Em vídeo enviado a uma conferência internacional de proteção a menores, neste sábado (18), o papa Francisco classificou a pedofilia como um “transtorno gravíssimo” e afirmou que é dever da Igreja Católica pedir perdão às vítimas desse crime. Em um trecho, ele defende que “o bem-estar das vítimas não seja posto de lado a favor da incompreendida preocupação com a reputação da Igreja como instituição”.
Entre domingo (19) e terça-feira (22), as igrejas da Europa Central e Oriental irão se reunir para debater o tema, em encontro realizado na Polônia. Para Francisco, “só enfrentando a verdade destes comportamentos cruéis e pedindo humildemente o perdão das vítimas e sobreviventes, a Igreja poderá encontrar o caminho para ser novamente considerada com confiança um lugar de acolhimento e segurança para aqueles com necessidade”.
Na mensagem, o papa ainda ressalta a importância de se “reconhecer os erros e falhas”. “Isso pode fazer-nos sentir vulneráveis e frágeis, é certo, mas também pode ser um tempo de graça esplêndida, um tempo de esvaziamento, que abre novos horizontes de amor e serviço mútuo”, acrescenta.
‘Persistem em ocupar o lugar de Deus’
Ainda na manhã deste sábado (18), durante uma missa em Roma, o papa Francisco falou sobre manifestações de preconceito e intolerância. Ele chegou a afirmar que “em nome de Deus não se pode discriminar”. Em vez de segregar, segundo o papa, o cristianismo deveria “reconciliar diferenças e distâncias, transformando-as em familiaridade, proximidade”.
“Na Igreja existem aqueles que persistem em ocupar o lugar de Deus, pretendendo modelar a Igreja em suas próprias convicções culturais e históricas, forçando-a às fronteiras armadas, aos costumes culpáveis, à espiritualidade que blasfemam a gratuidade da ação envolvente de Deus”, ressalta.
“A Igreja é testemunha, por palavra e por atos, do amor incondicional de Deus, da sua amplitude hospitaleira, exprime verdadeiramente a sua própria catolicidade. São muitas as resistências à superação da imagem de uma Igreja rigidamente distinta entre dirigentes e subordinados, entre quem ensina e quem deve aprender, esquecendo que Deus gosta de inverter posições”, acrescentou.