Funcionários denunciam casos de Covid-19 em colégios particulares de BH; aulas estão suspensas

escola bh
Aulas foram suspensas após casos de Covid-19 (FOTO ILUSTRATIVA: Amanda Dias/BHAZ)

Atualização às 13:17 do dia 01/09/2021 : Matéria atualizada com posicionamentos do Colégio Santa Marcelina

Ao menos quatro colégios particulares em Belo Horizonte são alvos de denúncias de descumprimento das normas sanitárias que evitam a contaminação pelo vírus da Covid-19. Ao BHAZ, a presidenta do Sinpro-MG (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais), Valéria Morato, diz que as aulas em ao menos um dos colégios foram interrompidas depois da pressão do Sindicato.

Entre as escolas apontadas, estão o o Colégio Santa Dorotéia e a unidade do bairro Pardre Eustáquio do Colégio Marista – onde funcionava o Colégio Padre Eustáquio. Ambos suspenderam as atividades após a confirmação dos casos. “Temos um canal onde chegam de cinco a oito denúncias por dia, muitas são até sobre a mesma instituição.”, explica Valéria. Ela afirma que o Sinpro tem feito visitas técnicas para investigar os casos. “A partir disso a gente pede uma visita na escola, mas algumas escolas não acatam”, pontua.

As escolas investigadas são Santa Dorotéia, Santa Maria, Colégio Marista e Santa Marcelina. “Temos um canal onde chegam de cinco a oito denúncias por dia, muitas são até sobre a mesma instituição.”, explica. Valéria afirma que o Sinpro tem feito visitas técnicas para investigar os casos. “A partir disso a gente pede uma visita na escola, mas algumas escolas não acatam”, afirma.

De acordo com a presidenta, a maioria das denúncias recebidas são sobre falta de estrutura das próprias escolas quanto aos cuidados para proteção da saúde de professores e alunos. “Tem escola que não está oferecendo equipamento de proteção individual, como máscaras, álcool em gel, face shield e jaleco, e em casos mais graves, há escolas não estão respeitando o distanciamento”, conta.

Uma das denúncias mostram que alunos foram colocados em sala lotada (Arquivo Pessoal)

Aulas suspensas

No Colégio Santa Dorotéia, pais e alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, e 1º, 2º e 3º do Ensino Médio foram notificados pela escola na quarta-feira (25) sobre a suspensão das aulas por conta de contaminação do vírus em um dos educadores.

No texto, o colégio diz que “o educador já foi encaminhado para a realização do exame PCR. Os demais educadores precisam permanecer afastados das atividades presenciais, até a obtenção do resultado”. Na escola em questão, as aulas foram suspensas já na quinta-feira (26).

Já o Marista Padre Eustáquio também suspendeu as atividades nas turmas que registraram casos e confirmaram a infecção em comunicado aos pais, conforme apurado pelo BHAZ. O colégio Santa Marcelina entrou em contato com a reportagem do BHAZ nesta terça-feira (30) para se posicionar sobre o assunto (leia abaixo).

Procurada pelo BHAZ, a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) informou que no Colégio Santa Dorotéia houve uma suspeita, mas o surto foi descartado. Já nos colégios Marista, Santa Marcelina e Santa Maria, a Secretaria Municipal de Saúde não foi notificada. Já a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou que não foi notificada sobre nenhum caso (leia abaixo).

Comunicado do colégio Santa Dorotéia (Arquivo Pessoal)

Denúncias apontam falta de higienização

Em uma das denúncias, um professor afirma que falta até mesmo higienização nas mesas dos alunos. “Salas de aula não são arejadas, janelas de basculante e sem ventiladores para favorecer a circulação de ar. Anteriormente a escola não estava cumprindo o protocolo de 2 metros de distância entre as crianças, pois não tinha espaço suficiente para isso. Agora, com os novos protocolos, não será possível que as crianças estejam com 1 metro de distância na turma. Salas de aula com 35 alunos”, diz na denúncia.

