[Coluna do Orion] Pimentel antecipa campanha e exonera sete secretários de uma só vez

Pimentel suportou as pressões e não incluiu o nome de Miguel Correa, da Ciência e Tecnologia

Ao exonerar sete secretários e dois vices de estatais, sob o argumento de que eles seriam candidatos a deputado neste ano, o governador Fernando Pimentel (PT) decidiu antecipar a própria campanha pela reeleição. A ideia é dar-lhe liberdade de ação aos exonerados que, com conhecimento consolidado do governo, vão poder defender por aí o governo Fernando Pimentel na Câmara dos Deputados, na Assembleia Legislativa e pelo interior mineiro.

Em vez de reforçar o governo, está reforçando os aliados em campanha em seu favor. Saem exonerados nesta quinta (1º), no diário oficial Minas Gerais, Sávio Souza cruz, da Saúde; Ricardo Faria, do Turismo; Professor Neivaldo, do Desenvolvimento Agrário; Macaé Evaristo, da Educação; Nilmário Miranda, dos Direitos Humanos; Wadson Ribeiro, do Desenvolvimento Integrado e dos Fóruns Regionais e Arnaldo Gontijo, do Esporte. Miguel Correia, da Ciência e Tecnologia, deverá ficar até o final de março, quando, então, avaliará se irá disputar ou não a reeleição para deputado federal.

Das estatais, o vice-presidente da Codemig (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais), Gustavo Pires, e Juninho da Geloso, vice da Copasa. Uns são deputados, outros querem tentar a vaga. Não haverá uma reforma administrativa; a tendência é os adjuntos, que têm perfil mais técnico, comandarem as secretarias, porque o ano não é administrativo e, sim, eleitoral.

Desafio dos Legislativos em 2018

Os grandes problemas devem continuar desafiando os políticos em Brasília, em Minas e em Belo Horizonte, mas, como o ano é eleitoral, a prioridade deles será tentar se reeleger em um cenário de muita rejeição no eleitorado. Nesse sentido, o grande desafio, seja em Brasília ou em Belo Horizonte, é garantir o quorum para sessões que deveriam votar os assuntos que realmente são importantes. Hoje, Câmara de BH e Assembleia Legislativa reabrem os trabalhos legislativos; o Congresso Nacional só na terça (6) que vem, a quatro dias do Carnaval.

Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, por exemplo, 20 dos 41 vereadores deverão ser candidatos. A maioria dos 77 deputados estaduais e dos 513 federais é candidata à reeleição. É sabido que, nesse caso, os votos não estão no plenário.

Enquanto isso, temas como plano diretor de BH, ‘caixa preta’ dos ônibus, entre outros, vão ficar aguardando.

Governador vai receber os prefeitos?

Diante dos reclamos e apelos dos prefeitos, o diálogo seria o mais sensato e produtivo, além de recomendável. Pimentel deveria investir no diálogo porque, como ele, os prefeitos também são gestores e têm que levar o serviço público de qualidade ao cidadão. Hoje, a dívida do Estado com os municípios está na casa dos quase R$ 4 bilhões.

Por isso, os prefeitos estão pedindo socorro; não ouvi-los é tão grave quanto não repassar os recursos que vem dos impostos e que, ao final, são dos municípios. Além disso, por ser ano eleitoral, o governador vai precisar da parceria com eles neste ano para poder voltar ao governo em 2019.

Duas missões para Mares Guia

O pré-candidato a governador pela Rede, João Batista Mares Guia, como o irmão, Walfrido Mares Guia, tem vida própria: é um especialista em educação, já foi deputado e conhece muito bem a administração pública, onde já foi secretário de Educação estadual e conselheiro de municípios nessa área. A princípio, ele terá duas prioridades na campanha eleitoral: criar o palanque presidencial para Marina Silva, pré-candidata a presidente pelo partido, e qualificar o debate na sucessão estadual.

Condenação não afeta liderança de Lula

Parece que a condenação de Lula (PT), ainda pendente de recurso, não alterou o cenário na opinião pública, que o manteve na liderança das pesquisas, com 34 a 37%. Sem ele, ganham Jair Bolsonaro (PSC), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), além dos votos brancos e nulos. Os resultados são da pesquisa Datafolha, realizada nos dias 29 e 30 de janeiro em 174 cidades com 2.826 pessoas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

O quadro fica embolado para o segundo turno e torna imprecisa a pesquisa, quando há uma pendência jurídica, porque Lula poderá ser candidato mesmo preso. Aí a decisão será da justiça eleitoral, lá para setembro, a um mês da votação do dia 7 de outubro. Até lá, caso seja impedido, Lula poderá aperfeiçoar a capacidade de transferir votos para outro candidato do PT, que, no momento, seria o ex-governador baiano, Jaques Wagner, que deverá ser o vice na chapa dele.

O Datafolha testou o nome do ex-governador baiano Jaques Wagner como substituto de Lula, mas ele aparece com apenas 2% de intenções de voto na pesquisa.

Sem Lula, Bolsonaro seria líder da disputa, pontuando de 16% a 20%, variando conforme os cenários. Entre os candidatos tradicionais, e já com partido definido, o segundo lugar ficaria entre Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin (PSDB).

O nome do empresário e apresentador da TV Globo Luciano Huck também é uma incógnita, porque não está descartado definitivamente. Além disso, sem Lula, o percentual de eleitores que diz não saber em quem votar ou que votaria em branco ou nulo sobe de 16% para 28%.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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