Projeto de estudantes da UFMG mapeia violência contra a mulher em BH

Violência contra a mulher
Dados serão complementados por relatos feitos anonimamente por vítimas em formulário do site (FOTO ILUSTRATIVA: Marcos Santos/USP)

Um projeto idealizado por estudantes de um projeto de extensão da UFMG busca fazer um mapeamento da violência contra a mulher em Belo Horizonte. Por meio de dados de boletins de ocorrência registrados na polícia, o site Por Todas BH, lançado nessa quinta-feira (10), já começou a gerar gráficos e mapas que mostram os casos registrados na capital mineira. Agora, esses dados passarão a ser complementados por relatos feitos anonimamente por vítimas em um formulário no próprio portal, neste link.

De acordo com Luiza Martins, coordenadora do Projeto de Extensão em Crimes Contra a Mulher (CRIM/UFMG) e da campanha Por Todas BH, o objetivo do projeto é divulgar efetivamente os dados a respeito dos diferentes tipos de violência sofridos pelas mulheres na cidade, para basear estudos, pesquisas e formulações de soluções efetivas para combater o problema.

“Os casos mapeados com base nos boletins de ocorrência vão desde 2018 até fevereiro de 2021, e queremos ir atualizando periodicamente. Temos dados de todo o estado, mas as informações dos casos de Belo Horizonte são mais detalhadas. Espero que, com o tempo, outras cidades também vão fortalecendo esse detalhamento”, explica a estudante.

Denúncia anônima

Além dos casos registrados oficialmente em delegacias policiais, o projeto também pretende combater a subnotificação das ocorrências de violência contra a mulher em BH e em Minas Gerais. Por isso, o site conta com um formulário que pode servir como espaço para que vítimas contem suas histórias, tendo oficializado suas denúncias às autoridades ou não.

Ainda segundo a coordenadora da campanha, a seção “conte seu caso” foi feita com base no formulário de avaliação de risco de violência doméstica do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A página conta com perguntas referentes a fatores como idade, etnia, religião, relação com o agressor, entre outras. “Caso a ocorrência seja doméstico-familiar, perguntamos sobre a dinâmica da relação, se existe medida protetiva, se o agressor tem arma, etc”, detalha Luiza Martins.

O formulário não pede o nome ou outros dados pessoais da vítima, além de contar com informações sobre canais de atendimento oficiais, para que as denúncias que não tenham sido formalizadas sejam oficializadas junto à polícia caso a mulher se sinta confortável.

Ainda de acordo com a coordenadora do projeto, a conta do Instagram do CRIM/UFMG também contará, futuramente, com análises dos dados obtidos pela campanha feitas por especialistas. “Queremos tornar esses dados transparentes, públicos, trazer visibilidade para o problema. Porque, muitas vezes, só quem sofre consegue ver a gravidade da situação”, finaliza.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:

Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190

Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221

Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171

Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380

Ponto de Acolhimento e Orientação à Mulher em Situação de Violência: avenida dos Andradas, 3.100, no Núcleo de Cidadania da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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