Projeto leva atendimento psicológico gratuito a comunidades de BH

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Projeto Humana.mente leva assistência psicológica a quem mais precisa (Reprodução/Humana.mente/Instagram)

A pandemia da Covid-19 escancarou ainda mais as desigualdades sociais existente em nossa sociedade. Para tentar diminuir essas barreiras, a psicóloga Ana Maria Oliveira fundou o projeto “Humana.mente”, que tem o objetivo de cuidar da saúde mental de mulheres, crianças e adolescentes dentro das comunidades de Belo Horizonte. Sem nenhum apoio, a profissional conta com doações e iniciou uma vaquinha online.

Ao BHAZ, Ana conta que, entre idas e vindas, mora há 38 anos no Aglomerado Mãe dos Pobres, em Venda Nova, região Norte de BH. A graduação em psicologia foi uma batalha após ser mãe solo de uma criança e estudar bastante. “Comecei a olhar para minha história. Eu já fui a criança que ficava sozinha quando a mãe ia trabalhar fora, que não teve tanta assistência. Depois virei mãe solteira, passei por todo o preconceito que minha mãe passou. Me casei, tive mais um filho, voltei para a faculdade e consegui me formar”.

Desde a graduação, Ana sempre quis fazer algo pela comunidade. “Conversei com alguns amigos da minha época de graduação, e a gente se juntou. Não queria algo generalista, por isso foquei em um público específico. Geralmente mães solo, crianças e adolescentes”.

Acolhimento

“O projeto nasceu, no início do ano passado, com esse propósito de acolhimento. A gente conhece a realidade da favela, sabe que os adolescentes veem a mãe sofrendo violência, muitos não têm o pai. A gente sabe o cenário. Queremos acolher esses adolescentes, para que não procurem por um pai nos braços do tráficos, pois sabemos que é isso o que acontece”, explica.

A ideia do projeto surgiu de uma situação que Ana viveu no ano passado. “No início da pandemia, aconteceu algo que me marcou. Uma mãe solo, de quatro crianças. pediu ao meu filho que ele viesse me pedir um pão dormido, para que eles pudesse se alimentar. Providenciei que meu filho fosse comprar os itens para o café. outros alimentos e mobilizei algumas pessoas para uma ajuda imediata”, lembra.

A partir desse dia, houve uma inquietação em Ana por saber que outras mães solteiras pudessem estar passando por situações semelhantes. “Aquilo me incomodou muito, e pensei numa forma que eu pudesse estar sempre ajudando, daí veio o projeto. Acho que isso é o mínimo que posso fazer como cidadã. Falar da favela exige ouvir a favela. Acho que como profissional saúde mental posso fazer a diferença no meu meio”.

Humana.mente

O propósito é levar a saúde mental onde há necessidade. “Iniciamos esse trabalho na comunidade onde vivo. Mas também já estendemos para a comunidade Dandara, Favelas do Índio, Cafezal, Sumaré. comunidade Lajedo, Morro do Papagaio e outras. Onde chega a demanda, a gente se programa, seja com plantão psicológico, roda de conversa ou o que mais precisar. Também temos o atendimento online por meio da Faminas”, continua.

O projeto completou um ano em abril, com muitas dificuldades. “Não temos parceiros nenhum. a gente tem amigos que esporadicamente fazem doações. Eu sei que uma hora vai dar, porque não vou desistir. A psicologia precisa sair dessa função elitizada que hoje ela exerce. A gente entra nas comunidades e as pessoas não sabem o que é uma psicoterapia, não sabem às vezes nem o que é um psicólogo. As pessoas precisam entender da importância da saúde mental, principalmente nesse contexto pandêmico que estamos vivendo”, relata.

Quem quiser ajudar o projeto ou saber mais, pode acessar o perfil do “Humana.mente” no Instagram, ou entrar em contato com a Ana pelo (31) 98595-6044 ou com a Izabel Motta, que também é psicóloga e coordenadora do projeto, pelo (31) 3226-7490 (também é WhatsApp). As doações podem ser feitas pela vaquinha online.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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