“Escola em reforma, com pedreiros andando pelas dependências em alguns momentos até sem máscara. Não recebemos nenhum equipamento de proteção, as testagens de Covid-19 devem ser feita pelos professores. Nas salas de aula foram colocados apenas álcool em gel, não tem álcool líquido e papéis para higienização das mesas. As salas não foram equipadas com transmissão ao vivo, somos obrigados a dar aulas de forma dobrada presencial e remoto. Estamos arrasados de tanto trabalhar, uma imensa falta de respeito conosco”, finaliza o denunciante.

Valéria também defende que a vacinação efetiva para alunos e professores, com as duas doses, deveria ter sido levada em consideração para que o retorno presencial pudesse, de fato, ser possível. Em Belo Horizonte, jovens e adolescentes com menos de 18 anos ainda não foram vacinados nem com a primeira dose. Pelo calendário municipal, o grupo deve ser vacinado a partir do dia 4 de setembro.

“Na nossa avaliação, por entender que são escolas privadas e obrigatoriamente deveriam levar em conta o alvará de funcionamento, as duas doses de imunização dos profissionais da educação deveria ser o requisito para a volta às aulas presenciais. E também deveriam ter esperado a vacinação entre adolescente e jovens, na nossa opinião”, explica.

A reportagem do BHAZ procurou os colégios Santa Marcelina e Santa Dorotéia para saber, além da suspensão das aulas, se os protocolos sanitários estão sendo cumpridos, mas não houve resposta até o final desta edição. Tão logo as unidades se posicionem, esta matéria será atualizada.

O SinepMG (Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais) entrou em contato com a reportagem na tarde desta segunda-feira (30) e informou que “quanto às acusações do Sindicato dos Professores da Rede Privada, o SinepMG afirma que não reconhece autoridade do órgão em tratar das questões referentes à pandemia e à educação neste período (leia abaixo).

Nota da PBH na íntegra

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que houve paralisação das aulas no Colégio Santo Agostinho, em maio, e no Colégio Loyola, em junho. Na rede pública de ensino, até o momento, não houve nenhum surto.

Mas, por precaução, houve suspensão das atividades na Escola Municipal Magalhães Drumond devido a sete casos suspeitos, em que seis testaram negativo, não caracterizando surto. No Colégio Santa Dorotéia houve uma suspeita, mas o surto foi descartado. A Secretaria Municipal de Saúde informa que não foi notificada por nenhuma das instituições citadas.

É importante esclarecer que a orientação da Secretaria Municipal de Saúde é que as aulas só devem ser suspensas se houver surtos, caso contrário são mantidas as medidas de prevenção ao contágio.

A orientação para casos suspeitos de Covid-19 é o afastamento e encaminhamento da pessoa para a unidade de saúde, além do isolamento e busca de contactantes. A Secretaria Municipal de Saúde elaborou um protocolo com normas de funcionamento e Nota Técnica específica sobre as medidas relacionadas ao monitoramento dos funcionários e alunos que estiverem em atividades presenciais.

As secretarias municipais de Saúde e de Educação monitoram rigorosamente a situação das unidades e os profissionais que apresentam sintomas compatíveis com a Covid-19, estão sendo encaminhados para testagem e afastados por 10 dias. Já os que tiveram contato com pessoas suspeitas e ainda não apresentam sintomas, é orientado o afastamento por 14 dias.

Nota da Secretaria de Estado de Saúde

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que até o momento não foi notificada sobres os casos citados.

O processo de retomada das aulas presenciais em Minas Gerais é feito de forma planejada, segura e gradual, respeitando os protocolos sanitários e os indicadores do plano Minas Consciente, que monitora os índices epidemiológicos no estado.

Nota do Colégio Santa Maria na íntegra

O Colégio Santa Maria Minas esclarece que o cumprimento das normas sanitárias e epidemiológicas, o monitoramento intensivo e permanente de cada uma das suas Unidades e uma pontual suspensão temporária de aulas, quando assim de faz necessário, seguem as determinações sanitárias estabelecidas pelos municípios onde estão instaladas – Belo Horizonte, Betim, Nova Lima e Sete Lagoas – e são premissas para o controle da pandemia. A Unidade instalada em Contagem ainda não foi autorizada a retornar para o regime presencial.

Cabe considerar que o monitoramento constante do público presente nos estabelecimentos de ensino é internacionalmente reconhecido e em consonância com as diretrizes da saúde publica no Brasil.

