente pode fazer uma videoconferência. Isso funciona. Na pandemia, nós fizemos videoconferência com pessoas”, afirmou. 

O candidato espera repetir em BH o que fez enquanto presidia a empresa de tecnologia do estado. “Nós vamos usar e abusar da tecnologia. Eu vou criar o BH App e ele vai ter tanto sucesso como o MG App. Eu fui o presidente da Prodemge e assumi com cerca de 200 mil usuários no aplicativo que rodava no celular. Nós entregamos com mais de 1,2 milhão de usuários, com o boletim de ocorrência estando disponível aqui [no celular] e diversos outros serviço”, ressaltou. 

Tecnologia na saúde

O concorrente pelo Novo afirmou ainda que pretende usar a mesma tecnologia para sanar a demora no atendimento a pacientes e a fila de pessoas que aguardam consultas. “Eu chamo de telessaúde no meu plano de governo. Porque envolve a teleconsulta, se ela for permitida; envolve o telemonitoramento, que é monitorar um paciente à distância; e envolve a teleconsultoria”, disse Rodrigo Paiva. 

“Hoje, é um dos principais problemas da cidade. Você tem atendimentos em especialidades que demoram de um ano a um ano e meio para sair.  Eu estive com um candidato do partido Novo, que tem um  filho autista e está esperando uma fonoaudióloga há dois anos e meio. Isto é uma vergonha. Então nós temos que reduzir isso usando e abusando da tecnologia. E, além disso, vamos resolver também as questões que são possíveis, muitas delas são dúvidas, atestados, certificados ou licenciamento. Isso tudo pode ser feito pelo celular, nós temos tecnologia para isso”, acrescentou. 

Integração app, ônibus e metrô 

Ao ser questionado sobre soluções para o transporte público da capital, Rodrigo Paiva disse que pretende criar uma tarifa única que integre os aplicativos de transporte – Uber, 99, Cabify etc -, ônibus e o metrô. “Eu tenho um plano de criar uma integração dos modais. E eu vi isso acontecer naturalmente. Eu estava na Estação Diamante e quatro senhoras chegaram de aplicativo para pegar um ônibus. Então, a gente pode criar uma tarifa única para interligar esses modais, por exemplo, parte eu vou de aplicativo, parte eu vou de metrô”, afirmou.  

De acordo com o candidato, existe tecnologia possível para que isso seja feito. “Eu criei na Prodemge uma tecnologia inovadora que permite que essa integração. Então eu vou abrir esses dados da prefeitura. Eu vou abrir isso para a sociedade para haver inovação. Nós vamos resolver esse problema”, disse. 

Posteriormente, Paiva criticou a atual gestão do prefeito Alexandre Kalil (PSD). “Eu vou ser o prefeito que vai tirar a bunda da cadeira, eu vou correr atrás de recursos. O Kalil ficou sentado, esperando alguma coisa acontecer. Não lutou pelo metrô de Belo Horizonte. Isso é absurdo”, disparou.

“O prefeito de BH tem que ter prestígio político, correr atrás, viabilizar investimentos na cidade. No nosso pacto federativo, 70% dos impostos vão para a União. Então, temos que ir lá conversar com o governo federal, dar mãos ao governo do estado, viabilizar recursos para a cidade e atrair investimentos. Eu quero que Belo Horizonte cresça e apareça, que seja uma cidade respeitada”, acrescentou.

Identificação facial de moradores de rua

Questionado pela representante da pastoral da rua, Maria Cristina Bove, sobre as políticas voltadas para os moradores em situação de rua, Rodrigo Paiva disse que pretende viabilizar locais para que essas pessoas tomem banho e façam a higienização. “O que nós precisaríamos, primeiro, é dar dignidade a esses indivíduos, para que eles tenham um local onde possam fazer a higiene pessoal, onde eles possam tomar banho e lavar a mão”, alegou. 

“Eu tenho conversado com os comerciantes e vários têm dito: ‘Rodrigo, para eu abrir minha loja no Centro da cidade, tenho que chegar 1h30 ou 2h antes para limpar a calçada que está suja de fezes e urina’. As pessoas não entram no lugar que está com mau cheiro. Então a primeira coisa, é dar dignidade a esses indivíduos”, acrescentou.  

