O administrador Filipe Oliveira tem dúvidas sobre o futuro das suas três lojas de material esportivo em Belo Horizonte e em Contagem, na região metropolitana. Com o avanço da pandemia do novo coronavírus e com o fechamento dos comércios não essenciais, o faturamento da empresa caiu quase 80%.
Filipe conta que tem insistido com a loja online e divulgação nas redes sociais. “Estamos divulgando no Instagram e também pelo Whatsapp. Mas o futuro é incerto. Tenho duas lojas em shoppings e não temos nenhuma previsão de volta”, relata.
Ele afirma que já procurou os bancos em busca de um empréstimo para garantir a sobrevivência da empresa. Segundo o lojista, um dos bancos já negou o crédito.
Uma pesquisa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), revelou que seis em cada dez donos de pequenos negócios que já buscaram crédito nos bancos, desde o início da crise provocada pelo novo coronavírus, tiveram o pedido negado.
De acordo com o levantamento, além da dificuldade de acesso a crédito, as pequenas empresas também enfrentam queda no faturamento. Cerca de 88% dos empresários consultados viram seu faturamento cair, 75% em média. A situação financeira das empresas já não era considerada boa mesmo antes da chegada da pandemia: 73% disseram que era razoável ou ruim.
Governo anuncia linha de crédito
No final do mês de março, o governo anunciou uma linha de crédito emergencial para ajudar pequenas e médias empresas a quitar a folha de pagamentos. O setor está entre os mais afetados pela crise. A estimativa é de liberação de R$ 40 bilhões, para 1,4 milhão de empresas, que devem assumir o compromisso de que não vão demitir o funcionário nesse período.
Do total, R$ 34 bilhões são recursos do Tesouro Nacional e R$ 6 bilhões de instituições privadas. Em contrapartida, os bancos que aderirem à linha de crédito recolherão 5% menos dos depósitos compulsórios ao Banco Central (BC) até o fim do programa. A dedução deixará os bancos com mais R$ 6 bilhões em caixa.
Prorrogação de dívidas
No mês passado, os cinco maiores bancos do país também anunciaram a prorrogação por até 60 dias dos vencimentos de dívidas para clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas. Entretanto, empresas e pessoas físicas têm enfrentado dificuldades para ter acesso a essa pausa e ainda reclamam de juros mais caros em novas operações de crédito. Para o BC, isso acontece pela maior demanda das empresas por determinadas linhas de crédito e também pelo maior risco de inadimplência.
O mestre-cervejeiro Guilherme Girão é proprietário de uma cervejaria em Nova Lima, na região metropolitana e contou ao BHAZ que também tem enfrentado dificuldades para conseguir crédito e a prorrogação nos vencimentos dos boletos. “Os bancos não liberaram o dinheiro e ainda colocam inúmeros obstáculos durante a negociação. Não estamos faturando, pois os bares em Belo Horizonte estão fechados. Como vamos manter nossos funcionários e as contas em dia, sem auxílio do governo federal e dos bancos?”, questiona.
O presidente da (Febraban) Federação Brasileira de Bancos, Isaac Sidney, afirmou durante uma live com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que as instituições financeiras estão comprometidas em conceder empréstimos e renegociar dívidas em função da crise do coronavírus. Segundo ele, os bancos já renegociaram entre R$ 130 bilhões e R$ 150 bilhões de empréstimos.
Com Agência Brasil