Nota do Colégio Marista na íntegra

O Colégio Marista Padre Eustáquio informa que suspendeu na quinta-feira (26) as aulas presenciais do 7° ano do Ensino Fundamental, assim que foi comunicado sobre a contaminação de um aluno por Covid 19. O ensino seguiu de modo online para a turma.

As aulas presenciais retornam nesta terça-feira (31), após o período de 72h previsto no protocolo de segurança interno. O Colégio segue atento ao estado de saúde dos alunos da turma e, se surgir novo caso, a suspensão poderá ser prorrogada. Nesta segunda (30), o Colégio está em recesso escolar pelo Dia de Padre Eustáquio.

A Instituição ressalta que desde o início da pandemia tem cumprido rigorosamente as medidas preventivas e previstas no protocolo de segurança sobre casos suspeitos e de contaminação por Covid 19 a fim de garantir a segurança de toda a comunidade educativa.

Nota do SinepMG na íntegra

Desde o ano passado, no início da pandemia, o SinepMG têm orientado as escolas a cumprirem todos os protocolos sanitários que tinham sido utilizado por outros países que já haviam voltado com as aulas presenciais. Em julho, bem antes do retorno das atividades presenciais, o SinepMG já havia enviado um documento de orientação (em parceria com a Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infeccções) para as instituições se prepararem para o retorno.

O principal compromisso das escolas é com a segurança e com a vida dos estudantes e de toda a comunidade escolar. O SinepMG, em sintonia com as decisões tomadas em diversas cidades brasileiras e países, acredita que a escola é um serviço essencial. A educação ficou extremamente prejudicada na pandemia, foi um dos segmentos que ficou mais tempo sem atividades presenciais, o que trouxe prejuízos incalculáveis para milhares de crianças e adolescentes.

A decisão pelo funcionamento presencial em todos os segmentos caminha junto com o desejo da maioria dos professores, funcionários, famílias e estudantes. As escolas estão atentas quanto às normas de distanciamento e higienização, além da luta pela vacinação de todos os profissionais da educação.

Estamos acompanhando e orientando todas as escolas, com respeito à sua autonomia. O SinepMG não é um órgão fiscalizador, mas de orientação. A necessidade de suspender as atividades presenciais em casos suspeitos ou positivados pelo coronavírus pode acontecer, uma vez que ainda estamos em uma pandemia e a escola não está livre do vírus. Essas questões devem ser analisadas e informadas aos órgãos competentes, de controle da pandemia. Não cabem aos Sindicatos fazerem vistorias, já que não possuem competência para tal. Da mesma forma, em se tratando de uma questão de saúde pública que impacta toda a sociedade, não é justo que se façam denúncias anônimas, mas que todos os setores da sociedade trabalhem juntos para se adaptar a este momento tão delicado.

Quanto às acusações do Sindicato dos Professores da Rede Privada, o SinepMG afirma que não reconhece autoridade do órgão em tratar das questões referentes à pandemia e à educação neste período. Desde o início, em março de 2020, o Sindicato dos Professores não expressou preocupação com o fechamento das escolas particulares, nem mesmo com a demissão em massa que afetou tantos profissionais. Em nenhum momento, o Sindicato dos Professores investiu em formação para os docentes se adaptarem ao ensino remoto.

Nossos cursos realizados gratuitamente para os professores chegaram a 14 mil inscrições em 2020. Sabemos que este não é o interesse do Sindicato dos Professores, que estão mais alinhados com a agenda eleitoral do que com um apoio real à educação. Juntos, professores, escolas, famílias e estudantes cuidarão do retorno das atividades com segurança, cumprindo todas as normas. Trata-se do mesmo compromisso e cuidado que as escolas sempre tiveram com os todas as famílias e profissionais da educação.

Nota do Colégio Santa Marcelina

O Colégio Santa Marcelina informa que o retorno às aulas ocorreu conforme as determinações da Prefeitura de Belo Horizonte e dos órgãos de saúde, de forma planejada, segura e gradual. Um caso ou outro de suspensão de bolha ocorreu e, caso seja necessário, se repetirá.

Cabe ressaltar que o Colégio está em constante reflexão e analisa rotineiramente seus protocolos, a fim de promover um ambiente seguro para a comunidade educativa.”

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!