Da mesma forma, Rodrigo Paiva também aposta em tecnologia para levantar o número de moradores em situação de rua e fazer um cadastro deles, com uso de reconhecimento facial. “Vamos fazer um trabalho efetivo de estatística de quantas pessoas estão na rua, catalogá-los, identificar essas pessoas e fazer o reconhecimento facial. Inclusive, eu tenho um projeto para que essas pessoas recebam alimentação usando reconhecimento facial, usando tecnologia”, afirmou. 

Além disso, o concorrente disse que aposta em parcerias com o setor privado e ONGs para atender essas pessoas. No entanto, Rodrigo Paiva não estipulou uma meta, seja para o tempo de execução do projeto ou para o número de pessoas que pretende retirar das ruas. “Isso é impossível [definir uma meta]. As pessoas são livres para ficar, a gente não pode tolher essa liberdade. Mas eu acho que podemos reduzir bastante, dando assistência e viabilizando a questão das moradias”, argumentou. 

Cidade competitiva

Quanto ao desenvolvimento econômico, de acordo com Rodrigo Paiva, a capital mineira está perdendo empresas e investimentos para as cidades vizinhas. Dessa forma, sua estratégia é reduzir impostos para tornar BH “mais competitiva”. “Belo Horizonte está perdendo empresas, perdendo emprego e perdendo renda para os municípios vizinhos, para outras cidades e até para outros estados. Por exemplo, você vai abrir uma empresa, o ISS (Imposto Sobre Serviço) de BH é de 5%, em um município vizinho o ISS é 2%. Onde você abre sua empresa? É óbvio que é no município vizinho. Nós não temos mais pessoas bobas’, destacou.

“Portanto, a PBH tem que ser competitiva. Como vamos fazer isso? Eu vou ser o prefeito que vai reduzir impostos e eu vou fazer o que é preciso ser feito. Nós vamos diminuir o número de secretarias de 14 para, no máximo, 10. Nós fizemos isso no Governo do Estado de Minas Gerais e economizamos R$ 1 bilhão em quatro anos. E toda a economia que obtiver nessa redução da estrutura administrativa da prefeitura vai ser usado na redução de impostos, porque nós precisamos gerar emprego e renda”, afirmou. 

De acordo com Rodrigo Paiva, a cidade se tornou inimiga dos empresários. O empresário citou como exemplo o caso de um vendedor de rua que não tem licença de venda, mas precisa trabalhar. Segundo o candidato, o homem com quem ele conversou disse que corre da fiscalização para não perder seus produtos. “Quem corre é ladrão de polícia. Empreendedor que está trabalhando não tem que correr de ninguém. Então, nós temos que mudar esse paradigma, simplificar as regras. A prefeitura tem que adotar essa Lei de Economia mais simples”, disse. 

Redução de impostos

O candidato do Novo afirma que pretende reduzir impostos, mas que fará isso com cautela para não afetar e caixa da cidade. “Nós vamos reduzir impostos, mas com muita parcimônia. Para cada 1% que eu reduzo do ISS, nós temos economista chefe que fez esse estudo, eu reduzo a receita da PBH em 400 milhões. Então, existe um impacto financeiro que tem que ser muito bem dosado”, explicou.

No entanto, Rodrigo Paiva projetou uma meta econômica, caso seja eleito. “Eu vou revelar para vocês aqui um segredo que eu não contei pra ninguém ainda. Antes da pandemia, nosso objetivo era chegar ao final do meu mandato com o ISS com uma alíquota de 2% para todo e qualquer tipo de serviço. Eu não sei se, com a pandemia, isso vai ser possível ou não. Mas nós vamos trabalhar para que isso aconteça, porque a gente não quer discriminar um serviço do outro. E a gente quer a alíquota mínima para que Belo Horizonte seja competitiva e não aconteça aquele exemplo que nós vimos antes”, disse.

Redução das secretaria 

Em relação à redução das secretarias anunciada pelo concorrente, Rodrigo Paiva adiantou que a pasta que cuida de esportes deverá ser extinta. “Sobre a questão das secretarias, eu não tenho nada formatado, pois ainda dependo dos dados da prefeitura. Infelizmente, essa prefeitura não tem transparência nenhuma. Ou seja, a caixa-preta da BHTrans não era da BHTrans, a caixa-preta é da prefeitura, então ela não tem esse dado. Mas eu posso dar um exemplo bastante prático: a união da secretaria de Educação com a secretaria de Esportes”, afirma.

