Pousadas e famílias são investigadas por ‘rachadinha’ com repasses da Vale em Macacos

operação polícia civil
Operação foi realizada nessa sexta (Reprodução/PCMG Oficial/YouTube)

Uma operação da Polícia Civil, nessa sexta-feira (23), investigou o crime de rachadinha supostamente praticado entre proprietários de pousadas em Macacos, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e famílias desalojadas em razão do risco de rompimento de barragem. O valor de R$ 20 mil pago mensalmente para cada família estaria sendo dividido entre eles.

As investigações começaram após denúncia apresentada pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) sobre possíveis desvios de finalidades dos acordos firmados pela mineradora Vale com os moradores cadastrados. “Eles dividiram o valor mensal recebido, que é em torno de R$ 20 mil por família, e simulariam a hospedagem”, disse o delegado Rodrigo Otávio Rodrigues.

O valor repassado pela mineradora tem o objetivo de arcar com hospedagem e alimentação dos moradores e é repassado diretamente para as pousadas. A denúncia aponta que o beneficiário estaria buscando outra moradia de menor custo, ou até com parentes, enquanto a pousada receberia a parte sem prestar o serviço contratado.

Durante a Operação Hospedagem de Risco foram realizadas buscas em 13 pousadas de Macacos. Ao todo, 250 pessoas são investigadas, incluindo aquelas ligadas aos estabelecimentos do setor de hotelaria alvos da operação e beneficiários.

Pousadas vazias

O titular da 3ª Delegacia de Polícia Civil em Nova Lima contou que três pousadas foram encontradas praticamente vazias, sendo que na lista de ocupação constava a presença de 15 a 20 hóspedes.

“Em uma das pousadas, só estavam presentes duas pessoas, que se disseram hóspedes. Nós verificamos todos os quartos, e na totalidade, vazios. Em dois quartos, duas ou três peças de roupas de pessoas que, segundo o gerente do estabelecimento, comparecem eventualmente lá aos sábados ou domingos”, detalhou.

O delegado relatou também que, em outro imóvel, a equipe de policiais não encontrou nenhum hóspede, onde estariam cadastrados 16 ocupantes. “Além disso, o proprietário já adquiriu três casas em uma propriedade acima da pousada, fora do terreno da pousada e fora da condição do estabelecimento comercial, e aluga essas casas para as famílias que estão cadastradas como hóspedes e beneficiários da Vale”, informou, além de dizer que, num terceiro alvo, os policiais trouxeram relatos de locais com carros de elevado valor.

Investigação prossegue

As investigações prosseguem, segundo o delegado, com a análise do material apreendido, interrogatório de pessoas já intimadas durante a operação policial e representação ao Judiciário de quebras de sigilos, como de movimentação bancária, dos proprietários e demais envolvidos na gestão/sociedade das 13 pousadas investigadas.

“Ainda vamos apurar especificamente qual foi a participação de cada um nesse recebimento, mas, com as diligências, já conseguimos bastante elemento que configura a fraude dessa modalidade, de ‘rachadinha’, entre o dono do estabelecimento e o hóspede cadastrado”, antecipou.

Atualmente, segundo dados da Vale, 216 pessoas estão cadastradas para o recebimento do benefício, totalizando, por mês, cerca de R$ 24,2 milhões repassados. No período de mais de dois anos, o montante acumulado alcança em torno de R$ 500 mil. As hospedagens são no distrito, 13 pousadas, e em seis hotéis da capital.

Com PCMG

Edição: Giovanna Fávero
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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