PBH vai usar CPF para rastrear se há torcedores infectados por Covid-19 após jogos no Mineirão

Jackson Machado
Jackson é do Comitê de Enfretamento à Covid da PBH (Moisés Teodoro/BHAZ)

O secretário municipal de Saúde Jackson Machado disse, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (23), que a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) pretende comparar o CPF de quem foi a um dos jogos no Mineirão e se contaminou ou precisou de internação pela Covid-19. A prefeitura ainda pretende auditar os testes de coronavírus entregues nas partidas, inclusive a testagem de tipo errado promovida pela Máfia Azul na última sexta-feira (20). Já o prefeito Alexandre Kalil (PSD) assumiu a culpa pelas aglomerações nas partidas.

“Nós temos um cadastro de todas as pessoas em todos os eventos. Nós conseguimos nas próximas duas e três semanas comparar o CPF de quem está internado pela doença ou quem testou positivo com o CPF de quem estava no estádio, então temos como saber qual vai ser o impacto dos dois eventos no perfil epidemiológico”, disse o secretário e médico.

A análise vai ser utilizada para definir se os estádios poderão voltar a receber público, ou não, na capital mineira. “É óbvio que se não houve impacto, nós podemos liberar de novo, com mais ou menos público, a depender do perfil epidemiológico”, explicou. “Da mesma forma, nós vamos estudar e auditar todos os testes que foram entregues à Minas Arena. Nós vamos conseguir auditar esses testes, saber se foram fidedignos e responsabilizar aqueles que porventura não tenham cumprido o protocolo”, finalizou.

A volta dos estádios ainda é incerta, de acordo com o prefeito. “Estamos estudando. Olhar quem estava testado, não estava, olhar o teste falso do Cruzeiro, tem tudo isso. Vamos deixar isso para os próximos 15 dias e vamos estudar isso”, disse Kalil. “Eu não quero deixar expectativa nenhuma, isso agora não depende só de mim”, complementou.

‘Nós que somos os culpados’

Kalil atribuiu a culpa das aglomerações nos estádios à prefeitura. “A prefeitura é culpada. Única culpada. Porque foi ela que foi ao comitê, foi o prefeito Kalil que foi pedir o [evento] teste”, disse. “O prefeito que achou que ia dar certo e errou, só que aqui vamos ter compromisso com erro, e nós tivemos duas experiências”, complementou.

O prefeito revelou que a iniciativa da volta de público nos estádios veio única e exclusivamente dele. “Foi uma iniciativa do Alexandre Kalil que pediu ao Comitê de Enfretamento [à Covid-19] para dar uma oportunidade para gente saber se dava para voltar o futebol”, disse. “Nenhum dirigindo de nenhum clube de BH esteve via oficial, via pessoalmente, via telefone, pedindo ou pensando na torcida de futebol”, reforçou.

De acordo com o mandatário, a iniciativa veio para que os torcedores aproveitassem a “fase espetacular” do Atlético e a “recuperação” do Cruzeiro e América. “Eu fico ‘absurdado’ como de repente parece que eu, nós estamos fechando unilateralmente o futebol. As torcidas e a população têm que saber que nós abrimos o futebol unilateralmente. Depois de que nos decidimos que o futebol merecia uma chance, nós chamamos os clubes para colocar os protocolos que infelizmente deu no que deu”, esclareceu.

‘Escândalo nacional’

“Todo mundo assistiu, o Brasil todo assistiu, foi colocado como um verdadeiro escândalo nacional”, disse Kalil. “Nós vimos foi notícia nacional com repercussão extremamente negativa pra prefeitura, Atlético, Cruzeiro, Minas Gerais”, reforçou.

Além das aglomerações no jogo do Atlético, o prefeito disse que a fiscalização reforçada no jogo do Cruzeiro não impediu o desrespeito aos protocolos. “Refizemos o protocolo, no modelo Copa do Mundo, e fizemos na sexta-feira um jogo do Cruzeiro, com ingresso, todos aqueles protocolos mais rígidos, com muita fiscalização, e fracassou novamente”, apontou.

“Foi dada a oportunidade, foi mudado o protocolo, foi colocado o dobro da fiscalização para 4 mil pessoas e não deu”, disse. “O América não jogou porque não quis”, explicou o mandatário.

“Gostaria de esclarecer também que isso não é atitude ‘hade eterno'”, disse. “A gente sabe o que é o calor humano dentro do estádio de futebol, eu principalmente”, completou. “Vou continuar nesse esforço para voltar o público no Mineirão”, prometeu o prefeito.

Entenda

Após mais de um ano acompanhando as partidas de casa, os torcedores puderam voltar a frequentar os estádios em BH. A retomada foi anunciada pelo secretário municipal de Saúde Jackson Machado, em 27 de julho, e o decreto publicado no dia 29 do mesmo mês. A volta estava planejada para agosto e o primeiro evento-teste foi o jogo do Atlético contra o River Plate, na Libertadores. A partida foi marcada por aglomerações dentro e fora do Mineirão.

De acordo com levantamento coletado pelo BHAZ com a PBH, apesar do desrespeito às normas, apenas três multas foram aplicadas pela prefeitura. Em entrevista à TV Globo, o prefeito reprovou as aglomerações e disse que poderia proibir o público em estádios novamente. No dia seguinte, o Cruzeiro jogou contra o Confiança em partida pela Série B do Campeonato Brasileiro. Dessa vez, a PBH decidiu definir um horário limite de entrada dos torcedores no Mineirão, além de interditar as ruas de acesso ao estádio.

Com fiscalização reforçada, a movimentação de torcedores foi mais tranquila no estádio, mas ainda houve desrespeito dos protocolos de segurança. Nesse domingo (22), A PBH proibiu a presença de público nos estádios de futebol da cidade.

Edição: Vitor Fernandes

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