Ensino no contraturno

Além disso, com a junção das secretarias, o candidato pretende implantar um novo programa de ensino na capital. “Nós queremos dar o ensino de qualidade para as nossas crianças e, para isso, eu vou criar no contraturno das aulas regulares, não é educação física, é uma aula de esporte, de futebol, de vôlei, de basquete ou, se possível, se existir um clube social parceiro, até natação ou outro esporte que estiver disponível na região daquela escola”, propõe Rodrigo Paiva. 

“O esporte ensina a disciplina, trabalho em equipe e liderança. É isso que nós precisamos dar a essas crianças. Além do esporte. Elas vão ter aula de programação e lógica, aulas de inglês e de empreendedorismo. Porque é isso que interessa, preparar a criança para o século 21. Belo Horizonte não entrou no século 21 ainda”, acrescentou.

Volta às aulas

Rodrigo Paiva chegou a acionar o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) contra o prefeito Alexandre Kalil, por conta da recolhas dos alvarás das escolas da cidade. “Kalil cometeu um crime na área de educação. Não tem alternativa nenhuma de ensino. As escolas ficaram fechadas em razão da pandemia, mas deveria ter adotado uma solução de ensino à distância. Como eu já disse aqui que foi feito pelo Estado de Minas Gerais”, afirmou o candidato do Novo.

De acordo com o postulante, caso eleito, as aulas presenciais retornarão no início de 2021. “Eu sou a favor sim de que as escolas retornem às aulas, imediatamente, com todos os protocolos de segurança. E mais, tem que obedecer a vontade dos pais. Se o pai quer que a criança vá, a criança vai. Se o pai não quer que a criança vá, que a escola ofereça uma alternativa de ensino à distância, porque essa alternativa existe e é viável”, disse.

Seguro para áreas de risco

Uma das propostas do candidato é a viabilização de um seguro para pessoas que moram em áreas de risco de inundação. Para isso, propõe colocar a realização de obras como garantia para as empresas para viabilizar o seguro. 

“Eu sou engenheiro e sei como resolver esse problema. Precisamos de obra, os canais estão inadequados e precisa de construção de bacias de contenção. Então tem que ter obras. Se não tem recurso para essa obra, então tem que viabilizar os recursos dela. Minha ideia do seguro é o seguinte: nós vamos realizar essas obras e paralelamente fazer parceria com as empresas seguradoras para que não aconteça essas perdas absurdas que tem acontecido”, afirmou Rodrigo Paiva. 

Contudo, os cidadãos podem ter de arcar com o custo deste seguro. “Pode ser que o cidadão tenha custo sim, não estou falando que ele não vai ter custo. Portanto, é uma forma de viabilizar a garantia da propriedade e dos bens dele”, disse. “Então, a gente tem que tentar viabilizar para que essas pessoas tenham um seguro acessível e deixar que a prefeitura cumpra essas obras. E nós vamos buscar esse recurso”, acrescentou.

Quem pode, paga

Antes que se tornassem candidatos de fato, os pré-candidatos do partido Novo à PBH precisaram pagar uma taxa no valor de R$ 4 mil para participar do processo seletivo da sigla. O mesmo valeu para os candidatos à CMBH (Câmara Municipal de Belo Horizonte), que arcaram com uma taxa de R$ 350 para participar da seleção. 

Questionado sobre o custo de sua candidatura, Rodrigo Paiva defendeu a cobrança e respondeu, em suma, que “não existe almoço grátis”. “Se você comprovar que você não tem recursos para pagar essa taxa, você pode ser isento. Esse é o custo da consultoria que vai testar se você está preparado ou não para ser candidato a prefeito. É importantíssimo, é um processo seletivo. Não existe almoço grátis. As pessoas têm que entender isso”, disse.

Logo após, ao ser perguntado sobre o fato da taxa causar um efeito de segregação ou um afastamento das classes mais pobres do partido, o concorrente rebateu. “Não, não repele [as pessoas], até porque se você não tiver condições de pagar você pode pedir isenção, isso é possível. Quem pode, paga”, afirmou.

Edição: Thiago Ricci
Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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